Era suposto que a ONU tivesse como resultado um novo relacionamento entre os Estados –membros, à semelhança daquilo que é, normalmente, aconselhável entre as pessoas civilizadas, com igualdade de direitos e deveres, respeito mútuo, apesar de diferenças de geografia, recursos naturais, demografia, história e tradições, solidariedade dos mais ricos para os mais carentes em recursos, etc.
Daí adviria capacidade de dialogar para encontrar soluções de bom entendimento para eventuais conflitos de interesses. E, quando esse entendimento se apresentasse difícil, então, haveria o recurso a mediadores internacionais ou, em último caso, a tribunais, sem ser necessário recorrer a conflitos sangrentos e destruidores.
Porém, a ONU não tem conseguido evitar a ocorrência de conflitos armados, dos quais resulta, em primeira fase, a violência extrema contra pessoas e património e, só depois, de destruições irremediáveis, totalmente inaceitáveis, à luz da moral e do bem pública da humanidade, é que surge a negociação para um acorde de paz.
A lógica mais elementar leva-nos a perguntar: se a negociação acabou opor ser a solução definitiva, qual a razão de não ter havido o recurso a ela, com ajuda de mediadores, logo de início, antes do primeiro acto agressivo. Nisso encontramos a ambição e o orgulho humano (no pior sentido) dos governantes, conscientemente explorado por interesses de grandes empresas ou grupos de empresas multinacionais, muito poderosos financeiramente, que constituem «lobbies» influentes perante os quais o «bom denso» dos políticos raramente resiste.
Essas pressões usam as técnicas mais modernas aconselhadas pelo marketing e pela guerra psicológica ou lavagem do cérebro.
A maior parte dessa pressão geradora de conflitos armados vem do «complexo industrial militar» para o qual o General Dwight Eisenhower alertou:
«Nas esferas da governação, devemos proteger-nos contra a aquisição de uma influência indesejada, procurada ou não, por parte do complexo militar-industrial. Existe, e permanecerá, o potencial para um surto desastroso de poder mal concentrado. Não devemos nunca permitir que o peso desta conjugação ameace as nossas liberdades ou o processo democrático. Não devemos partir do pressuposto de que tudo esteja garantido.»
Realmente a Indústria Militar foi de utilidade inquestionável para a vitória da II Guerra Mundial, mas depois disso não se poderia esperar que encerrasse as suas actividades que prometiam ser muito lucrativas. Para continuar o negócio, não parou de pressionar os governos para a guerra e, entretanto, para a permanente compra de novos armamentos e equipamentos para manter as Forças Armadas sempre actualizadas usando das mais modernas tecnologias.
O exemplo recente da guerra contra o Iraque mostra-nos que ela foi sistemática e persistentemente preparada com «informação» - que veio a ser considerada falsa - sobre a existência de armas de destruição massiva que iriam ser utilizadas contra países vizinhos e ocidentais e contra a economia mundial dependente do petróleo.
Quem lucrou com as baixas sofridas no Iraque por habitantes e militares, com a destruição de património histórico, arqueológico e de utilidade pública e privada? Só o Complexo Industrial Militar beneficiou e facturou.
Mas a dureza e a insensibilidade desumana e materialista de tais industriais não os deixa desistir dos seus interesses gananciosos e já estão a aparecer as tais atitudes de marketing e de guerra psicológica a prenunciar uma terceira guerra mundial para o próximo verão, desta vez contra outro produtor de petróleo, o Irão, com a alegação (semelhante à usada para o Iraque) de que está a desenvolver condições para se tornar uma potência nuclear. As notícias vindas de Israel são mau prenúncio:
Israel: Irão já pode fabricar quatro bombas atómicas
Israel pode atacar Irão na primavera
Israelitas prontos para ataque a instalações nucleares iranianas
Mas voltando ao início deste texto, acerca da igualdade entre os diversos Estados-membros da ONU, não parece legítimo que haja uns com armas nucleares enquanto outros sejam impedidos de as ter. Estranhamente, quem mais se eriça contra o Irão, a Coreia do Norte e outros que queiram o poder nuclear, são Estados que se orgulham de possuir em armazém arsenais com milhares de armas de tal espécie. Seria mais interessante que os actuais detentores de tais armas acordassem entre si destruir todas as que têm e comprometer-se a não voltar a construir. Então, haveria autoridade moral para impedir qualquer Estado de preparar tal tipo de armamento. A arrogância de fazerem constar possuir tal armamento em grande quantidade não parece minimamente lógico e em vez de evidenciar a tendência democrática nas relações internacionais de que tanto falam, realçam a imagem de império ou ditadura mundial em que uns poucos querem dominar todos os outros a seu bel-prazer.
A ONU precisa de revitalizar os princípios da sua Carta e de reformar todos os seus procedimentos, começando por rever a qualidade de membros permanentes do Conselho de Segurança.
A realidade actual, mostra uma vida internacional, com ausência de moralidade e de ética, como
se se guisasse pela lei da selva, a lei do mais forte, que impera e domina, justificando-se com a expressão «quero, posso e mando».
Imagem do Google
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Terceira Guerra Mundial? A quem interessa?
Posted by A. João Soares at 19:10
Labels: III Guerra Mundial
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4 comentários:
Caro João Soares
Já conhecia o tema.
Estamos perante mais um caso que a futurologia não consegue minimamente prever.
Respondendo à pergunta em epígrafe, há quem esteja verdadeiramente interessado num conflito mundial: os alarves de uma corrente de opinião inserida no fundamentalismo islâmico, que acreditam numa profecia na qual a vitória final da sua "fé" só será conseguida numa guerra globial. Nela serão eliminados todos os infiéis, incluindo o grande Satã americano. Corrente essa que poderá estar por detrás das provocações (atentados espectaculares, etc.) perpetradas contra os EUA e seus interesses.
Acreditam ainda que, segundo o deus deles, não há outra via, pelo que as tais provocações não passam de tentativas para desencadear a guerra e assim acelerar a História.
Caro Vouga,
Em parte, dou-lhe razão. Talvez os islâmicos pretendam ver de bancada as grandes potências a matarem-se entre si.
Mas não vejo que os islâmicos tenham capacidade de entrar numa guerra mundial como parte significativa do conflito. Não há um Estado islâmico entre os poderosos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África Do Sul).
Portanto a real, decisão de desencadear a guerra não lhes pode ser assacada.
Um abraço
João
Caro João Soares
Eu não disse que os fundamentalistas são capazes de desencadear uma guerra. Mas é gente estupidificada pela religião e acredita que tal é viável e lhes vai resolver o problema. Entretanto, vão fazendo asneira sobre asneira, o que não facilita nada a situação actual, já de si muito instável.
Caro Fernando Vouga,
Muito se pode dizer sobre este tema e só pena´na que as pessoas não falem mais sobre ele.
Sobre a conveniência de evitar guerras, mantendo a paz através de conversações e diálogo, directamente ou com ajuda de mediadores, sugere-se a leitura de:
Conversações em vez de Confronto
O Mundo pela Paz
Qualquer guerra é uma tragédia evitável
Pela paz, todo o esforço é útil
Para evitar conflitos armados
Diálogo em vez de guerra
Cessem armas, guerras e agressão
Negociação em vez de guerra
Ficam aqui estas indicações para os interessados.
Um abraço
João
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