quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Reforma do Estado. Burocracia

A burocracia excessiva pode ser utilizada para adiar os processos que deixam de ter solução em tempo adequado e útil podendo este alargar-se tanto que as datas-limite são ultrapassadas e a acção jamais terá lugar. Por outro lado, enquanto dura o processo, há uma circulação de gestos burocráticos que criam a sensação de movimento, de progresso no trajecto para a solução final.

Este movimento, composto de pequenas acções preparatórias, alimenta crenças na acção – quando, de facto, esta só chegará (se algum dia chegar), no fim do circuito. A demora produz a tentação dos interessados na aceleração do processo através do tráfico de influências, cunhas, presentes de robalos, de alheiras e outras formas de corrupção.

É por isso lógico que se diga que a burocracia não é simplificada ao mínimo necessário por haver interessados na corrupção que ela gera.

O assunto tem sido largamente abordado, como se vê pelos seguintes textos:

- A Burocracia vista por José Gil
- Controlo reduz Burocracia e Corrupção
- Combate à corrupção?
- Burocracia exagerada é uma peste terrível
- Combater a burocracia e a corrupção
- Mau uso da burocracia
- Burocracia, «empatocracia» e ...
- Burocracia ou empatocracia?
- Obsessão da burocracia
- Corrupção tem que ser combatida
- Burocracia nacional
- Burocracia sem nexo
- É difícil o combate à corrupção
- Corrupção. a ponta do iceberg?

Imagem de arquivo

6 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

A burocracia sempre foi o comburente da corrupção.

A. João Soares disse...


Caro Fernando Vouga,
Concordo consigo que a burocracia é o comburente da corrupção. A burocracia é cada vez mais bloqueadora da economia o que nos leva a interrogar: Porque não é reduzida ao mínimo indispensável? O que impede os governantes de a reduzirem ao mínimo? Será que é de propósito que ela é cada vez mais entravante? Será que essa estrutura bloqueadora existe propositadamente para engordar os traficantes de influências? Será que não querem destruir essa fonte de enriqecimento ilícito dos «boys» do regime?

Estas dúvidas são angustiantes.

Abraço
João

Fernando Vouga disse...

"Será que essa estrutura bloqueadora existe propositadamente para engordar os traficantes de influências? "

Caro João Soares

Adivinhou!
Claro que, a meu ver, tal não resulta de uma acção premeditada. Foi-se implementando aos poucos, de acordo com as conveniências do momento.

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Certamente, temos que ter fé nas boas intenções das pessoas, num mínimo de bom senso e, por outro lado, na incapacidade de criarem de repente um sistema tão complicado para obterem o enriquecimento ilícito de que são adoradores obstinados.
Mas a carne é fraca e a raiz foi dando a árvore e esta foi crescendo, alimentada pela ânsia da sensação de PODER que tudo quer controlar.

É vulgar ouvir-se dizer que há fiscais das actividades económicas que ao chegarem a uma cidade, antes de desfazerem as malas no hotel, telefonam ás empresas que irão visitar no dia seguinte a informar que lá estarão. O envelope espera por eles e o resultado da inspecção será favorável às duas partes.

Pelo contrário um emigrante que é construtor civil na Austrália, com muito êxito, ao ser entrevistado na nossa TV, há dois anos, e interrogado se está a pensar regressar, disse que gostaria de vir para junto de familiares e amigos de infância, mas que cá não tem condições minimamente parecidas com aquelas a que está habituado. Aqui o pedido de uma licença de construção demora anos a obter. Lá tem de ser concedida dentro de um mês e, se não lha derem formalmente, ao fim desse prazo, é implícita e pode iniciar as obras. Cá, tem de comunicar que atingiu determinada fase e espera que lhe marquem a inspecção, o que faz ter o pessoas e as máquinas paradas durante vários dias. Lá não há tal exigência e as inspecções aparecem sem aviso prévio a qualquer momento, para se certificarem se o projecto está a ser seguido conforme o previsto. Dessa forma depois de pavimentar um piso só tem de esperar que o concreto seque para iniciar o seguinte e, em poucos meses, tem terminado um prédio de cinco andares. Isso cá demora anos e fica muito caro com os «robalos e as alheiras» a oferecer!!

Caro Vouga, desta maneira como pode este país crescer. Como pensa o PM fazer crescer o País nos próximos anos acima da média dos últimos 12? Esta é mais uma promessa em que os portugueses menos ignorantes não acreditam, se é que há alguém que leve isto a sério!!!

Abraço
João

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Não o quero incomodar com mais intervenções minhas a este respeito, mas tenho que acrescentar uma coisa. O PM, por definição, só por acaso é que diz o que penas. Quando fala diz apenas o que lhe convém para se manter no poleiro.

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

E será que pensa?
Os políticos saem de entre os portugueses, mas não necessariamente de entre os melhores.
Ao almoço ouvi uma boa sugestão: os candidatos a eleições deviam ser submetidos previamente a uma avaliação das suas capacidades culturais e mentais, assim como que os exames psicotécnicos que os militares fazem antes do exame de condução.

Mesmo assim não deixariam de dizer apenas aquilo que consideram politicamente correcto» e que não denuncia os seus interesses secretos!!!

Um abraço
João