Transcrição dum texto interessante que vem complementar, em outro estilo, os posts Maduro parece ainda verde!!! e mais do mesmo:
Poiares Maduro e a solução anti-embrulhadas
Diário de Notícias 22-06-2013. por FILOMENA MARTINS
Está tudo resolvido. O Governo acaba de encontrar a solução para as suas últimas grandes trapalhadas. Ideia de Poiares Maduro, na sua primeira grande intervenção, passe aquele conflito com os parceiros sociais, desde que assumiu a pasta que era suposto ter sido de Miguel Relvas: a da comunicação e coordenação política.
A partir de agora haverá comunicações públicas diárias sobre a atividade governamental. Estão pois, de futuro, evitadas confusões como a das várias versões sobre a negociação com os sindicatos dos professores. E, claro está, nunca mais assistiremos a outra novela de explicações embrulhadas como a do pagamento dos subsídios de férias aos funcionários públicos. Ninguém voltará a desconfiar que o Governo adiou de propósito a entrega do Orçamento Rectificativo e todo o processo legislativo para pagar apenas quando entendia. Nem ninguém colocará a hipótese da promulgação relâmpago de Cavaco, que até tinha mostrado dúvidas quanto à medida, ser mais um sinal de que nunca antes um governo tinha tido tão amplo apoio político. Nem sequer será possível equacionar que Passos Coelho estará a insistir na estratégia de dividir os portugueses, pagando a uns e não a outros. E muito menos de que se trata de uma vendetta para com o Tribunal Constitucional, depois dos dois chumbos consecutivos.
Da próxima vez teremos o próprio Vítor Gaspar a explicar, devagarinho, que é tudo muito simples: se os subsídios fossem pagos agora a todos, Portugal voltaria a ter um trimestre com o défice acima do previsto e que o problema não era a troika, que é nossa amiga e permite deslizes, mas sim os mercados, pois é preciso voltar a marcar o terreno e emitir dívida no final do verão.
Adiante quanto a ironias, sobretudo porque estamos perante humor negro e do mau. Este governo tem muitas lacunas e uma delas é de facto a de comunicação. Mas o problema não está na quantidade do que comunica, está na qualidade. E isso não se resolve com briefings diários, que hão de ser iguais às conferências dos jogadores de futebol quando estão nas selecções: dizem sempre que vão fazer o melhor para ganhar.
Resolve-se com capacidade e preparação. E sobre isso nem a troika ou Angela Merkel podem valer ao Governo. Nem a nós.
Imagem de arquivo
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