quarta-feira, 16 de novembro de 2016

DOIS RECEIOS A ACAUTELAR


Duas previsões preocupantes
(Publicado em O DIABO em 15 de Novembro de 2016)

Fui deparado com duas previsões de situações desagradáveis para o futuro de Portugal mas muito diferentes entre si e que exigem preparações preventivas diferentes. Uma refere-se aos efeitos do aquecimento que tem vindo a afectar o nosso clima e o outro está ligado à existência da Central Nuclear de Almaraz, em Espanha, situada na margem do Tejo e apenas a 100 quilómetros da nossa fronteira.

O aquecimento global de que muito se fala e se vem agravando tem, no nosso caso, o factor acelerador devido à já, há muito, anunciada inclinação do eixo da Terra que coloca a Península Ibérica mais próxima do Equador e, portanto, aos agentes da desertificação do Saara, ao ponto de o aumento da temperatura poder ter particular impacto no Mediterrâneo e no sul da Península Ibérica, abrangendo parte dos dois Países peninsulares onde o deserto pode vir a tornar-se realidade.

A desertificação, que só será bem visível daqui a algumas décadas, é inevitável embora possa ser desacelerada com um bem orientado esforço de defesa do ambiente, reduzindo a poluição do ar e das águas. Impõe-se antecipar a adaptação às novas condições através de mudança de hábitos e de adequadas alterações na agricultura e outras actividades dependentes do clima, e bem pensados movimentos migratórios, quer internamente quer para o estrangeiro. Serão adaptações que ocorrerão progressivamente ao longo de várias décadas. A outra previsão é menos assertiva, uma hipótese a recear, mas que é dependente de medidas preventivas que a evitem ou lhe reduzam em grande grau a probabilidade de ocorrência. Há que evitar um acidente semelhante ao acontecido em Chernobil, do qual Portugal, pela proximidade e pelo veículo de transporte de material radioactivo que é o Rio Tejo, seria muito lesado, principalmente na bacia do principal Rio que, dada a sua orografia muito plana, seria fortemente contaminada.

A melhor prevenção, mais garantida, seria o encerramento da Central, aconselhado pela sua idade de funcionamento que já tem dado lugar a diversas falhas e avarias, embora sem consequência muito graves. No caso de não ser encerrada, haverá que substituir muito do equipamento por outro mais moderno e com mais garantias de segurança. Deve passar a haver um rigoroso e permanente controlo do funcionamento e uma grande transparência de informação a fornecer ao Estado Português, quanto às condições de segurança, medidas preventivas e condições de armazenamento e isolamento de materiais radioactivos obsoletos, componentes fora de serviço, tratamento da água e refrigeração, etc

Ao contrário da desertificação, que é previsível e dá tempo para preparar a defesa progressiva e procura de soluções, um acidente na central nuclear, pode ocorrer inesperadamente, com um grau de violência incalculável e efeitos devastadores e de consequências largamente prolongadas no tempo. Todo o cuidado é pouco para evitar qualquer falha mínima.

A João Soares
Em 9 de Novembro de 2016

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