Palavras, promessas ou fantasias?
(Publicado em O DIABO em 22 de Novembro de 2016)
Trump, após saber o resultado das eleições, falou de coisas construtivas como «sarar as feridas da divisão» e disse que estende a mão à orientação e ajuda daqueles que não votaram nele, para poderem trabalhar juntos e unificar o seu grande país. Disse que, sem deixar de colocar os interesses da América à frente, vai procurar parcerias e evitar o conflito. Não posso deixar de me congratular por as suas intenções coincidirem com a filosofia de convivência universal que aqui tenho defendido repetidamente.
Mas as minhas palavras, sendo de um simples cidadão, sem responsabilidades especiais, não podem, por si só, originar acções conducentes à concretização de boas intenções. Mas, num governante, será bom que tais palavras sejam fruto de adequado estudo e análise e possam ser semente de decisões e projectos práticos e eficazes para bem do seu povo e da humanidade.
Por isso, ficamos à espera de ver notícias sobre as medidas que reforcem a união de todos os americanos em torno dos seus interesses nacionais e que sejam extensivos e benéficos para a harmonia mundial, através de diálogo franco e sincero que reforce a tolerância mútua e a cooperação, fazendo uso de eficaz actividade diplomática para a progressiva eliminação de guerras e outros tipos de violência, a fim de que todas as pessoas passem a viver em paz e com bem-estar.
Embora toda a pessoa deva dar aquilo que lhe for possível para tal tarefa social, como não dispõe de poder, de capacidade de influência suficiente, as iniciativas mais eficazes têm de vir dos Estados mais poderosos, de posse de informações e de pareceres e sugestões vindas de todos os recantos do planeta, porque é em tais potências que a humanidade tem os olhos fixos para lhes imitar as virtudes.
Porém, a julgar pelas palavras proferidas durante a campanha eleitoral, começa mal em relação ao seu vizinho do Sul, México, a Cuba, à Europa, ao Médio Oriente, etc. É certo que os EUA estavam habituados a influenciar a segurança de muitos Estados menos poderosos, o que lhes dava despesas, mas também daí lhes vinha, como contrapartida, a maior capacidade internacional em comparação com outras potências de mais reduzida influência. Se agora passam a distanciar-se de antigos aliados e protegidos, estes passarão a ceder ao «namoro» que lhes será feito pela Rússia, pela China ou outros Estados emergentes da sua área, o que resultará na redução do poder de influência dos Americanos e poderá levar ao endurecimento de hostilidades ou, no mínimo, a redução do bom entendimento internacional.
Esperemos que Trump seja assessorado por pessoas sabedoras e sensatas a fim de evitar fracassos do seu bom intento de engrandecer o seu país e de reforçar a paz e a harmonia mundial. Será desejável que haja orientação e ajuda para que todos os Estados membros da ONU possam trabalhar juntos e criar o tão desejado ambiente de paz, harmonia e progresso. Por exemplo, seria maravilhoso ver uma mudança do género propor a todos os detentores de Armas Nucleares a desactivação de todas as existentes. E, para não haver um ou mais aldrabados, seria constituído um grupo de trabalho com técnicos de todos esses países e, numa primeira fase, desactivariam 10% das existentes num e depois noutro e noutro; depois voltavam ao primeiro e continuavam, com mais 10% para não haver um que ficasse sem nada e os outros depois desistissem e ficavam poderosos e outros sem nada. É que, se houver um louco que lance uma arma, o que for alvejado responderá mais fortemente e o efeito será a aniquilação da vida no planeta. HAJA QUEM, PACIFICAMENTE, CONSIGA DESACVTIVAR TODAS ESSAS ARMAS.
A João Soares
16 de Novembro de 2016
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