quinta-feira, 19 de setembro de 2019

CONTRA A DESERTIFICAÇÃO, PELA NATUREZA

Contra a desertificação, pela Natureza
DIABO nº 2229 de 20-09-2019, pág 16

Para a sustentabilidade da vida humana no Planeta há que dedicar muita atenção à defesa do ambiente, isto é, da Natureza, com pessoas, animais e vegetais e a biodiversidade nos seus diversos sectores. Por exemplo, evitar a desertificação nos seus vários aspectos, ou o domínio de uma espécie vegetal que impede a vida das outras, como está a acontecer com o eucalipto, uma infestante que, em muitas áreas, está a impedir o crescimento das espécies anteriormente existentes.

Em Portugal, a desertificação atingiu tal exagero que já motivou o “Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação, criado em 1996 e revisto em 2014”, e o compromisso assumido e referido na Agenda 2030 das Nações Unidas; e deu origem ao recente alerta do TdC para definir as linhas de acção para o combate às alterações climáticas, através da gestão do uso da água e da manutenção das florestas. Tendo havido um progressivo abandono dos meios rurais e encontrando-se o interior do País já em preocupante estado de desertificação, há urgência em tomar medidas para inverter o estado de degradação vigente. Essas medidas devem começar por dar incentivos atraentes para desenvolver actividades económicas ligadas às potencialidades locais – agricultura, pecuária, madeira, mobiliário, etc –, apoio às pessoas, repondo, de forma adequada, serviços públicos que foram retirados, no ensino, na saúde, nos correios, finanças, justiça, na banca, etc.

Há alguns anos, uma autarca do centro geográfico do continente, na Beira Baixa, conseguiu instalar uma boa quantidade de imigrantes brasileiros a fim de dinamizar o repovoamento da ária mas, como não lhes foram dados apoios atractivos, acabaram por decidir ir trabalhar em cidades, onde as condições eram mais vantajosas. Para resolver este grave problema não basta criar um “observatório” e ficar descansado de que fica solucionado, como parece ser a convicção do ministro do Ambiente. Há, pois, que deitar mãos ao problema e considerá-lo essencial e urgente. Os técnicos devem analisar localmente todos os factores intervenientes, estudar as causas e dialogar com habitantes actuais e recentes que forneçam opiniões construtivas. Com a devida frequência, esses técnicos devem apresentar o resultado da evolução do seu trabalho a fim de se evitarem indecisões e estagnação, se tomem posições oficiais quanto a resultados já consolidados e se melhorem adequadamente as estratégias para atingir os objectivos desejados em tempo aceitável.

Ao nomear técnicos para se encarregarem destas funções, devem ser escolhidas pessoas, não por amiguismo, mas por competência e experiência adquirida e demonstrada, para não serem mais um “observatório” ou “comissão” das que só excepcionalmente merecem elogio.

Há alguns anos, no distrito de Bragança houve jovens professores do secundário que, nos tempos livres, se dedicavam à agricultura ecológica de produtos alimentares, alguns ainda desconhecidos na região, e que foram noticiados na TV e apontados como exemplos a seguir. Desconheço a sua situação actual, mas há interesse em seguir tais exemplos. E empresas agrícolas como existem no Alentejo e no Algarve em mãos de estrangeiros, também podem servir de estímulo para tal sistema ser utilizado nas Beiras e em Trás-os-Montes, aproveitando bons terrenos agrícolas, que actualmente se encontram abandonados e cobertos de silvas e mato e ameaçados por eucaliptos.

No aspecto humano, como os poucos residentes, onde ainda os há, são idosos, deve ser encarada, de forma prática e satisfatória, a existência de centros de apoio de dia e de lares residenciais, o apoio de saúde e o apoio de serviços públicos para não terem de se deslocar muitos quilómetros sempre que precisem de resolver qualquer pequeno assunto da burocracia oficial a que sejam obrigados.

Não deve haver hesitações nas medidas que contribuam para anular a desertificação e para preservar a Natureza na sua melhor forma. ■

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