quinta-feira, 21 de novembro de 2019

HÁ HORAS FELIZES

Há horas felizes
Public em O DIABO nº 2238 de 22-11-2019, pág 16, por António João Soares)

Na minha modéstia, simplicidade e cortesia, tenho-me repetido por diversas formas a sugerir que tanto a oposição como os responsáveis pela governação deverão procurar seguir estratégias que, de maneira adequada, permitam os melhores resultados para o engrandecimento da Nação, a melhor qualidade de vida dos cidadãos e poupança para os contribuintes que, assim, podem investir mais na melhoria da economia. Isto pode ser confirmado em vários artigos que publiquei no semanário O DIABO. Por isso me sinto premiado com as alocuções de Rui Rio e de André Ventura que, sem agressividades nem palavras ofensivas, de forma muito educada, fizeram apreciações construtivas e interrogações que podem e devem servir para o Governo pensar seriamente nos assuntos abordados e, usando de transparência democrática, explicar aos portugueses o que realmente vão fazer em tais temas, a forma pormenorizada e compreensiva como pretendem materializar assuntos que são referidos no programa de Governo de forma muito genérica que tanto podem permitir soluções num sentido como no seu oposto. Depois de ouvir estas sugestões, o Governo deve sentir-se feliz por receber tais achegas de forma clara e com aspecto positivo, construtivo.

Isto pode ser um primeiro passo para o diálogo entre governantes, oposição e cidadãos de forma a serem evitadas decisões impulsivas e menos ponderadas, segundo o conceito de que “a fantasia deve ser moderada pela sensatez” e de acordo com o segundo Éme da “estratégia dos três M”, o da “multilateralidade”, dado que muitas cabeças pensam mais e melhor do que uma só. O pensamento individual e a decisão precipitada sem recurso a outros pareceres, raramente analisa todos os factores essenciais com a profundidade indispensável. A solução de um problema deve ser precedida do estudo cuidadoso das suas causas e dos condicionamentos que o envolvem.

O total esclarecimento é imprescindível porque os cidadãos são os obreiros do engrandecimento do País e, para isso, é fundamental que colaborem activamente com o máximo de competência, entusiasmo e perfeição para que os resultados tenham a melhor qualidade. Se os dois deputados atrás referidos não foram exaustivos nos seus comentários, certamente, estarão dispostos a fornecer mais achegas, quer dentro da AR quer em contactos pessoais. Isso não os prejudica e, se for bem explicado na Comunicação Social, granjeia-lhes a gratidão dos cidadãos, pelo interesse demonstrado para o engrandecimento de Portugal.

Um livro muito interessante do Nobel Hermann Hesse sobre a vida de Siddhartha, um filósofo crente hindu, refere várias vezes que as palavras valem pouco em comparação com os actos. As pessoas devem guiar-se nas suas apreciações pelo valor destes e não pelas palavras que podem ser de tal forma superficiais ou intencionais que não passam de fantasias superficiais e ilusórias que não se traduzirão em actos merecedores de crédito. Muitas promessas, são despidas de verdade respeitável. E, infelizmente, uma grande quantidade delas não passam de vacuidades ilusórias que desacreditam os seus autores. Oxalá o PM não volte a cair em falhas como a de prometer a mudança do INFARMED para o Porto ou a de lançar a primeira pedra para a construção da unidade pediátrica do Hospital de S. João, no Porto sem que, passado mais de um mês, haja sinal de início de obras.

A população deve ser mentalizada para os deveres, acima dos direitos, e pelo respeito pelas pessoas, encarando melhor o apoio aos idosos e a educação dos jovens, eliminando a violência nas escolas contra os professores e, em casa, contra pais e avós. Quem tem responsabilidade para tomar decisões e agir não deve cair na tentação de se virar para dentro do seu ego e dar prioridade à vaidade e à ambição e ao despudorado amor ao dinheiro, uma droga tanto mais perigosa quanto está livre de produzir overdose. As decisões devem ser precedidas de estudo e consulta. ■

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