Polícia como pau para toda a obra
(Public em O DIABO nº 2256 de 27-03-2020, pág 17)
A Administração Interna mostra grande esperança no bom comportamento (boa eficiência) das Forças de Segurança na responsabilidade de controlar os comportamentos dos cidadãos e dos seus serviços públicos na adopção de medidas preconizadas para prevenir os danos o alastramento da pandemia do Covide-19.
Essa esperança na eficácia dos agentes da segurança pública é lógica e coerente com os seus princípios e deveres profissionais. Porém as palavras de esperança do MAI, são incongruentes em relação com as que pronunciou há pouco tempo a respeito das carências de condições com que os agentes se defrontam no cumprimento da sua missão em que chegam a ser gravemente agredidos, sem que os prevaricadores e agressores sejam justa e adequadamente punidos. Tal governante mostrou não reconhecer medianamente as condições de trabalho destes funcionários e o que eles representam para a segurança e eficiência dos governantes e da população em geral. Agora, esquecendo a atitude hostil em relação aos obreiros da solidez da sociedade, quer esperar deles um papel que ultrapassa as suas atribuições, um papel que devia resultar da preparação cultural, da ética e da moral social que devia nascer do ensino escolar, do exemplo das autoridades autárquicas, dos serviços públicos e da consciência adquirida com exemplos dados pelas classes governativas. Mas, realmente, quando não se tem consideração, respeito e admiração pelas pessoas que deviam dar bons exemplos a adopção de medidas de higiene e de prevenção da saúde, só pode conseguir-se mostrando o bastão da autoridade como confirmam as palavras mais recentes do MAI. E depois? Se baterem nos polícias e os chamarem racistas? Voltará tudo às palavras ditas pouco tempo antes.
Também não é lógico esperar dos cidadãos o rigoroso cumprimento dos desejos do Governo para a defesa da saúde e do funcionamento da economia, pois tem havido degradação do funcionamento do ensino, do respeito pelos professores por parte de alunos e familiares. Crianças e famílias têm sido mentalizadas por ideias anárquicas, com teorias insipientes e contrárias às boas tradições, aos bons conceitos éticos, e que conduzem à abolição do respeito pelas pessoas e pelos actos valiosos do passado histórico.
Toda esta degradação social é resultado da falta de uma estratégia da governação sem a qual o país tem que ir vivendo numa instabilidade permanente que desmotiva a aceitação de uma eventual boa ideia vinda do Governo.
Até porque a degradação geral traduzida na impunidade da corrupção, nas suspeições vindas a público de altos funcionários da Justiça, etc, etc, não estimula que haja confiança e respeito pelos altos responsáveis pela vida nacional.
A ausência de estratégia bem definida e actualizada é muito perigosa quando, de improviso, se quer esperar da PSP uma actuação para a qual não está preparada. A propósito de impreparação geral, vejamos a sucessão de frases ditas por duas altas personalidades ligadas à saúde, sobre o covid-19: Em Janeiro: «não temos que estar alarmados», «é um bocadinho excessiva a probabilidade de contágio entre humanos», «não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal»; Em Fevereiro: «é inevitável que o novo coronavírus chegue a Portugal», «no cenário plausível cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros», «Dir… admite 1 milhão de infectados em Portugal», «estamos preparados»; Em Março: «“não houve tempo para formação” de profissionais de saúde, como na gripe A», «pior do que o vírus é o alarme na sociedade portuguesa», «se for preciso, em última análise, podem sempre recorrer à horta de um amigo».
Estas frases, além de insensatas, dão uma péssima imagem da competência de uma elite que devia cultivar o sentido de responsabilidade. O que se pode esperar das Forças de Segurança, nesta situação indefinida? Como vai punir quem não lava as mãos, quem cumprimenta com um beijo ou aperta a mão? Isto é que vai uma crise!!! Não podemos deixar de estar preocupados.
Lápis L-Azuli
Há 11 minutos
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