(Public em DIABO nº 2321 de 25-06-2021. pág 16. Por António João Soares)
Em 27 de Setembro de 2016,
apresentei aqui um texto sobre “a preparação da decisão”, menos de um mês
depois mostrei o grave inconveniente de “promessas e decisões anunciadas
precocemente”. Pouco mais de um ano após, alertei para que “a vontade de mudar
exige prudência”.
Por ser esse o meu pensamento
baseado em estudos e experiência, tenho ficado muito chocado quando sei de
decisões tornadas públicas em meios legais, logo a seguir comentadas e
criticadas por diversos sectores da população, devido a deficiências por vezes
graves e, algum tempo depois, anuladas ou substituídas por outras, mas também,
carentes de prudência e boa ponderação do assunto que devia ter sido apoiado
por pessoas com adequado conhecimento do conteúdo e seus factores
condicionantes e alguma experiência do mesmo, capazes de conhecer as
características da situação e dos efeitos desejados pela mudança pretendida.
Quando um tema tem grande
incidência na população em geral ou de determinado sector económico ou
geográfico, não deve ser sujeito a decisão ou legislação limitada a uma ou duas
pessoas do Governo, que não podem avaliar os pormenores ajustados à realidade,
que vão condicionar sem a terem contactado e, dificilmente, poderão prever o
resultado desejado. Geralmente uma decisão é a escolha de entre várias
modalidades possíveis, daquela que apresenta mais vantagens e menos
inconvenientes para o fim pretendido, dentro das realidades existentes. É
vantajosa a opinião e a ajuda de técnicos e de pessoas experientes e
conhecedoras dos pormenores da situação.
A principal função dos governantes consiste em
defender os interesses colectivos das pessoas, melhorando a sua qualidade de
vida, e não o de terem o prazer de tomar mais uma decisão como se fossem uma
criança a mostrar mais uma habilidade com um novo brinquedo.
Há dias li uma entrevista do
jovem político Manuel Tibo, autarca de Terras de Bouro, Gerês, que se refere à
sua terra como sendo muito ignorada pelo poder central, havendo muitas questões
que em Lisboa são mal analisadas, originando erros de avaliação que não têm
permitido as melhoras aplicações dos recursos para o aproveitamento da maior
fonte económica local, que é o turismo. Refere, por exemplo, a instalação do
teleférico entre a Vila do Gerês e o miradouro da Pedra Bela, que não exige
alterações da flora existente, antes evita estradas a serpentear pela floresta
e pessoas apeadas a atravessar a poeira das viaturas.
Há duas casas florestais
desocupadas para servirem os terminais, com condições de as pessoas trabalharem
e terem casas de banho, e espaço para terem os carros durante o trabalho no
funcionamento do teleférico. Este só terá vantagens para o rendimento do
parque.
O turismo tem atractivos e
convém ser melhorado com as verbas que lhe forem concedidas, que devem ser
gastas em planos bem elaborados, com a concretização coordenada e fiscalizada,
sem permitir demoras inconvenientes.
O parque florestal deve conter
uma rede de retransmissores que permitam os contactos para socorrer pessoas
desorientadas ou acidentadas e o seu planeamento deve ser feito com base no
conhecimento adequado das condições geográficas da área, por forma a não ser
nem demasiado custoso nem insuficiente.
A necessidade da ponderação na
preparação das decisões notou-se na confusão do caso de Mira, e noutros como no
da reforma da estrutura de chefias das Forças Armadas, inventada por um
“sábio”, sem capacidade para analisar o espírito militar nos aspectos de
disciplina, responsabilidade e dedicação ao dever de defender a Pátria. O chefe
ou comandante de um sector militar é o responsável por tudo o que a sua unidade
faz ou deixa de fazer. Não pode responder, como muitos políticos, “não sei”,
“não conheço”… ■