sexta-feira, 6 de agosto de 2021

PARA GOVERNAR COM ÊXITO

(Public em DIABO nº 2327 de 06-08-2021, pág 04. Por António João Soares)

Para governar com êxito, sem necessidade de hesitações e de “pára e arranca”, é preciso cultivar activamente o respeito pelos cidadãos. É necessário conhecer as realidades nacionais, não apenas as tradicionais de cada região do território, mas também aquela que é produzida ocasionalmente por motivos eventuais ou por agravamento de necessidades que não foram resolvidas com oportunidade e eficácia. Há entidades com responsabilidade e credibilidade que afirmam que a actual ministra da Saúde permite o abandono de doentes com maior dificuldade de acesso à saúde. O autoritarismo de quem se isola no seu gabinete e não consegue avaliar as dificuldades existentes, ou as entidades que recusam observar e analisar os problemas reais mas, com voz teatral afirmam coisas alheias à verdade e querem mostrar um optimismo que é enganador, não demonstram possuir capacidade para bem governar e merecer o respeito e a admiração de quem deles depende.

Também o optimismo do governo exibido publicamente, sempre que a pesquisa diária detecta menos infectados ou menos mortos com o Covid-19, é imprudente porque, sendo tal infecção mal conhecida e imprevisível a sua evolução, são apanhados em erro passados poucos dias, como aconteceu recentemente na passagem dos quatro mortos do dia 20/07 para os 20 no dia 24.

O povo vai sustentando os erros dos governantes, mas memoriza-os até que um dia pode explodir numa manifestação espontânea, à semelhança dos desacatos desordeiros de jovens “progressistas” nalgumas cidades.

Qual é a maturidade e sentido de responsabilidade de um ministro que, tendo o carro em que era transportado sido detectado em excesso de velocidade – “O BMW Série 5 em causa circulava quase a 200 km/h na A2 e, antes disso, a 160 km/h numa estrada nacional” – afirmou não ter “qualquer memória de os factos relatados terem sucedido”. Ambas as velocidades infringem o código da estrada.

A viatura em que viajava outro ministro e que atropelou mortalmente um trabalhador seguia a velocidade muito superior ao máximo que estava afixado, segundo fonte da Brisa, que disse que a sinalização dos trabalhos de limpeza realizados na berma direita da A6 “estava a ser cumprida pela empresa responsável pela execução dessa intervenção”. Mas o ministro tinha afirmado que não havia qualquer aviso e, perante a afirmação da Brisa, não reagiu. Como podemos respeitar a palavra deste governante?

É com situações deste género que o povo se torna receptivo a participar em “greves selvagens”, cujos resultados são imprevisíveis e difíceis de controlar.

O desespero acumulado pode dificultar seriamente qual[1]quer esforço feito para recuperar a situação nacional, quer economicamente, quer no desejado prestígio de que temos sido caren[1]tes nas relações internacionais.

O domínio da Comunicação Social que hoje, além do futebol e de casos de desconforto ou de atitudes de ordem pública e violência doméstica, pouco mais comunica para dar confiança e segurança à população, por forma a reagir da melhor maneira às dificuldades com a pandemia e a preparar o melhor futuro possível. Vive-se actualmente um medo doentio que tolhe as poucas energias de que as pessoas ainda dispõem.

Depois destas reflexões devemos encerrar com a conclusão de que tudo isto deve ser envolvido na VERDADE, pois os interesses das pessoas exigem verdade para o que todos os gestos de solidariedade e de boa gestão dos interesses colectivos devem ser revestidos de boas intenções e de total transparência, sem ambições nem jogos inconfessáveis.

Quando os interesses pessoais e a ambição começam a sobrepor-se aos interesses nacionais, o país começa a degradar-se e a caminhar para o abismo da extinção, pela via da corrupção e de outros crimes parecidos. ■


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