(Publ em DIABO nº 2348 de 30-12-2021, pág 16, por António João Soares)
Tenho sugerido, repetidamente, que os políticos mundiais perdem tempo a lutar contra as alterações climáticas, incidindo na eliminação dos gases tóxicos para a atmosfera, mas evitando focar uma das maiores poluições do ar que é a provocada pelas radiações electromagnéticas. Por detrás de tal gesto está o interesse de não reduzir o esforço da inovação da era digital e das tecnologias inerentes, em que se tem abusado da poluição pelas radiações electromagnéticas.
Agora apareceu, com grande publicidade, a utilização de aparelhos que, obtêm água potável a partir da humidade atmosférica, o que irá suprir a carência da água existente, em agravamento em muitas áreas habitadas, em que há população que em risco de sobrevivência.
É certo que, se não é fácil obter água potável pelos métodos tradicionais, terá de se recorrer a novas soluções. Mas esta forma de a obter tornando a atmosfera mais seca, é altamente perigosa por tornar a seca meteorológica mais arriscada para a saúde dos seres vivos que povoam o planeta e, logicamente, alterando as condições climáticas. É um fenómeno semelhante ao do aumento da poluição originada pela crescente quantidade de radiações electromagnéticas, os quais provocarão o agravamento das variantes da pandemia a qual, segundo algumas previsões bem explicadas, pode estar prestes a exterminar a vida no planeta.
Não devemos esquecer que a humidade do ar ou atmosférica é a quantidade de água existente no ar na forma de vapor e constitui um dos mais relevantes elementos que actuam na atmosfera, pois a sua presença, em maior ou menor grau, influencia as temperaturas, o regime de chuvas, a sensação térmica e, até mesmo, a nossa saúde. Os efeitos da humidade sobre o clima são sentidos tanto nas temperaturas quanto no regime de chuvas e estas constituem um factor determinante para a vegetação e para a agricultura.
Quanto aos efeitos da humidade sobre a nossa saúde, notemos que quando o ar está mais húmido, transpiramos mais na forma líquida, pois a água do nosso corpo tem mais dificuldade para se evaporar. Por outro lado, se o ar está mais seco, também encontramos problemas, pois a respiração é menos lubrificada, o que pode gerar até o sangramento nasal.
Numa região desértica, onde as chuvas são escassas durante todo o ano, mas a humidade atmosférica pode chegar a quase 98%, há um projecto que prevê que centenas de famílias possam ter acesso a água potável. Neste tipo de região a maior parte das famílias retirava água de poços, mas a sua qualidade não era boa, encontrando-se por vezes contaminada. O projecto tem um sistema que capta a humidade do ar e a transforma em água potável, armazenando-a em tanques de 20 litros.
Outra solução para obter água a partir do ar, com o mesmo conceito, permite que a água seja recolhida da atmosfera através de uma estrutura de 9 metros feita de bambu e um tecido especial. Esta ideia surgiu na Etiópia, onde as mulheres e crianças andavam várias horas por dia para recolher água, por vezes contaminada.
Estas duas ideias são projetos de dimensão apropriada para uma comunidade, com dificuldade em obter água potável, mas já há experiências de gerador de água potável portátil que se pode encaixar numa garrafa de água comum. Já foi pensado e chama-se «colector de água atmosférica», e baseia-se na estrutura de um besouro que vive no Deserto da Namíbia.
Portanto, podemos perceber o quanto a humidade do ar é um tema importante que merece compreensão, pois ela está presente constantemente no nosso dia a dia, interferindo no clima, na forma como o sentimos e também na nossa qualidade de vida.
Será bom que os altos representantes dos países ricos ao pensar no combate às mudanças climáticas, coloquem os interesses da Humanidade acima dos lucros dos autores destas inovações.
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