(Public em DIABO nº 2400 de 30-12-2022, pág 16, por António João Soares)
Os direitos humanos estão condicionados
por hábitos clássicos apoiados por algumas religiões em que a mulher é uma
escrava sem direitos nem liberdade quer na indumentária quer na preparação
cultural. Tem vivido há séculos neste sistema e agora com mais contactos entre
pessoas de hábitos diferentes e com a divulgada utilização das imagens da
internet, está muito difícil a alteração de costumes tanto por quem os usa como
quem os deve suportar.
O Papa Francisco tem intenções de reformar
os actos religiosos mas tentativas que tem esboçado para a comunhão dos mesmos
rituais por todos os sectores católicos, tem recebido diversas críticas vindas
de pessoas que não encaram com bons olhos a mudança de hábitos que duram há 20
séculos e foram sempre seguidos pelos crentes imbuídos do respeito religioso.
Mas ele, provavelmente, não quer deixar de resistir à força da oposição desagradável
e severa que tem recebido em decorrência de suas iniciativas de reforma.
Os papas têm sido sepultados na Basílica
de São Pedro ou em algum outro lugar da Cidade Eterna e o mais
recente pontífice que fez excepção, Urbano V, morreu no século
XIV e foi enterrado em França em 1370 na Abadia Beneditina de
São Vitor, em Marselha. Fora o sexto e penúltimo dos papas de Avignon. O
último desta geração não teve sucessor desta sequência, para não dar
continuidade a esta «rebeldia». Mas parece que o último, desde Urbano V, a
ser enterrado fora de Roma foi Gregório XII em
1415. E agora, qual será o futuro do actual Francisco?
Haveria uma grande convulsão entre o
establishment católico se o Papa Francisco estipulasse que o seu lugar final de
descanso fosse Buenos Aires, quer seja na catedral de sua antiga diocese,
quer seja no cemitério onde a família Bergoglio está sepultada.
A sua intenção de mudança é de
estabelecer união entre as diversas facções de catolicismo, distinguindo entre
o que é último e o que é penúltimo; o que é essencial e o que é secundário; o
que é intrínseco e o que é acidental. Mas os fanáticos não querem ver traída a
sua fé e, ao criticarem obcessivamente Francisco, querem preservar aquilo em
que se aplicaram, todas as características secundárias ou acidentais do
catolicismo romano que, em vez de esclarecer a mensagem de Cristo, acabam, na
verdade, obscurecendo-a. E acabam mantendo os cristãos em uma Igreja fraturada,
permanentemente dividida, fazem parte de um catolicismo sectário e
tribal, que cultiva uma identidade amplamente baseada nas externalidades que
são de natureza humana, não divina. Estes irmãos e irmãs são católico-romanos
em primeiro lugar; e são cristãos, em segundo.
O Papa Francisco, apesar dos seus 83
anos, está sintonizado com os jovens actuais e diz que estamos atualmente em
uma mudança de época, e não apenas experimentando um período
de mudanças. É o tempo de uma mudança paradigmática colossal. Aquilo que não é essencial precisará mudar ou será descartado. Porém, tem enfrentado resistência. Parte dela é expressa através de ataques
contra a sua integridade como discípulo e líder religioso.
Essa resistência é particularmente feroz
e implacável dentro da Cúria Romana, onde os cardeais que se reuniram em
2013, em preparação para o conclave, esperavam ver limpo e reformulado. Uma
área que quiseram que o novo papa resolvesse é a área da corrupção financeira dentro do Vaticano. E não se preocuparam
com alterações à forma como desempenhar a transmissão da palavra de Deus, tal
como vem sendo tratada em 20 séculos.
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