segunda-feira, 12 de junho de 2023

IDIOMA PORTUGÊS VÍTIMA DE FALSOS «SÁBIOS»

 (Public em DIABO nº 2423 de 09-06-2023. pág 16, por António João Soares) 

Recebi no dia 27, um email que focava a imposição de uma nova ortografia estranha e que demonstra a má ousadia de pessoas que desprezam a ortografia actual, a qual assenta em raízes bem fortes e já com séculos de respeito pelos nacionais, mesmo os pouco letrados.

 

Parece que a iniciativa partiu de D. Pilar del Rio que, pelo facto de ter estado casada com o nosso escritor José Saramago, se acha com o direito, talvez como outros atrevidos «estrangeiros», de vir dar ordens no modo como se fala e escreve o já muito antigo idioma «português». Já não chegavam os próprios degenerados nativos da Língua tentarem impor (aos parvos subservientes) uma nova ortografia, sem pés nem cabeça!

 

Sobre isto, a jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um ar de catedrática no assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é que não existia a palavra "presidenta". Daí que ela diga, insistentemente, que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como Ex-Presidenta da Assembleia da República. E, ainda há poucos dias, alguém ouviu Helena Roseta dizer: «presidenta!», reagindo ao comentário de um jornalista da SIC Notícias, muito segura da sua afirmação.

Chocado com esta agressão ao nosso idioma, recebi o seguinte texto, de autor bom conhecedor da estrutura em que assenta o desenvolvimento do nosso idioma: «Existe a palavra presidenta? Que tal colocarmos um "basta" no assunto? No português existem os particípios activos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo "atacar" é "atacante", o de "pedir" é "pedinte", o de "cantar" é "cantante", o de "existir" é "existente", o de "mendigar" é "mendicante", etc. Qual é o particípio activo do verbo "ser"? O particípio activo do verbo ser é "ente"; aquele que é: o ente; aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a acção que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos "-ante", "-ente" ou "-inte". Portanto, a pessoa que preside é presidente, e não "presidenta", independentemente do sexo. Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; estudante, e não "estudanta"; adolescente, e não "adolescenta"; paciente, e não "pacienta"». Este texto constitui uma belíssima lição de Português.

 

Este texto que reencaminhei para mais de uma centena de amigos de que possuo o endereço de correio electrónico, constitui uma boa aula de Português. Foi elaborado para acabar, de uma vez por todas, com quaisquer dúvidas sobre a questão supracitada. Se for bem interpretado, vai pôr fim a todas as dúvidas. No entanto, não estou seguro que as mulheres que lançaram esta farpa sexista, sejam suficientemente letradas para perceberem a explicação do texto.

E ao texto foi acrescida a seguinte argumentação «a candidata a presidenta comporta-se como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, de entre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta».

Que desgraça a nossa!!!

Mas a agressão ao nosso idioma, infelizmente, não é original pois não há muito tempo foram retiradas letras que davam tonalidade às sílabas, mas que foram consideradas inúteis por falsos «sábios» e agora deixou de haver pacto, pactuar, acção, actividade, etc. Quem souber um pouco de línguas, verifica que as que usam palavras de origem latina mantêm o c e o p, onde nós também os tínhamos. Se, por um lado, dizemos que desejamos tornar o povo mais instruído e actual, por outro lado, reduzimos o nosso idioma a vulgaridades e confusões nada meritórias.

 

Se dermos força a tais inovadores a nossa cultura desaparecerá.

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