Seria interessante «jogar» em verso com o colega blogger Mário Margaride, sobre este tema por ele abordado ontem em «a Voz do Povo», mas para isso não me ajuda o «engenho e arte» citado pelo épico da viagem de Vasco da Gama. O tema é interessante e assediante para qualquer mortal, mesmo que desprovido de vocação literária e filosófica e amarrado ao pragmatismo das frases no positivismo das realidades palpáveis.
As certezas ou as verdades são ponto de equilíbrio, quase ficção e virtualidade, dependentes de preconceitos, posições ideológicas ou religiosas que, tal como as bicicletas, apenas se aguentam em situações especiais e precárias.
Galileu Galilei (1564-1642) foi condenado à fogueira por defender precocemente uma certeza que contrariava a certeza «politicamente correcta» na época. Os detentores da verdade ou das certezas são defensores acérrimos da situação vigente e opostos a qualquer mudança, alteração ou reforma. São os criadores e protectores do pântano e da putrefacção das águas paradas. Quem diz só ter certezas e não saber o que são dúvidas ou mente ou tem o cérebro árido, conformado, sem inovação, criatividade e arte, isto é, sem vida. Mas tão perigosos como esses são aqueles que acordam pela manhã com a «ideia milagrosa» que «de certeza» vai ser a solução ideal para o problema, não admitindo críticas nem reflexões sobre outras hipóteses de solução, avançando em linha recta para baterem com a cabeça no muro ou despenharem-se no precipício. A convicção de nunca ter dúvidas é tão nefasta como a ilusão de estar na posse total da verdade, da certeza, principalmente quando essa posse é exclusiva deles.
Se a certeza pode ser inibidora da mudança, da acção e da progressão ou pode levar à precipitação imponderada, a dúvida, por outro lado, conduz a movimento reflectido, ponderado, na busca de soluções que a reduzam à expressão mais simples. O cientista, o sábio não sabem o que são certezas. A dúvida é a mola que impulsiona o cientista, o gestor, o governante para a investigação, com vista à persistente aproximação da certeza e da verdade, o que se processa por etapas sucessivas, sem nunca terminar. A permanente angústia da incerteza é produtiva, é o motor que faz avançar na estrada da vida porque há a esperança de, para lá da curva, poder estar a solução que se espera e deseja.
Na preparação da decisão, esta raramente assenta, do ponto de vista filosófico, numa certeza, mas sim na hipótese que, de entre todas as possíveis, apresenta um saldo mais positivo no balanço de vantagens e inconvenientes. Isto significa que a decisão abrange um grau de dúvidas, por vezes elevado, aceitando um risco de erro maior ou menor, pelo que quem não tiver coragem para aceitar o risco, acaba por cair na paralisia da indecisão, acolhendo a «certeza» da situação vigente e recusando a mudança.
Parece, pois, poder concluir-se que entre a certeza e a dúvida, será mais salutar preferir esta, definir os seus contornos e investigar no sentido de lhe reduzir as dimensões, na busca de um caminho que aproxime da certeza, do ideal, do objectivo desejado como alvo da acção.
As certezas ou as verdades são ponto de equilíbrio, quase ficção e virtualidade, dependentes de preconceitos, posições ideológicas ou religiosas que, tal como as bicicletas, apenas se aguentam em situações especiais e precárias.
Galileu Galilei (1564-1642) foi condenado à fogueira por defender precocemente uma certeza que contrariava a certeza «politicamente correcta» na época. Os detentores da verdade ou das certezas são defensores acérrimos da situação vigente e opostos a qualquer mudança, alteração ou reforma. São os criadores e protectores do pântano e da putrefacção das águas paradas. Quem diz só ter certezas e não saber o que são dúvidas ou mente ou tem o cérebro árido, conformado, sem inovação, criatividade e arte, isto é, sem vida. Mas tão perigosos como esses são aqueles que acordam pela manhã com a «ideia milagrosa» que «de certeza» vai ser a solução ideal para o problema, não admitindo críticas nem reflexões sobre outras hipóteses de solução, avançando em linha recta para baterem com a cabeça no muro ou despenharem-se no precipício. A convicção de nunca ter dúvidas é tão nefasta como a ilusão de estar na posse total da verdade, da certeza, principalmente quando essa posse é exclusiva deles.
Se a certeza pode ser inibidora da mudança, da acção e da progressão ou pode levar à precipitação imponderada, a dúvida, por outro lado, conduz a movimento reflectido, ponderado, na busca de soluções que a reduzam à expressão mais simples. O cientista, o sábio não sabem o que são certezas. A dúvida é a mola que impulsiona o cientista, o gestor, o governante para a investigação, com vista à persistente aproximação da certeza e da verdade, o que se processa por etapas sucessivas, sem nunca terminar. A permanente angústia da incerteza é produtiva, é o motor que faz avançar na estrada da vida porque há a esperança de, para lá da curva, poder estar a solução que se espera e deseja.
Na preparação da decisão, esta raramente assenta, do ponto de vista filosófico, numa certeza, mas sim na hipótese que, de entre todas as possíveis, apresenta um saldo mais positivo no balanço de vantagens e inconvenientes. Isto significa que a decisão abrange um grau de dúvidas, por vezes elevado, aceitando um risco de erro maior ou menor, pelo que quem não tiver coragem para aceitar o risco, acaba por cair na paralisia da indecisão, acolhendo a «certeza» da situação vigente e recusando a mudança.
Parece, pois, poder concluir-se que entre a certeza e a dúvida, será mais salutar preferir esta, definir os seus contornos e investigar no sentido de lhe reduzir as dimensões, na busca de um caminho que aproxime da certeza, do ideal, do objectivo desejado como alvo da acção.
4 comentários:
Caro amigo A. João Soares,penso que resolveu o seu problema de blog.
Um abraço
MR
Meu amigo
Quanto a mim este é um texto francamente bom.
Eu diria mais, que a dúvida exagerada assim como as certezas, se tocam no ponto em que tornam as pessoas impotentes para evoluírem. E ainda mais longe diria, que muitas vezes, assim se entra no fanatismo que torna as pessoas cegas e surdas.
O fanatismo torna as mentes entorpecidas e até cruéis, nem que seja pelo facto de não se aceitar outros pontos de vista.
Parabéns. Gostei muito.
Alexandra Caracol
Amigo Relvas
Felizmente, depois de muitas horas de sofrimento e várias tentativas infrutíferas, que me foram sugeridas por pessoas sabedoras, mas que não se ajustavam às especificaçõe do problema, apareceu uma segunda tentativa do nosso amigo Beezz que chegou à conclusão que a bomba atómica tinha inutilizado o modelo e era necessário escolher outro e ensinou como fazer. E lá consegui pôr em prática as dicas e o resultado está à vista.
Amiga Alexandra,
Obrigado pelo seu comentário. Realmente tanto a certeza como a dúvida, levadas aos extremos, são paralizantes. O perigo do fanatismo é uma realidade visível ao londo da história e nos tempos actuais.
Sobre isto sugiro a leitura do post «Religião e (in)felicidade» que inseri no A VOZ DO POVO em 11 do corrente. E tenho apontamentos de trocas de impressões em e-mail com umas amigas, sobre o perigo dos excessos em nome das religiões, em que defendo o seu ponto de vista.
Um abraço
João
Por que nao:)
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