quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Indecisão e irreflexão, extremos a evitar


A vida das pessoas, das empresas e das instituições públicas é feita de decisões consecutivas. Desde o momento de sair da cama até ao momento de deitar estamos em cada momento a tomar decisões, nem que seja decidir seguir a rotina habitual e pôr de lado alterações.

Quanto mais importantes forem as consequências de uma decisão mais cuidadosa deve ser a sua preparação, desde uma simples reflexão até a estudos com investigação de dados sobre o problema, mais ou menos demorada. O adiamento de uma decisão com o pretexto de analisar todos os dados e de ponderar todas as pistas e alternativas pode resultar em indecisão com prejuízos de oportunidade e de ausência dos benefícios da adopção da solução considerada melhor. Tudo na vida tem vantagens e inconvenientes e há sempre quem, por razões nem sempre confessadas, defenda uma solução que no seu todo não é a melhor. Por isso, o responsável pela decisão a tomar deve, após a análise ser considerada concludente, proceder à escolha da solução a adoptar sem se prender com mais oposições.

É esse ponto de vista que defende Jorge Sampaio em relação à urgência da adaptação da UE ao «processo de mudanças que o mundo vive», sem o que se agrava a «crise de resultados e de confiança». Segundo ele, é preciso ultrapassar "o impasse constitucional", "é urgente pôr termo ao período de reflexão", que, "de resto, até agora nem sequer deu grandes frutos ou mesmo pistas".
Este dedo apontado aos inconvenientes da indecisão aparece no artigo do DN de hoje com o título «Sampaio diz que basta de reflexão na EU»

Mas, o outro extremo a evitar é a irreflexão. É imperioso que se encontre o ponto de equilíbrio entre estes dois extremos, a fim de não se desperdiçar tempo e recursos em paragens, recuos e zigue-zagues nas actividades. Um exemplo de aparente irreflexão ressalta do caso da tão falada TLEBS, que tanta polémica tem levantado mesmo nos círculos mais evoluídos da intelectualidade nacional e a que os diários de hoje dedicam alguns títulos de que cito:

-TLEBS, por João Morgado Fernandes, DN, 061123, onde se lê que «a coisa é tão monstruosa quanto parece». E que «outro monstro que é a burocracia central do Estado, coadjuvado por outra praga da nossa administração que é a irresponsabilidade generalizada». «A tal da TLEBS vem, de resto, a contracorrente da tendência para uma certa estabilização no ensino».
- O Monstro está entre nós, JN, 061123, Última página.
- Governo admite recuar nos novos termos gramaticais, Pedro Sousa Tavares, DN 061123.

São referidos interesses das editoras dos manuais escolares e de elementos ligados aos «estudos» que geraram este monstro de sete crânios ocos. Parece, segundo os comentadores, que não é fácil atribuir responsabilidades por esta aventura «abstrusa», mas da qual não pode ser ilibado o respectivo ministério, o qual, sucumbiu às pressões daqueles interesses, mas já está aberto a voltar a trás. Este recuo não é novo; a irreflexão já é nossa visitante habitual: SCUDs, aumento da electricidade, «decisões» na saúde, etc.

Por achar curioso, transcrevo um e-mail que recebi de um professor que leva a TLEBS muito a sério:


O Sr. João Soares é ignorante deste assunto! Lamento! O Graça Moura escreve pouco mais do que parvoíces. Lamento ter de dizer isto assim. Já estou a ensinar a TLEBS aos meus alunos, sem maior dificuldade do que antes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro A. João Soares...já comentei este post na voz...mas o TLEBS é mais uma ignorância dos pseudo~intelectuais que ignoram a verdade...O país vai avançar com isso?Teremos tds que aprender as novas terminaçogias,os novos substantivos ou outras coisas a qiuem mudaram o nome?Ou podemos continuar a adjactivar como sabemos?...

Abraços
MR