quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Papa missionário corre riscos

A visita do Papa à Turquia corre sérios riscos, difíceis de analisar sem paixão e clubismo. Ao analisarmos um caso das relações internacionais e principalmente entre religiões, nada adianta utilizarmos o nosso ponto de vista, convindo vestir o casaco das outras partes e tentar perceber os seus pontos de vista, os interesses em jogo, os complexos existentes e os traumas mal cicatrizados.
Sugere-se a leitura dos textos aqui colocados com os títulos «Relações internacionais entre o amor e o ódio» e «Relações internacionais são interesseiras».Já foram noticiadas as reacções hostis por parte da Al-Qaeda. Há uma lógica perfeita nessa reacção, pelo que não se reveste de imprevisibilidade. Quando o Vaticano planeou esta visita, certamente, não deixou de ponderar as ameaças e as hipóteses mais graves e de tomar medidas para evitar a concretização das piores intenções.
Isto significa que o Papa foi corajoso ao enfrentar os perigos previsíveis. Também os governantes turcos que se encontraram com o Papa, têm consciência dos custos internos e no meio do Islão que essa condescendência representa.Isto não pode ser analisado sem ter presente que a visita se desenrola em ambiente de conflito de civilizações, de religiões e numa área geográfica que é palco de conflitos armados muito violentos.
Do ponto de vista cristão, o Papa está com boas intenções ecuménicas. Mas, do ponto de vista dos islamistas, é lógico que seja considerado inimigo da sua fé.
Oxalá que o regresso ao Vaticano decorra com serenidade e a alegria de um dever cumprido, e que tenha ficado o gosto por uma maior harmonia entre as regiões do Médio Oriente, entre as civilizações que ali se tocam e entre as duas principais religiões, com raízes comuns e um passado de lutas.
É desejável que os Deuses das duas religiões dialoguem e inspirem os seus seguidores.

3 comentários:

Anónimo disse...

O Papa não devia ter-se rebaixado dizendo que iria apelar à UE para a adesão da Turquia.Penso que aqui o Papa não terá sido feliz.

A Turquia quer que os aceitemos mas eles não nos aceitam.

E a abertura de Chipre?

Abraços
Mrelvas

A. João Soares disse...

Amigo Mário Relvas,

O Papa, ao dar apoio à entrada da Turquia na UE, agiu como político, como Chefe de Estado do Vaticano - um resquício dos tempos em que a Igreja tinha podet temporal sobre os reinos europeus - e quis ser simpático para o País anfitrião.
Isso tem os seus custos
Um abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Penso que o Mundo seria muito mais feliz sem religiões. Mas é apenas a minha opinião. Quanto ao Papa, penso que não fez uma avaliação de riscos minimamente cuidada. Porque se tivesse sido assassinado nesta viagem, seria uma catástrofe de dimensões apocalípticas. E as coisas já estão demasiadamente complicadas.
Quanto a mim, há carência de sensatez no Vaticano.