terça-feira, 2 de janeiro de 2007

A Democratização nuclear é previsível


No Irão, o previsível esgotamento das reservas de petróleo a curto ou médio prazo poderá justificar a transição para a energia nuclear, a fim de alimentar a economia e, em particular, as indústrias vitais do país. Mas também pode estar presente a intenção de continuação da ideia do Xá de impor o país como potência regional e mundial. Porque não? Se já há tantos países com armamento nuclear que mal faz haver mais um? Certamente que o mundo ficará um pouco mais perigoso. Mas então, perguntamos: porque não abolir todas – absolutamente todas – as armas nucleares existentes? Quando se fala em democracia e em assembleia Geral da ONU, onde os Estados têm voto igual, porque continuar a alimentar a discriminação entre os dominantes e os dominados com base nas diferentes potencialidades económicas?

Estas reflexões poderão ser mal interpretadas, Mas gostaria de ver os Estados respeitarem-se mutuamente, evitarem actos violentos e de domínio e passarem a utilizar a diplomacia com vista a criar um mundo mais harmonioso e cooperante no sentido de o relacionamento pacífico garantir uma vida mais cómoda, desafogada e feliz para qualquer ser humano à superfície da Terra. Não devemos alimentar as fórmulas colonialistas que assentem na ideia de que as sociedades mais antigas são menos inteligentes e capazes e só as mais recentes são detentoras únicas da verdade, pelo simples facto de terem maior poder económico. As crises entre os Estados tal como entre as pessoas, têm origem no sentimento de medo, desconfiança e insegurança. Para o evitar, é útil o diálogo e a negociação, quando muito com arreganhar de dentes, mas neste caso, já é conveniente a ajuda de um mediador, para evitar chegar ao uso da violência que apenas destrói haveres e mata pessoas.

Não parece predestinado ao êxito o esforço contra a disseminação nuclear liderado pelos detentores da bomba, que são os que, por esse facto, possuem menos autoridade moral, menor credibilidade para tal. Estes deviam começar por dar o exemplo desfazendo-se de todas as peças do seu arsenal nuclear e, depois, convidarem o Mundo a abster-se da ambição de obter tais meios demasiado mortíferos. No Mundo já há demasiadas armas nucleares, desde os países que as possuem desde a guerra Fria, à Índia, ao Paquistão, com sérias hipóteses de as haver na Coreia do Norte e no Irão e de programas nucleares no Iraque, na África do Sul, em Israel e possivelmente no Brasil..., o que levou Abel Coelho de Morais a escrever um esclarecedor artigo o Diário de Notícias de hoje, 2 de Janeiro. Estamos perante um tema muito preocupante, principalmente por a ONU não ter demonstrado a mínima ponta de autoridade em questões de segurança internacional.

7 comentários:

Anónimo disse...

Defendo, por princípio, um desarmamento nuclear de todos os países.

mas, fica a pergunta: Quem ou que entidade poderá, quererá, será indicada para zelar pelo total cumprimento de uma decisão semelhante?
Com a ONU, não se conte! já foram dadas suficientes provas de que não serve os desígnios para que fpi formada.

Resta, assim, continuar-se num estado de vigilância mútua entre cada potência, para que o equilíbrio de forças possa desencorajar algum louco que apareça.

Saudações amigas.
Jorge G - O Sino da Aldeia

disse...

O efeito dissuasor com que os USA justificaram o uso das duas primeiras bombas atómicas no Japão, foi mais uma grandessíssima mentira por parte desses senhores.

Iniciaram a corrida, resta aguardar quem chega em último…

A. João Soares disse...

Qualquar arma se presta ao perigo de um louco causar muitos danos, mas a arma nuclear tem uma tremenda capacidade de destruição, não apenas na área do alvo mas também com a radioactividade que permanece por muitos anos, e com a «precipitação» das poeiras radioactivas que, conforme as condições meteorológicas podem dar a volta ao mundo e contaminar áreas difíceis de prever.
O ideal seria a abolição total das armas nucleares. Mas como?
A ONU, realmente nada pode. Prometeu um referendo na Caxemira há mais de 50 anos e ainda não teve lugar. Também prometeu um referendo no Sara Ocidental e ainda não se realizou. Tem sido desautorizada em todo o lado, como recentemente no Darfur, Sudão.
A falta de disciplina no Mundo dá força aos argumentos do Clube de Bilderberg que se propõe criar um Governo único Mundial.
A geração agora no Poder vai deixar como herança á geração dos seus netos um Mundo em crise profunda, sem valores que orientem o rumo a seguir.
Um abraço
João

Anónimo disse...

Caro João Soares

O desenvolvimento das armas nucleares começou com Hitler. Caso ele as tivesse conseguido a tempo, não estaríamos decerto a escrever livremente nos nossos tão queridos blogs. Ou nem sequer existiríamos, já que não fazemos parte da "raça ariana" (eu pelo menos).
Sem entrar em juízos de valor, os americanos anteciparam-se ao ditador nazi e fizeram detonar duas bombas nucleares no Japão. O que, talvez, tivesse abreviado o fim da guerra com os nipónicos. Fica a dúvida. Mas esses tempos não eram propícios a decisões ponderadas.
Depois foi o que se sabe. E a segunda metade do século XX caracterizou-se pela corrida aos arnamentos. Viveu-se aquilo a que se chamou o "equilíbrio do terror". Mas uma coisa parece certa: o nuclear, como meio de disuasão, funcionou. Nenhum dos responsáveia carregou no botão.
Depois, com a derrocada do impéro soviético e a consequente falta de controlo na produção e tráfico de material nuclear, o mundo tornou-se muito mais perigoso. O nuclear está ao alcance de todos.
E agora temos à nossa frente um dilema terrível: acabar com todas e quaisquer armas nucleares ou enfrentar uma proliferação totalmente descontrolada.
Mas parece-me completamente irrealista acreditar que as maiores potências nucleares escolham a primeira opção. Vão querer manter na mão um trunfo de valor inestimável. O que quer dizer que, por mais moralistas que apareçam a reclamar, vai prevalecer a segunda opção.
E não tenhamos dúvidas. Vai aparecer em cena alguém suficientemente louco e iresponsável para carregar no tal botão. É uma questão de tempo.

A. João Soares disse...

Caro deprofundis,
A sua intervenção na análise deste assunto foi muito oportuna e veio trazer um esclarecimento útil. Concordo com as suas conclusões. Já não é possível voltar atrás, Ninguém «desinventa» aquilo que já exite e está muito espalhado pelo mundo, mais do que possamos pensar. A crise posterior à queda do império soviético, espelhou pelo mundo muito armamento de forma descontrolada e as pequenas bombas devem estar em mãos pouco sensatas. A Al-Qaeda saberá muito sobre isto! E o louco Kim il-Jong não se importará de marcar presença numa tal brincadeira nos países vizinhos, ou, por meio de estafetas de confiança, no outro lado do Pacífico.
O resultado de isto, devido à desconfiança, ao medo de ataques terroristas, as potências defendem-se, eriçan-se e a Paz estará sempre no fio da navalha, podendo a guerra disparar a qualquer momento.
É uma meditação pouco adequada ao início de um ano em que deve preponderar a esperança, mas não pude dixar de ser estimulado a pensar nisto depois de ler o artigo no Diário de Notícias. E devemos sr realistas. Nada resolve fechar os olhos e meter a cabeça debaixo da areia, ao estilo da avestruz.
Obrigado pela sua achega. Apareça sempre.
Um abraço
João

Celle disse...

João concordo quando diz que se deve esgotar todas as conversações, antes de pegar nas armas. O povo nunca quer guerrear. Nossos filhos, nossos jovens soldados vão à luta por obrigação, não possuem escolha! São as autoridades, as forças ocultas inclusive o interesse comercial de vendas de armas que as provocam. Por que apenas, eles, as autoridades interessadas, não entram em luta livre e se degladiam entre sí, e deixam nossos filhos e netos seguirem seus estudos, suas vidas!
São tantos os sofrimentos, mortes, destruições que no final a glória não compensa!E, as atoridades não são burras, sabem disso e mesmo assim declaram as guerras precionadas pela vaidade, ganãncia,poder, o que a meu ver resultam sómente em covardia, sofrimento, destruição e morte.As perdas são tantas que nem cogitam direito, sobre as vantagens, as desvantagens, das glórias e os prejuizos obtidos.
Fóra as guerras...
Celle

A. João Soares disse...

Querida Amiga Celle,

Que bela surpresa saber que tem prazer em viajar por estas páginas antigas que são do tempo em que estava a dar os primeiros passos neste blogue.

Realmente as guerras beneficiam acima de tudo aos fabricantes de armamento e, depois, aos homens dos negócios na região. Os políticos têm que subordinar-se aos interesses desses poderosos. Qualquer crise só sacrifica os já sacrificados, e beneficia os que estão no topo da fortuna.
E a «evolução» dos tempos mais recentes mostra que os muito ricos serão cada vez mais ricos e os pobres ficarão mais pobres. Os da classe média tendem a juntar-se aos pobres. Tende a ser assim até que haja uma revolução mas, mesmo depois dessa, a distribuição de riqueza pouco se altera nas suas linhas gerais.

Beijos de muita amizade
João