Passei há pouco por dois ex-libris de Cascais em adiantada fase de demolição – o Hotel Estoril-Sol e a Praça de Touros. Escrevo aqui a reflexão que essa observação me sugeriu por julgar de interesse para o Ludovicus, por me parecer ser, do pequeno grupo em que me movimento na blogosfera, o que mais se pode interessar por estas coisas em virtude da sua formação e profissão.
Devido à forma sistemática como estão a decorrer os trabalhos e demolição de que resulta um monte de areia e uma quantidade de ferro, concluo que os futuros arqueólogos não encontrarão ali o mínimo vestígio das obras que lá estiveram e que foram peças significativas da paisagem urbana durante muitas décadas. Os estudiosos que nos podem deleitar com relatórios sobre Conímbriga, Miróbriga, de antas, castros pré-históricos e tantos castelos de que sobram poucas pedras, ficam impossibilitados de se documentarem acerca da actual civilização. Tudo o que se constrói é rapidamente perecível e, quando se trata de demolir , nada se deixa para a história. Somos uma geração sem rasto.
Também nos arquivos documentais, poderá ocorrer facto semelhante. Hoje podemos ler manuscritos de vários séculos passados. Mas já temos dificuldade em ler aquilo que guardámos em disquetes, os CDs são substituídos por DVD e estes, dentro em pouco, após serem substituídos por sistemas mais modernos, também não terão máquina que os leia. Na música, os discos de gramofone, já não podem ser lidos, tal como os de 78 rotações e os de 33. Os leitores não são substituíveis quando se avariam. Na imagem, já não há rolos para máquinas fotográficas antiquadas, a máquinas de filmar de 16mm, 8mm e super oito já pertencem a museus e as de projectar saíram há muito dos mercados. Ter uma boa colecção de filmes, vai significar zero.
Parece que estou a exagerar, mas as dificuldades já são manifestas e, no futuro, tornam-se impossibilidades.
Gostava de ter um comentário do Ludovicus acerca deste tema que é da sua especialidade, ou pelo menos do seu agrado.
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
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