Para reduzir a quantidade de falsos alarmes por telefonemas para o 112 – rede de emergência – as empresas operadoras de telemóveis foram obrigadas por lei a anularem a confidencialidade dos números dos telefones que fazem chamadas para este destino. Assim, a central sabe sempre qual o telefone que efectuou a chamada. Obviamente, a finalidade será identificar e punir o «brincalhão» que foi emperrar o serviço, reduzindo-lhe a disponibilidade para casos de necessidade urgente de socorro.
Parece que ninguém discordará desta medida porque, contribuindo para desencorajar brincadeiras abusivas lesivas de pessoas em situações de aflição, mantém a central mais disponível para as verdadeiras urgências e, em consequência, para a efectivação das operações de socorro. Mas, e há sempre um mas, de pouco valerá saber o número do telemóvel se esse número não conduzir ao seu proprietário E isto não será possível se não houver uma lista centralizada e actualizada dos telemóveis existentes. E não há.
Há dias, comprei um cartão para um telemóvel que uma amiga (por ter mudado para outro modelo) ofereceu a uma familiar minha. Entrei numa casa da especialidade para saber como é que se fazia o contrato. Esperava ter de comprovar que o telemóvel não foi roubado e levava o número da anterior proprietária, para ela, por telefone, poder testemunhar, levava o BI, o cartão de contribuinte, e o cartão de eleitor da minha familiar. Tudo isso foi desnecessário e venderam o cartão com um número atribuído, sem qualquer registo do cliente, como se se tratasse de uma simples bateria.
Fiquei espantado com tanto desprezo pelas mais elementares medidas de segurança e, agora, concluo que a legislação atrás referida se torna de pouca ou nula utilidade. Os legisladores ou ignoram as realidades do assunto, o que não estranha se tivermos presente aquilo que se passa no dia-a-dia, ou estavam muito distraídos, por terem problemas mais importantes a resolver, provavelmente, com os seus estudos para melhorarem o seu grau académico.
Pensamento da semana
Há 2 horas
3 comentários:
Caro João Soares,
tem toda a razão. Hoje os cartões são como os diplomas.Compram-se, mais nada!!
caro amigo, pergunto-lhe porque é que astoridades não investigam os anuncios de prostituição, bem explícitos nos jornais, nomeadamente CM, JN e outros, até aqui em Brag se vê no CM (da camara)...
A maioria perfiguram o crime de lenocínio...bem explícito no CP,mas alguém quer saber??
Abraços
MR
Existe algo que se chama SYBASE, uma empresa que trata das bases de dados wireless (sem fios) de várias empresas, incluindo as de telemóveis. Em Portugal, para além da SYBASE, operam também a IBM, DB MICROSOFT e ORACLE.
No caso de investigação necessária, sabe-se sempre quem telefonou, de onde, a que horas, podendo mesmo ser obtida uma gravação da conversa em questão.
O que acontece é que ainda não estão disponibilizados os meios para infracções menores, no que diz respeito aos telemóveis, uma vez que sairia caro demais o acesso a tais informações. Não existe ainda organização suficiente em Portugal para trabalhar tão eficientemente no controle de bases de dados... mas os polémicos mecanismos de centralização de poder que se estão a erguer em Portugal estão a caminhar nesse sentido.
Em contrapartida - tal como expônho em meu blogue - existe um enorme perigo destas empresas de controle de bases de dados serem parte de um sistema de controle tecnológico absoluto sobre a população.
Sem controle ficamos sujeitos a injustiças, com controle absoluto ficamos sujeitos a ditaduras.
Agradeço as visitas de Relvas e Nicolaias.
Nestas questões de segurança, levanta-se sempre o dilema quanto mais segurança menos liberdade e vice-versa. Isto foi muito debatido quando, após o derrube das torres gémeas em Nova Iorque, se desenvolvia a tendência para aumentar a segurança e o controlo de pessoas.
Há uma coisa que devia existir em maior quantidade: o civismo, o respeito pelos direitos dos outros, a preocupação em não prejudicar outrem. Com isso teríamos mais liberdade e mais segurança, seríamos todos mais felizes.
Este meu post ironizava com a ausência de controlo dos telemóveis, que retira eficiência ao registo no 112 de «quem» telefona. O facto de saberem que telefonou o 9644a6c8b não significa que saibam quem foi a pessoa que o utilizou, pregando uma partida ao serviço. Estranho que qualquer pessoa sem se identificar possa obter um número de telemóvel.
Abraços
A J S
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