quinta-feira, 5 de abril de 2007

Universidade tolera violência contra docente

Por solidariedade com a generalidade dos professores, nomeadamente, os que visitam este blogue, transcrevo este artigo do Diário de Notícias de hoje, apesar de já ter trazido aqui este tema, que mereceu comentários interessantes de alguns visitantes. É lamentável que as universidades estejam, com demasiada frequência a dar uma péssima imagem de instituições de que era esperado um comportamento exemplar, dada a sua responsabilidade na formação de futuros dirigentes e gestores da vida nacional, nos mais diversos sectores. As Universidades deveriam ser os últimos locais de onde saíssem actos de menor idoneidade. Não é admissível que delas saiam actos de bandalheira inqualificáveis, mas sim de alta dignidade e honradez, na senda da excelência no culto dos mais altos valores éticos e cívicos..

Universidade acusada de branquear agressão
Pedro Sousa Tavares, DN, 070405

Um aluno da Universidade de Évora (UE), já condenado pelo crime de ameaça de forma continuada a um professor, continua a frequentar as aulas sem ter sofrido qualquer sanção. A vítima, Carlos Cupeto, que está de baixa médica há quatro meses, garante que, entretanto, as ameaças evoluíram para agressões físicas. E acusa a universidade de ter branqueado este caso.

"A universidade reagiu sempre, mas nunca agiu", disse, durante uma conferência de imprensa promovida pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof). "O reitor, depois de ter recebido 200 e-mails e telefonemas, emitiu um comunicado, em Novembro, onde dizia que a lei não lhe oferecia soluções para actuar".

A instituição sustenta não poder actuar, por ainda não existir estatuto disciplinar dos alunos do ensino superior. A Fenprof desmente a tese: "Existe legislação de 1932 que se enquadra nestas situações e há pareceres jurídicos a comprová-lo", defendeu João Cunha e Serra, responsável deste sindicato para o ensino superior.

"Esmurrado e pontapeado"

Os incidentes remontam a Junho de 2004, quando Carlos Cupeto reprovou o aluno Rui Robalo à disciplina de Geologia do Ambiente. Das ameaças que se seguiram resultou a primeira condenação em tribunal. Mas, desde essa altura, garantiu o professor, as intimidações sucederam-se. "Acentuavam-se sobretudo nas épocas de atribuir as classificações. Cheguei a receber dez telefonemas por noite".

O culminar destes casos, contou, aconteceu no dia 16 de Outubro, em que o aluno o terá agredido: "Fui atacado pelas costas. Esmurrado e pontapeado", acusou. "Entretanto", acrescentou, "no dia 1 de Abril, o meu irmão foi agredido por ele e ameaçado com uma arma branca".

Actualmente, quatro queixas aguardam julgamento. Os advogados de Carlos Cupeto já pediram ao tribunal que Rui Robalo, actualmente sujeito a termo de identidade e residência, seja impedido de contactar o docente ou de entrar na universidade. O visado já desmentiu ter praticado qualquer agressão. Não foi possível contactar a UE.

1 comentário:

A. João Soares disse...

Transcrevo uma pequena crónica irónica da última página do JN de 070406:

Conselhos aos docentes

Até ao fim do 2º período, ou seja, em 121 dias de aula, foram agredidos 157 professores nas escolas portuguesas, mais de um por dia. E, no período de avaliações e notas anterior às férias da Páscoa, a média disparou para dois por dia. Os números são da Linha SOS Professor, mas a ministra continua a dizer que se trata de casos "pontuais" (e, na verdade, muitos professores acabaram no hospital, tendo sido suturados com número indeterminado de "pontos"). A culpa é, obviamente, dos próprios professores, que, apesar das instruções do Ministério para que se acabe com o insucesso escolar, continuam a dar más notas. E, pior, a dar os programas. Fossem eles tão avisados como os seus colegas ingleses, que (veio agora no "Daily Mail", citando um estudo governamental) deixaram de falar do Holocausto e das Cruzadas nas aulas com medo dos alunos muçulmanos, e adaptariam os programas aos interesses dominantes de grande parte dos alunos das nossas escolas públicas futebol e toques de telemóvel. A Matemática, o Português, a História, a Física, etc., seriam dados só em colégios privados. Para que é que um futuro desempregado precisa de saber Matemática ou Física? Se vier mais tarde a precisar de um diploma, poderá depois obtê-lo na Universidade Independente.