Ota será esclarecida?
No «bom» estilo de governação a que nos têm vindo a habituar, mas à qual o povo aprendeu a reagir por todas as formas legítimas, e em que foram demasiado notórias as decisões impensadas do ministério da Saúde que o levaram a vários recuos no fecho de maternidades, de centros de saúde e urgências, aparece agora a hesitação quanto à Ota.
No processo da localização do NAL – Novo Aeroporto de Lisboa – algo está errado. Não é normal que um estudo isento, imparcial, movido pelo interesse do País, acima de qualquer interesse partidário ou particular, suscite tantos reparos de pessoas descomprometidas, e com argumentos irrefutáveis, e perante isso, haja uma ausência de argumentos válidos do lado do Governo, ao ponto de, na falta de melhor, ser referido o deserto da margem sul e a vulnerabilidade das pontes a actos terroristas.
Mas, segundo o Diário de Notícias, insuspeito na sua afeição ao Governo, este «começa a admitir recuar na escolha da Ota para localização do novo aeroporto internacional de Lisboa. O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, deu ontem sinal disso, em declarações à TSF: ‘O problema da localização está decidido a esta luz [dos "grandes debates" ocorridos em 1999 e 2000]. Mas estamos abertos a discutir todas as matérias.’"
Também, uma fonte governamental ligada a este processo "traduziu" ao DN esta afirmação do ministro: "Tudo pode voltar atrás."
Trata-se de uma reacção inteligente, embora tardia, às repulsas do País, perante a obscuridade em que o processo se mantinha em que a informação apresentada de forma mais convincente era que condenava a Ota como destino do aeroporto. Há, pois, vantagem em o povo não se resignar com aquilo que acha mal e deve usar o deu direito de manifestar a sua indignação. Em democracia, pelo menos teoricamente, a soberania pertence ao povo que a delega em eleitos, mas estes não devem ser desleais aos interesses desse povo que neles confiou.
É de lamentar que, apesar dos números assessores que o povo paga, para ajudarem os governantes a prepararem as suas decisões, não sigam os bons métodos dos estudos para que sejam escolhidas as melhores soluções para os problemas nacionais, numa óptica patriótica acima dos interesses partidários do momento. Será que os erros aqui apontados servirão de lição para evitar a sua repetição? Seria desejável.
DELITO há dez anos
Há 7 horas
11 comentários:
Ah meu caro João, mas ainda é preciso fazer tanto para que não deixem este país morrer!
Um abraço
Cara Meg,
Tem toda a razão. E pensar assim já é um início de caminhada. Os cidadãos não podem recear manifestar-se. Têm o poder na mão. Não devem resignar-se. «água mole em pedra dura tanto bate até que fura». «Grão a grão enche a galinha o papo». É preciso ir ganhando batalhas até à vitória final.
Beijinhos e bom Fim-de-Semana
Então o estudo não foi isento? Pelo menos de honestidade, de consciência, de imparcialidade e de profissionalismo, de certo que foi.
A “reacção inteligente” que refere, não será o resultado do peso do antagonismo?
Essa sua dúvida sobre a imperiosidade do novo aeroporto ma Ota até pode ser considerada anti-patriótica.
Calma com isso.
Todo o cuidado é pouco.
Caros Mentiroso e Azurara,
Há umas décadas que o conceito de «defesa nacional» deixou de ser restrito à acção militar para ser alargado a todos os sectores da vida nacional que podem realizar ou afectar os «interesses nacionais». O desenvolvimento do País, a qualidade de vida da população e a sua projecção no mundo depende de muitos vectores além dos militares. E o termo patriotismo pode ser aplicado a todos os actos que contribuam para a «defesa nacional em sentido lato». Por isso temos visto, ao longo dos anos a atribuição de condecorações a indivíduos como reconhecimento da sua contribuição para o engrandecimento de Portugal. Provavelmente isso será mais uma vez constatado no próximo 10 de Junho.
Daí que a decisão de investimento de uma avultada quantia de dinheiros públicos numa solução que não seja a melhor estudada e justificada em termos de interesse nacional, poderá se considerada anti-patriótica. As decisões que assentem mais em interesses de concorrência e guerrilha partidária do que nos interesses nacionais, não poderão ser, certamente, classificadas de patrióticas.
Caro Azurara, ter dúvidas não é patriótico nem ao contrário. Ter certezas é que o pode ser. A dúvida é característica do cientista, humilde, que a usa como estímulo para continuar a investigação a fim de a reduzir. Dessa forma, a ciência evolui. Com certezas nada muda.
Quanto à interrogação do amigo Mentiroso sobre a isenção do estudo, ela é legítima. Mas se a tivesse havido, não se justificaria tanta objecção da parte de tantos técnicos e a impossibilidade de o ministro das OPC apresentar, em sua defesa, argumentos válidos, convincentes que acalmassem os objectores. E não seria necessário o Governo agora ter de recuar nas posições que teimosamente defendia com tanta «certeza» sem qualquer «dúvida».
O que é lamentável e não é patriótico, é o desgaste de dinheiro, de tempo e de paciência à volta deste e de outros assuntos, quando apenas movido pela guerrilha partidária, esquecendo que está em jogo um problema de muito interesse nacional envolvendo grossa quantia de dinheiro público.
Cumprimentos
Caro amigo A João Soares:
Sinceramente creio que poucas dúvidas jé restarão às pessoas sobre a calamidade da Ota.
Este episódio (oxalá de tal se trate, mesmo!) não passará de matéria que já está no anedOTÁrio nacional.
O problema, agora, é voltar atrás.
Não sei se será fácil, a gente tão arrogantemente convencida dos seus saberes, dar a mão à palmatória.
Ou, desfazer acordos ou outro tipo de enleios que entretanto tenham sido criados. Francamente...não sei.
Esta aparente pausa para repensar poderá ser apenas estratégia para avançar depois com mais força.
Dizem então que estiveram a refletir melhor dadas tantas interrogações e críticas, mas que, vistas bem ponderadamente as coisas, chegaram á conclusão de que estavam certos na "marcha" para a Ota.
Aguardemos...sempre atentos e desconfiados, pois "o inimigo" pode apenas estar a fazer manobras de diversão.
O senhor, que foi militar de carreira, como creio, o que acha desta minha prespectiva de amador?
Receba um abraço e, já agora, os militares de carreira são uns gentlemen, sim senhor.(cf. um mail que me enviou sobre um
militar que terá sido malcriado.)
Caro Jorge Sineiro,
Repito aqui o comentário deixado em Do Miradouro:
Não sou mais do que um cidadão que procura, sem grande esforço, estar atento aos problemas nacionais. E ouso utilizar a liberdade de expressão que me é concedida pela Constituição da República. Pessoalmente o desfecho do caso do NAL - novo aeroporto de Lisboa - não me afecta, mas preocupo-me com tanto dinheiro gasto sem se clarificar bem o assunto. Há opiniões respeitáveis que são contra a Ota e não vejo argumentos que nos mostrem que a vantagem cai para o lado dela. E incomoda-me que se desperdice tempo, dinheiro e paciência com tricas partidárias esquecendo os interesses nacionais que estão em jogo e que devem sobrepor-se aos interesses dos partidos na sua corrida ao Poder.
Nesta corrida, como diz o Jorge Sineiro, estão a ser utilizados muitos malabarismos, truques, simulacros, embustes, pouco sérios.
Vejamos como isto vai terminar, perante a indiferença da generalidade da população.
Um abraço
A. João Soares
Antes de mais, bravo por este blog de cidadania e onde reencontro a mensagem da defes nacional nas suas componentes nãi mi.itares como se ensinava no ID ( Agora está decadente). Creio que A João Soares tem toda a razão contra a Ota. E ao contrário do que grita o ministro Mário (Ca)Lino (enfim...é o mínimo) todos os estudos realizados colocam a ota em segunda escolha, como mais cara. Basta perguntar por que razão todas as construtoras internacionais - francesas, espanholas - se desinteressaram do consórcio e só lá estão as portuguesas do betão. Porque não querem o pântano.. p o pântano do Engº Guterres, lembram-se?
Na passada sexta- feira no chat do Portugal diário mostrei o nosso 22 FACTOS ( dos 22 autores de o Erro da Ota) apresentados À AR e que lá serão utlizados no debate
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=816537
Caro Professor Mendo C Henriques,
Obrigado pela sua atenção em visitar este espaço e em deixar uma opinião com o peso do seu saber e do conhecimento específico deste tema.
Os meus cumprimentos
Caro João Soares, ter dúvidas e tomar decisões sérias é o passo para o avnço do País, emperrado constantemente nas certezas de alguns políticos.
Este seu blogue, estes seus testemunhos são refelexo da sua experiência de vida e muito válidos.
Recordar-se-á do que diziam do general Costa Gomes, mas hoje pode-se ler no CM um pequeno capítulo onde se exorta o general pelo seu contributo militar e para com a Pátria!!
Pode lê-lo visitando o post "A competência é que nos salva em combate"!
Abraço
MRelvas
As dúvidas são um acicate para a investigação, para o progresso. As certezas são sinal de inépcia de auto-satisfeitos incapazes de darem um passo em frente, por estarem conformados com o nicho, o tacho, o poleiro que julgam eterno.
Como li há dias: «Muita gente tem qualidade de vida e é feliz; os outros vivem em Portugal!» Estes são os que têm certezas.
Um abraço
A J S
Enviar um comentário