As eleições para a Câmara Municipal de Lisboa levantam uma oportunidade para profunda reflexão, em vários aspectos, mas, para simplificar, vou apenas aqui deixar algumas dúvidas que merecem ser esclarecidas pelos «sábios» politólogos.
A existência de candidatos independentes constitui um fenómeno que nos faz pensar no papel dos partidos. Estes, pelos vistos, não dispõem de capacidade suficiente para interpretar as vontades dos eleitores de participarem na vida do País. Deixam nos intervalos largo espaço para o aparecimento e a manobra de candidatos independentes. A esse fenómeno alia-se um outro, o de esses candidatos, apesar de lhes faltar o apoio de uma máquina partidária, conseguirem mais votos do que os candidatos dos partidos de que são originários, como são os casos agora, do PSD, nas Presidenciais do PS (Manuel Alegre versus Mário Soares), nas autárquicas do PSD em Oeiras e Gondomar, e do PS em Felgueiras. Nas eleições para a CML, a candidata independente ex-PS, embora não tivesse tantos votos como o candidato do partido, desviou suficientes eleitores, tornando impossível a maioria absoluta deste. Isto evidencia que os partidos se mostram incapazes de compreender e assumir os desejos das populações que pretendem representar e defender, não inspirando a confiança suficiente para atrair os seus votos. Com esse distanciamento, não conseguem mobilizar os seus filiados, deixando-os fugir para as candidaturas independentes e não captam os votos dos eleitores que acabam por se concentrar nestas candidaturas em que vêm alternativa válida para suprir as incapacidades dos partidos, demasiado preocupados em fitar o próprio umbigo e, por isso, impedidos de ver o povo e as suas necessidades. Mas a falta de mobilização, de uma forma geral, fica bem evidenciada na enorme abstenção, na grande quantidade de eleitores que decidem não ir votar, certamente, por não verem utilidade nessa sua participação democrática.
Cabe aos políticos olharem atentamente para estes problemas eleitorais, procurarem diagnosticar os parâmetros da situação e equacionarem as medidas a tomar para revitalizar a Democracia que, como se viu, está doente a agravar-se de umas eleições para as seguintes.
A Decisão do TEDH (397)
Há 36 minutos
8 comentários:
Concordo, só não acredito que esse tal "trabalho" de diagnóstico e revitalização democrática caiba tanto assim aos políticos, pelo menos com esta classe política que hoje em dia nos é imposta. Creio que a reviravolta caberá em primeiro lugar à população votante ou não.
Abraço.
Caro Corcunda,
Seria mais «barato» em custos político-sociais que fosse feito pelos políticos. Mas concordo consigo, não se pode esperar muito destes tipos. Hoje a pior ofensa que se pode fazer a uma pessoa de bem é chamar-lhe político ou dizer-lhe que até parece um político.
Quanto à solução partir dos eleitores, já começou. O apoio aos independentes já mostra o descrédito dos partidos. Por outro lado, a abstenção de quase dois terços do eleitorado, é uma prova evidente de que o povo não tem confiança nos políticos e acha que tanto faz ganhar um ou outro, por todos serem maus.
Abraço
Há aqui qualquer coisa que me está a escapar.
O que é que os partidos têm a ver com os interesses dos cidadãos?
Caro De Profundis,
Admiro sua perspicácia e a forma sintética como a traduz. Detecta as minhas utopias de homem idealista e bem intencionado que vive num mundo tão perfeito como todos desejaríamos que fosse!
Claro que nada têm a ver com o interesse geral, apenas se preocupando com os do clã que os engrossa. Mas uma empresa que não procura agradar aos seus clientes está fadada a ter de um dia fechar as portas. Só o que os políticos não sabem as artes de empresário, nem sequer de um roulote de cachorros quentes!!! Se soubessem gerir um quiosque fariam melhor emprego dos dinheiros públicos.
Abraço
O PSD afunda-se, precisava de sangue "novo".
O CDS já era...
O PCP é sempre igual...
O PNR é uma treta...
O PND é o Monteiro numa visão que ninguém entende...
O BE é outro que veio buscar uma franja desiludida do PCP...
Que renovação têm os partidos?Hoje já não se discutem ideais, mas acessores.Todos prometem o mesmo.
As autarquias são feudos!
Os partidos estão doentes...
A democracia vai por aí...
Abraços
Mário Relvas
Pronto, caro João, o amigo Mário Relvas disse exactamente aquilo que penso, duma forma que eu não seria capaz de fazer.
Conciso e sintético!
Um abraço
Mário Relvas e Meg,
Infelizmente isso é a realidade. «A democracia vai por aí...»
Mas nós temos que impedir que esta entidade invisual se despenhe no precipício. Temos que dar gritos de alerta com oportunidade e em voz bem audível para que o acidente fatal não ocorra. Mesmo que isso nos traga dificuldades como está a acontecer ao António Balbino Caldeira por ter alertado o «engenheiro» Sócrates de que havia papéis em seu nome com erros graves.
Abraços
Sobre este tema tem interesse o artigo do JN de 18-07-2007 Ter ou não ter partido.
Abraço
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