terça-feira, 24 de julho de 2007

Governo utiliza trabalho infantil

Alunos "interessados" custam 30 euros

Catarina, 14 anos, já entrou nos Morangos com açúcar e costuma ser chamada pela agência de casting onde está inscrita para fazer figuração em novelas ou em anúncios. Desta vez foi um pouco diferente: ela e mais nove colegas da NBP Casting foram contratados para fazer figuração na apresentação do Escola - Plano Tecnológico da Educação.

"Chamaram-me e eu vim", diz Catarina, que vai receber 30 euros por uma manhã de trabalho. Há um funcionário do Ministério da Educação que interpreta o papel de professor e aos miúdos cabe representar os alunos interessados que sabem usar as novas tecnologias. "A Ana foi à pastelaria e comprou 12 bolos. Em casa, a família comeu metade. Quantos comeram?" Seis, claro. Foi, diz Ana Rita, de sete anos, um dos papéis mais fáceis da sua curta carreira: "Já entrei na Ilha dos Amores. E gosto muito de computadores."

Interpelados sobre o assunto, o primeiro-ministro José Sócrates e a ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues não se mostraram preocupados por estarem a estimular o trabalho infantil. "O evento foi organizado por uma empresa que é profissional e por isso quis mostrar como funciona o equipamento", explicou a ministra. No final da apresentação, Sócrates congratulava-se pelo Plano Tecnológico: "com este projecto, o Estado cumpre o seu dever de liderar, de mostrar o caminho". Embora o Estado nem sempre dê o melhor exemplo. - M. J. C.

NOTA: Num momento em que se procura combater o trabalho infantil e se acusam os pais que utilizam a ajuda dos filhos durante as férias e tempos livres em actividades que até podem ser consideradas de aprendizagem prática da vida, o Governo dá um mau exemplo. E, ao olhar para a imagem do Diário de Notícias, vemos crianças que estão a fazer de alunos, um funcionário que está a fazer de professor e um indivíduo parecido com o engenheiro Sócrates que parece estar a fazer de primeiro-ministro. Enfim, um País de «faz-de-conta», com o dinheiro dos contribuintes a pagar o trabalho infantil. E, de acordo com as palavras destes «trabalhadores», eles já são profissionais com largo currículo! Onde chegaremos, por este caminho?

9 comentários:

Anónimo disse...

O mais grave de tudo é a mentira grosseira que o Governo nos pretendeu impingir. Sócrates e a sua ministra "pilatos" pretenderam fazer crer que estavam numa sala de aulas. Afinal não pasava de uma peça de teatro.
Nem no tempo de Salazar se via tal desaforo.
Rua com essa gentalha. Já!

Amaral disse...

João Soares
Já diz o ditado "Que bem prega Frei Tomás...".
A "armadilha" era boa, mas foi desmistificada e com tanto tartamudear por parte do PM ainda conseguiu dizer à jornalista "Você tem cada uma".
Palavras para quê?

A. João Soares disse...

Isto (a política nacional) nem é teatro é palhaçada. Se bem olharmos para as inúmeras aparições deles em público verificarmos que tudo é faz-de-conta. Como acreditar nos belos discursos?
Abraços

CORCUNDA disse...

Isto já para não falar no "trabalho idoso" com os velhinhos transmontanos desviados das excursões para se irem manifestar à porta do Altis, na vitória do António Costa em Lisboa.
Abraço.

Ana M. disse...

Como deveremos classificar estas palhaçadas senão como arremedos infelizes de actos tão censurados em tempos da outra senhora?
Também peguei no mesmo tema que considero bastante sugestivo.

A. João Soares disse...

Falta regulamentação do trabalho infantil, ou ele é totalmente proibido? É um assunto a esclarecer.
O Governo deu cobertura a esse trabalho e, como não há regulamentação, todo ele está autorizado, mesmo o mais árduo e perigoso.
Outro aspecto é a deslealdade para com o espectador que pensa estar a ver uma escola em funcionamento e nada passa de uma representação. A partir de agora, temos o direito de duvidar de todo e qualquer cenário apresentado pelos governantes e das suas palavras. Não merecem a mínima confiança.
Quanto aos velhinhos campónios do interior para a manifestação,em louvor de Costa, que era uma festa alheia aos seus interesses, é um abuso próprio de Estaline, que nem Salazar ousava imaginar!!!
Abraços

Lúcia Duarte disse...

a que ponto chegámos!
campanhas contra a utilização de trabalho infantil e, depois, assistimos a situações como esta.
o nosso belo país parece estar entregue à mentira, à hipócrisia e aos interesses pessoais dos politicos. temos de mudar isto!

A. João Soares disse...

Cara Lúcia Duarte,
São contradições como esta que deram origem ao post «Contradições e precipitações dos políticos» de 26 do corrente.
Abraço

A. João Soares disse...

Sugiro a leitura do artigo de Vasco Graça Moura no DN que aborda este tema doPlano Tecnológico Educativo com a graça de que o seu nome é garantia.
Abraço