Tem-se criticado as substituições de dirigentes locais de organismos públicos, por indivíduos fiéis ao Poder vigente. Mas se bem observarmos, trata-se de escolher os melhores, os bem dotados, porque é convicção dos políticos que a genialidade é congénita e está concentrada, em exclusivo, nos seus familiares e amigos. Os que não pertencem ao clã oligárquico nada sabem, nada valem!!!
Não tenhamos dúvidas quanto a estas verdades e certezas. É uma questão de ADN privilegiado. E não são beneficiados apenas os partidos do poder enquanto estão no poder. O poder está hierarquizado mesmo nestas nomeações e nenhum eleito está isento destas regalias de servir de agência de emprego. Os partidos são todos mais ou menos iguais! Há dias, falava-se da numerosa equipa de assessores de Sá Fernandes, do BE, na Câmara Municipal de Lisboa. Hoje, o DN traz a notícia de que o deputado do PSD Luís Marques Guedes nomeou Gonçalo Santana Lopes, o filho mais velho do antigo primeiro-ministro, para "técnico de apoio parlamentar de 1.ª do grupo parlamentar do PSD", por despacho, já publicado na segunda série do Diário da República.
Santana Lopes tem direito a um gabinete, com secretária, atribuído pelo presidente da Assembleia da República. "É uma função de alta confiança e não podia confiá-la a qualquer um." A tarefa de Gonçalo Santana Lopes no Parlamento, segundo diz o pai, consiste em "digitalizar e tratar todo o meu arquivo desde 1979, quando estive a trabalhar com o dr. Francisco Sá Carneiro". A ideia de Santana Lopes é "analisar e digitalizar as 40 caixas com documentos e correspondência pessoal desde o tempo em que foi adjunto do dr. Sá Carneiro até agora. Depois, se isso for considerado de interesse público, irei facultar ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo".
O trabalho de Gonçalo (que "já lá está há uns meses, embora antes estivesse pago por mim", explica o próprio ex-presidente do PSD) está neste momento no ano de 1994, no fim do cavaquismo, e irá prosseguir até à actualidade, frisa Santana Lopes, que garante ter material com muito interesse. "Como não tenho uma fundação tive que fazer desta forma para não se perder muita coisa", diz. Sem dúvida, uma solução económica para o pai mas um encargo para o dinheiro dos contribuintes e, uma entrada do Gonçalo na carreira política, provavelmente seguida de deputado, secretário de Estado, Ministro...
O filho mais velho de Santana foi indicado pelo pai e nomeado pelo PSD e deverá estar a auferir um vencimento mensal de 1458,49 euros. É licenciado em design gráfico e foi relações públicas. Um génio como não seria encontrado outro igual no País, para ser admitido por concurso público?
O orçamento do Estado é como as plataformas dos eléctricos antigos em que havia sempre lugar para mais um. Mas aqui o «um» é sempre um elemento do clã oligárquico. O povo que aperte o cinto.
Blogue da Semana
Há 2 horas
4 comentários:
João
Génios? Talvez gémeos (de S..., H...) etc. As iniciais são propositadas, pois permitem várias interpretações.
Bom fim-de-semana
Abraço
E talvez desgovernado porque eles governam os seus interesses de grupo oligárquico.
Abraço
Caro AJS,
esse trabalho é meritório, quando comparado com elementos "reformados" com pensõesitas da Caixa Geral de Depósitos, Galp, acumulando com as reformas das carreiras políticas/AR/Governo/autarquias... e assim sempre poupa um rendimento mínimo, ou um subsídio de desemprego ao estado.Mas hão-de-me dizer para que serve a Fundação Mário Soares?!...
Viva a república!
Abraços
MR
O trabalho da organização dos papeis do cidadão Santana Lopes não devia obrigar a encargos para o Estado. Mas, no caso de dever ser o Estado a fazer esta tarefa, o problema é o tacho entregue por nomeação política, sem concurso público, colocando de lado pessoas válidas, talvez mais do que ele, que não pertencem aos membros da oligarquia. Será que no País não há ninguém merecedor de confiança para fazer tarefas de secretário ou de auxiliar administrativo? O pior é que este sistema de nomeação é usado e abusado por todo o lado corrompendo o sistema.
Abraço
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