quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Escolas insalubres

Um estudo da associação portuguesa para a defesa dos consumidores, Deco, revela que
muitos alunos passam frio e são sujeitos a uma má qualidade de ar dentro das salas de aula e concretiza que quatro em cada cinco escolas têm temperaturas baixas e excesso de humidade no ar.

São estas as principais conclusões de dois estudos realizados com base em 40 salas de 20 escolas de todo o país, realizados em Fevereiro, e agora publicados nas revistas “Pro Teste” e “Teste Saúde”. Há deficiências de renovação do ar e humidade elevada, em muitos casos devido a deficiência construção, e criando condições propícias ao desenvolvimento de bactérias e fungos. A Deco recomenda que estas deficiências "exigem atenção urgente do Governo".

Em reacção, o Ministério da Educação acusa a Deco de estar a recorrer às escolas públicas "para efeitos de autopromoção mediática baseada em relatórios tecnicamente errados". Segundo a tutela, a Deco divulga "resultados de pretensos estudos sobre escolas que dão uma imagem negativa do sistema e ensino públicos". "As insuficiências, deficiências e falta de rigor desta instituição na produção destes pretensos estudos levam o ME a não lhe reconhecer qualquer capacidade técnica para o efeito", lê-se numa nota de imprensa.

Face a esta posição do Governo, a Deco reagiu de forma lógica: "Uma vez que o Ministério da Educação contesta o nosso estudo apelamos a que tornem público os estudos efectuados sobre o bom conforto térmico e a qualidade do ar das escolas portuguesas", disse hoje à Lusa Rita Rodrigues, da Deco. Esta lançou ainda uma pergunta ao ministério: "Se em 20 escolas detectámos tantos problemas, como estarão as restantes?". Segundo ela, as amostras dos estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado que ilustram a realidade nacional. "Acreditamos que neste caso também não estamos longe da realidade", acrescentou.

No debate ocorrido na SIC-Notícias, esta tarde, o representante do ministério repetiu os argumentos da nota enviada à imprensa, sem esclarecer as condições em que se encontram as escolas e a única nota positiva é que, à medida que são feitas intervenções nas instalações, são retiradas as placas de amianto, o que nos leva a concluir que passarão muitas décadas até que a última placa desapareça nas escolas portuguesas. Os pais das crianças que frequentam as escolas espalhadas pelo País esperam que o ministério mande observar, de forma isenta e realista, as condições de todas as escolas, torne público o relatório resultante e, de seguida, proceda às reparações necessárias. Se assim fizer mostra interesse pelo assunto e aproveita esta achega da Deco, o que é mais racional do que ficar abespinhado como o representante na SIC-Notícias.

2 comentários:

Amaral disse...

João
Conforme diz o outro são razões óbvias.
1º O estudo é parco, claro que sim, mas não é de eliminar.
2º o ME se tem estudos que provem o contrário, que os divulgue.
3º Mesmo sendo parco, este estudo, a verificar-se que é verdade, não resta ao ME outra alternativa que não seja agir e não negar.
4º Ultimamente no nosso país ninguém pode dizer que isto ou aquilo está mal? Porquê? Os governantes vêm com o discurso que estam a alarmar os portugueses...
5º Se este estudo é verdadeiro porque não se assume? Se o novo código penal causou o mal-estar que causou, porque não se pode dizer?
Será que voltámos ao tempo do velho?...
Já não há pachorra. Parece que temos de mostrar ao mundo que vivemos num paraíso, que tudo vai bem "no reino da Dinamarca". Faz-me lembrar aquelas famílias que compram um gande carrão e depois não têm para comer, vivem das aparência.
Pobre e malfadado/maltratado este país.
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Realmente o poblema está em não assumir.
É certo que nada é perfeito. Encontram-se sempre problemas que devem ser reparados. Isso é inevitável. Mas, neste caso, o que é prova de arrogância é a posição do ministério. Seria muito mais eficiente e simpático reagir de forma parecida com esta:
Realmente há deficiências que ainda não pudemos reparar, mas estamos a fazer tudo para as eliminar o mais rapidamente possível. Ficamos gratos pelos alertas que recebemos da parte de cidadãos e instituições, a fim de melhorar a forma de servir os estudantes e o povo em geral.
Teria sido muito mais democrático!!!

Um abraço