sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Lei aplicada com filtros

Portugal dos Pequeninos
Pelo jonalista Manuel António Pina

As boas notícias tardam mas chegam. Num só dia, foram duas de uma assentada o DIAP de Lisboa decidiu não abrir inquérito criminal ao financiamento ilegal do PSD pela Somague e o comendador Berardo construiu um prédio ilegal no Bombarral mas o presidente da Câmara já afirmou que não irá embargar a obra.

O financiamento da Somague ao PSD (duzentos e tal mil euros) foi de facto, diz o DIAP, ilegal mas parece que não era punível criminalmente na altura. O caso do prédio clandestino do comendador Berardo é igualmente uma questão de altura: foi construído sem licença mas, segundo o "Público", "a grandiosidade do projecto" terá levado a Câmara a "fechar os olhos".

São instrutivas notícias para o Portugal dos Pequeninos. O mal dos portugueses é a falta de grandeza, e é louvavelmente pedagógico que as leis e o Ministério Público sejam implacáveis com pequenos delitos e que as câmaras embarguem marquises e galinheiros mas "fechem os olhos" se a coisa tem "altura".

Não é o crime que não compensa (o crime compensa e bem, como se sabe), mas a pequenez de propósitos. Não fomos nós à Índia, não entrámos pelo Brasil dentro à espadeirada, não trouxemos de África ouro, escravos e especiarias? E alguém nos embargou tais obras? Algum DIAP nos pôs um processo?
MAP

NOTA: Um texto compacto, contendo uma análise soberba num pequeno espaço. A «nobreza» desta «monarquia» está isenta perante a lei que é só para ser obedecida pela plebe, os pequeninos. Recordam-se os casos de excesso de velocidade por gente da «alta». Será que já deixámos de viver num Estado de Direito?

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares,
Sem comentários...
saudações

C Valente disse...

Isto é o país que temos , dos poderosos, e depois querem que o cidadão comum cumpra s as leis.
Tudo boa gente
saudaçõess amigas

A. João Soares disse...

Caros Mário Relvas e C Valente,

Perante estes exemplos que, infelizmente, são muito frequentes, como pode haver confiança em quem nos governa e na Justiça que temos? Será que os modelos e os exemplos que pretendemos seguir serão do Terceiro ou do Quarto Mundo?
Seremos um Estado de Direito, como por vezes ouvimos dizer?
Abraços

PintoRibeiro disse...

Ora precisamente...
Um abraço e bom fim de semana.

Jorge P. Guedes disse...

Só não entendo como as estatísticas dizem que o prestígio do governo aumentou!
Continua com indicadores negativos, mas menos negativos...
Não entendo!

um abraço.

A. João Soares disse...

Caro J.G.,
O amigo entende muito bem, porque não anda a dormir! O valor das sondagens fica bem definido pelos partidos em campanha eleitoral, quando elas não lhes são favoráveis! Valem o que valem. Precisamente o que valem as conclusões dos estudos encomendados pelo governo ou por outros, como há tempos disse na TV o actual ministro da Presidência.
Mas mesmo que sejam honestas, que confiança merece um povo que elege, candidatos autárquicos, com processos em tribunal acerca de suspeitas de crime nas autarquias, casos de Oeiras, Gondomar e Felgueiras, os mais conhecidos...
Recentemente, os independentes à CMLisboa, sem apoio partidário, obtiveram grande quantidade de votos, coisa parecido com os candidatos a PR.
Caro J. G. com estas recordações nada admira acerca das sondagens e nada admira acerca dos resultados de quaisquer eleições.
Temos o povo que temos e os políticos que merecemos.
Um abraço