sábado, 20 de outubro de 2007

Corrupção. Porém, ela existe!

A corrupção, activa e passiva, o trafico de influências, as cunhas sempre existiram, mas hoje abusa-se. São actos difíceis de provar porque ambas as partes são interessadas, tanto a que beneficia do acto ilícito que vai realizar com a ajuda do tipo bem posicionado e com poder para lhe facilitar o caminho, como a parte passiva que, em troca do favor que faz, recebe uma «atenção» que não será negligenciável, dependente do negócio e do poder de compra do corrupto activo. Isto leva a concluir que os corruptos passivos se encontram nos altos degraus do poder, os que têm capacidade de influenciar as decisões.

Apesar de propostas, mais ou menos espectaculares, para fazer face a estas distorções da vida económica do País, de que resulta o enriquecimento ilegítimo, a epidemia continua e, hoje, o Jornal de Notícias traz dois artigos que mostram que este mal travessa horizontalmente os partidos, é apartidário, um refere-se à Madeira e seus governantes a vários níveis, e o outro aponta para a concelhia do PS de Coimbra.

Enfim dois beliscões num gigante que nem sequer reage. É lógico que não queiram acabar com esta pouca vergonha. Quem tem poder para o fazer pertence ao grande grupo dos beneficiados. Portanto... O conluio, o arranjo, o conchavo, a mancomunação, o compadrio, para não recorrer a terminologia de origem italiana, explicam que tardem as medidas eficazes para combater esta peste que destrói a sociedade e lesa as finanças públicas pelas fugas que proporciona.

14 comentários:

ANTONIO DELGADO disse...

Viva caro A. João Soares,

De facto as razões expressas nesta postagem são os fenónemos que enquistam a vida de todos nós e consequentemente o Pais. Numa postagem, que fiz e o amigo generosamente comentou , sobre o Luis Filipe Menezes ter ganho a presidencia do PSD o que acho muito salutar.
Acho muito importante a vitoria deste politico para ver se ele anima a vida politica portuguesa por monotona que está. No entanto a vitória de LFM põe-me muito cauteloso na eventualidade de , um dia ganhar a cadeira de 1º ministro. Esta eventualidade não comportará a possibilidade do governo do pais se transformar como o de numa enorme autarquia com as virudes e defeitos que esta unidade administrativa do território comporta? corrupção e promiscuidade entre o politico, o interesse publico ?
Tenho muitas retencias se isso não poderá comportar uma "autarquização", do pis, sem limite e pudor.
Um abraço fraterno e bom fim de semana.

António

A. João Soares disse...

Caro António Delgado,
Obrigado pelas suas palavras sempre claras e plenas de saber. Falta pudor, sentido de estado, consciência da democracia autêntica. O mal não está apenas nas pessoas e talvez possamos dizer que não está nelas, mas sim no regime, nos hábitos já considerados normais, de abuso do poder em benefício dos políticos e dos seus amigos. A mentalidade de mendigos pedintes leva os políticos a receber qualquer presente e a ficar na dependência de empresários ambicioso e esperto. Isto passa-se com indivíduos de qualquer partido, como se viu nos casos do Freeport do Montijo, dos sobreiros de Portucale, das férias em avião privado numa ilha do Brasil, do cruzeiro no navio de um grego, etc.
Aparentemente, cada pequeno caso nada representa! mas a dependência que se cria com o sentimento de gratidão, acaba por prejudicar os interesses do Estado.
A forma de nomeação dos amigos para cargos administrativos, sem ser por concurso público, tem muito de corrupção com prejuízo para a eficiência dos serviços. Ainda há pouco tempo Miguel Júdice defendia a oficialização dos lobies para evitar que os verdadeiros lobies funcionassem «em acumulação» com o papel de assessores, nos gabinetes governativos.
Há que acabar com os maus comportamentos da instituição, e que fazer as pessoas cumprir bons procedimentos.
Um abraço

Anónimo disse...

Caqro João Soares, sabe bem o que eu penso da corrupção.

Mas o que me trás aqui é este pequeno texto.

Com um abraço:

Dedicado aos meus amigos. Em especial, àqueles que eu não tenho sabido corresponder, na devida proporção.
Peço-vos que me tentem compreender e me deixem tentar de novo.

A amizade é fruta, é esperança, é alívio... carinho.
É dizer não, é rir, é chorar.
É frio, é calor, é errar, por vezes acertar.

Desculpem-me se não vos mereci. Por vezes atormento-me em interrogações. Penso: será que mereço a sua amizade? Que faço eu por eles?
Digam-me e tentarei, esforçadamente!
A Todos Vós, humildemente!
MR

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,
Não perca a sua auto-estima, por motivos vindos de outrem. Procure ser feliz com as suas qualidades, realizar os seus anseios, sem ficar dependente de elogios ou compensações espirituais vindas de fora.
Hoje as pessoas são demasiado individualistas para pensarem em nós, para olharem para nós. Um fenómeno que me diz muito é receber por dia mais de meia centena de e-mails e a quase totalidade nada tem de comunicação, apenas se limitando a reenviar uma graça, uma anedota ou um anexo com imagens disto ou daquilo. Por vezes os anexos têm interesse cultural ou turístico, mas o e-mail nada traz do seu remetente.
Isto não é comunicar, não é transmitir amizade ou calor humano. Fica-se apenas a saber que essa pessoa continua viva e com capacidade para mexer no computador. Mas, muitas vezes nem respondem a um comentário como se pede, parecendo que têm medo de existir, de dar a sua opinião.
O Mário coloca aqui um verbo no pretérito perfeito «mereci» e foi isto que me levou a reagir ao seu comentário. Não faça asneiras na sua vida pessoal. Vá para a frente naquilo que tem de melhor, de forma reflectida, com firmeza e aguente os resultados, sem se preocupar com a quantidade de pessoas que o sigam. A sua felicidade depende mais da sua consciência do que da opinião de outros.
Espero não ter sido inconveniente com estas minhas palavras, a intenção é boa, e vai aqui muito de mim.
Abraço com votos de que seja sempre feliz, apesar das dificuldades.
A. João Soares

Anónimo disse...

Agradeço as suas palavras, caro amigo João Soares.

Sou exigente comigo próprio, por isso talvez seja exigente com os outros.

Não procuro ceder, nem tenho idade para mudar. Apenas me interrogo se ainda vale a pena ter ideais sérios sobre a vida?... sem nos levarmos demasiado a sério, neste mundo e neste país!

Não procuro seguidores, nem bajuladores. Apenas o que em consciência me devo e sinto.

A vida, para mim, só tem significado se "vivida" em busca da coerência e da verdade.

Mas por vezes interrogo-me. Será que não afasto as pessoas? Garanto-lhe que não sou, nem quero ser "yess man". Também não corro atrás de ninguém para apoiar, mesmo que não o sinta.

Não se pode agradar a gregos e a troianos, por isso escrevo de forma igual desde que me conhece.

Liguei-lhe apenas para lhe perguntar se podia dar o nº ao TC Neves. Depois senti curiosidade em telefonar-lhe. Não é nada de mais, ou de menos. Era apenas um contacto para saber se estará presente em Vila Franca, pois eu ainda não sei se irei e seria um modo de o conhecer pessoalmente.

Creia-me um leitor e comentador assíduo do seu Domirante, pela coerência e temas por si aqui colocados.

Fique com um abraço de amizade e nunca levo a mal que alguém me dê recados, muito menos quenado são positivos.

Mário Relvas

A. João Soares disse...

Caro Relvas,
Agradeço as suas palavras. Fiquei mais tranquilo, porque tinha entrevisto um drama existencial.
Quanto a mudar, acho que no essencial não se pode mudar muito. Há valores que sempre continuarão connosco.
Isso não exclui a possibilidade e a conveniência de alguns aperfeiçoamentos, até à hora do fim. Andamos sempre a aprender.
Quanto aos outros e ao mundo, isso é outra história. O meu modelo favorito, eleito há poucos meses, é a água os rios que nunca pára a não ser que vá cair num lago. Escolhe sempre o caminho mai adequado e fácil ao seu percurso, quando não pode vencer o obstáculo, contorna-o, e nunca tem veleidades de se aventurar a subir a montanha por ser o caminho em linha recta.
No nosso percurso, nada é igual a ontem, e por isso não podemos endeusar as receitas que ontem deram óptimo resultado. Em cada momento há uma alternativa que é melhor do que as restantes, sendo preciso procurar acertar nela, à custa de ponderação e análise.
Não estou a vender peixe podre, estou a dizer-lhe o que sinto e o que procuro aplicar em permanência na minha vida. E não me tenho dado mal. Continuo de cabeça levantada e algumas pessoas que se afastam da minha rectidão e coerência acabam por ver que eu tinha razão e voltam a aproximar-se. Como não guardo rancores, que só a mim fariam mal, recebo sempre o filho pródigo (Bíblia).
Atenção, isto não são recados para si. São para mim e para todos os que os quiserem receber por verem neles algo de positivo.
Para os que não me conhecem, informo que não sou padre nem pratico os rituais de qualquer religião mas respeito-as todas.
Um abraço

Anónimo disse...

Agradeço as suas palavras e o Aromas de Portugal é uma casa aberta.

Espero por si, quando quiser e entender!

Abraço para si e para os comentadores dete seu blogue:" Um curioso pelo que ocorre no Mundo e desejoso de que a humanidade se torne mais Feliz"!

ANTONIO DELGADO disse...

Estimado A. João Soares,
Antes de mais obrigado pelas palavras de elogio, mas sou um simples cidadão ao contrario de certezas tenho muitas duvidas e elas assolam-me o espírito. E sobre as considerações que tece há uma que me chamou particularmente a atenção “os hábitos considerados normais”. Objectivamente os nossos comportamentos a eles estão moldados e fazemos reprodução numa espécie de reflexo pavloviano, sem nunca termos a humildade de reflectir porque procedemos assim e não de outro modo. Talvez neste ponto os psicólogos da cultura deveriam de dar indicações para alterar certos procedimentos e como eles são o caldo de cultivo do problema da corrupção na nossa cultura . E são a meu ver a inveja, o despeito a pobreza e a falta de auto estima. Factos constatáveis e no caso português basta ver o humor que produz.
Ora os políticos são filhos desta massa e quando se encontram no poder só reproduzem estes esquemas mentais. Esquemas que são nada polidos mas muito grosseiros. Os exemplos são muitos e nem vale a pena menciona-los, porque de uma maneira ou de outra todos nós os conhecemos...infelizmente e quase sempre sem remédio.
Um abraço e continuação de bom domingo

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,
Obrigado. Tenho ido com regularidade ao Aromas, mas nem sempre deixo comentários devido à falta de tempo, porque deixei-me arrastar para vários compromissos que me absorvem em demasia.
Um abraço

A. João Soares disse...

Caro amigo António Delgado,
Realmente o peso do consuetudinário é arrasador, principalmente numa sociedade pouco culta e letrada. Já os romanos consideravam os lusitanos como um povo que não se governa nem se deixa governar. E os políticos nascem neste alfobre e, como não são excepcionalmente dotados, dificilmente rompem as amarras que os prendem às piores tradições. Já Camões, grande conhecedor do nosso povo, decidiu encerrar os Lusíadas com a palavra INVEJA, defeito a que o amigo agora acrescenta, despeito, pobreza e falta de auto-estima, o que forma um caldo muito propiciador ao estado de atraso em que nos encontramos.
Como diz, há neste tema motivo para profundos estudos de psicólogos e sociólogos, para fazer um diagnóstico sério e apontar a terapia que nos faça saltar o muro que nos cerca e avançar em direcção aos níveis dos nossos parceiros mais evoluídos.
Um abraço

Mentiroso disse...

Mário Relvas – a mesquinhez disfarçada que actos maléficos intencionais desmascaram revelando as profundezas da baixeza; palavras contra acções, acções concebidas com esmerada perversidade. E-mails ordinários, provocadores e mal intencionados, acções de sentimentos abjectos e indubitavelmente maldosos. Como a prova real duma "bela" acção e doutros comportamentos trogloditas relatados num post no Blog do Leão pelado sobre o que aconteceu à polícia. Aquilo que tantos, tão tolamente, não querem admitir por pensarem erradamente que admiti-lo é acusar as vítimas. Deixe-se andar e não se reconheçam os erros, que como com qualquer doença que não se trata só poderá piorar. Até à morte do país, entregue por traidores tão bem defendidos por aqueles mesmos que ele embruteceram.

Os e-mails, com conteúdos como os descritos, parecem ser um escape de mentalidades inadaptadas à vida real, a qual, nas circunstâncias correntes, chama à acção de repúdio do que está mal. Todavia, a tacanhez sovina implantada induz à aceitação por outro erro de cálculo mental, julgando que a corrupção ao seu nível é útil lhes é conveniente. Mais uma ajuda à perpetuação da conjuntura. Como se poderá ser tão mesquinho, a ponto de elaborar o seu próprio mal, chafurdar alegremente na sua pocilga e culpar sempre os governantes, quando eles apenas se aproveitam do que lhes é permitido e oferecido.

Uma aparente solução a outras questões aqui ventiladas parece ser que a dita auto estima que tanta gente apregoa é um dos maiores entraves ao progresso, sobretudo quando empolada e sem bases. Verificando o que se passou nos países que maior progresso atingiram e mais rapidamente logo no pós guerra, só a um cego (ou a um ignorante) escapa a simplicidade e humildade dos seus povos. Constate-se o caso contrário com franceses e espanhóis, inchados de orgulho.

A. João Soares disse...

Cao Mentiroso,
Quanto ao que diz da auto-estima, penso que ela é necessária como estímulo para continuar na senda do êxito, da perfeição, da excelência. Mas, como qualquer condimento, ou medicamento, não se deve exagerar a dose. Se a pitada ou a gota for substituída pelo copo, daí só pode resultar o colapso, o inchaço a obesidade balofa do espírito injustificadamente vaidoso, vazio de valor. A humildade que refere traduz-se nas três qualidades que aprendi sobre a elaboração de um documento administrativo: claro, preciso e conciso. Nas actividades de políticos e, com mais gravidade quando governantes, o maior erro é a falta de clareza, de simplicidade, de abertura à crítica dos cidadãos, de onde só podem vir achegas importantes.
Um abraço

Anónimo disse...

Caro Mentiroso, nem entro por aí. A polícia tem modos próprios para investigar. Se não o faz é porque não quer!

Quanto a mim, saiba que ando de cabeça bem levantada e se não sabe como lá chegar... apeie-se e tome um café com qualquer gato pingado de fardeta e logo saberá.

Talvez não tanto, mas só não vê quem não quer. E quase ninguém quer nada neste país,a não ser a sua destruição e proveito próprio. E saiba caro 007 de trazer por casa, que eu gostava de ajudar o meu país, se ele ainda quizesse ser ajudado.

Pergunte aos governantes que o comandam se por acaso querem saber das verdades?

Cumprimentos caro mentiroso,AJS, A Magno e por aí fora!

A. João Soares disse...

Caro Pregotrinchado,
A sua frase «E quase ninguém quer nada neste país,a não ser a sua destruição e proveito próprio» poderá não estar totalmente correcta. A destruição deste País não interessa realmente a ninguém, porque aqueles a que se refere, não iriam depois encontrar um lugar na terra onde pudessem roubar tão descarada e impunemente! Portugal está um local único para os incompetentes, corruptos e vigaristas, e em pouco estará todo na mãos de criminosos internacionais que avançam para o utilizar como base e ponto de partida para os piores actos a praticar pelo mundo além. Talvez a Al-Qaeda não queira cá instalar-se por ser uma organização bem estruturada e disciplinada e precisar de espaço que não se compadece com a «pequenês» do nosso País.
Abraço