quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Escândalo com dinheiro público na CML

Os assessores da Câmara Municipal de Lisboa vão receber salários mensais de cerca de 4.000 € (quatro mil euros), um aumento de 29% em relação ao ano anterior, o que é um ultraje aos restantes trabalhadores da Câmara e a muitos funcionários que, ao fim de carreiras de total dedicação não chegarão a receber tanto.

Em período já prolongado de sacrifícios devido ao défice criado pela má gestão dos governantes, é escandaloso este desbaratar dos dinheiros públicos.

E surge a interrogação: eles, com o seu desempenho merecem um tal salário?. Qual a sua competência, a sua preparação, o critério da sua escolha?

A resposta veio há tempos da boca de uma vereadora, quando na Câmara foi muito badalada a enorme quantidade de assessores. Ela deixou bem claro, em entrevista a um jornal, que os assessores não são contratados após concurso público e seleccionados em função de currículo de experiências e competências. São nomeados com base na confiança política, isto é, podem nada saber mas ser da família ou das amizades de um militante do partido. Trata-se de uma espécie de agência de emprego para os boys e girls sem capacidade para competir no mercado de emprego. Daí que onde há muitos assessores não deixa de haver gafes, decisões erradas que muitas vezes são mais tarde rectificadas após manifestações populares de desagrado. Apesar dos salários escandalosos, não melhoram a eficiência do serviço, simplesmente porque não sabem, não têm para isso a menor competência.

Mas o certo é que essa oportunidade, se for bem conduzida, com atitudes politicamente correctas, sem desagrado para o chefe, serão em eleições próximas candidatos a deputados, e daí poderão ir a governantes ou para bons lugares em institutos e empresas de capitais públicos. É o início da carreira de político profissional, é o prémio de não terem sido bons alunos, de não terem capacidade para competir no mercado de trabalho, como os seus colegas de escola não ligados a políticos.

Não é apenas na Câmara de Lisboa, é também em muitos gabinetes do Governo. Circulam na Internet muitas imagens do Diário da República, com nomeações de familiares de políticos bem conhecidos.

Mas, apesar destes escândalos, os trabalhadores por conta de outrem, de mais baixos rendimentos, vêm os seus impostos a aumentar já há vários anos e o seu poder de compra a emagrecer anualmente a um ritmo preocupante. A crise é só para alguns. E a pobreza em Portugal aumenta a ponto de o próprio PR se ter referido a ela com palavras de preocupação.
O défice é resolvido à custa dos contribuintes que não podem evitar os impostos, mas as despesas públicas com vários parasitismos, não mostram sinais de diminuir, antes pelo contrário, como mostra o caso referido.

4 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

É mais uma despudorada decisão.

Trata-se de cumprir uma recruta para lugares de mais alto gabarito e provento.
E nunca se viu uma recruta ser paga a peso de generalato!

Se já é vil o simples facto de serem nomeados por fidelidade ao cartão partidário, mais revoltante se torna saber que uma boa parte desses vencimentos dividida pelos trabalhadores do sector, fariam muitas famílias mais felizes e a sociedade portuguesa caminhar para a moralidade política e para uma real diminuição das claras injustiças socio-económicas existentes entre os trabalhadores.

Assim, não dá! É pura e simplesmente escandaloso!

Abraço.

A. João Soares disse...

Caro Jorge,
É mesmo um servente de pedreiro inexperiente a ganhar mais que um catedrático de Engenharia e, como diz muito bem, em contraste com centenas de trabalhadores da mesma (des)organização, com famílias a seu cargo, a terem carências várias.
Mas isto, só por si, não passa de uma pequena árvore na floresta da incúria, do desleixo, da irresponsabilidade com que são geridos os dinheiros públicos.
Não é por acaso. Depois vem o raciocínio: se eles ganham isso, os chefes têm de ganhar mais e, por esse caminho, a hierarquia das remunerações chega a valores de milhões para os do topo. Eles, na sua desmedida ambição não são parvos e agem com esperteza. O mal é ninguém lhes exigir contas. Mas quem poderia fazer isso está no mesmo esquema.
Um abraço

Anónimo disse...

É por essas e por outras que o povo diz que só um Salazar não chegava...seriam precisos seis..

Mas ainda alguém acredita na boa intenção dos políticos actuais?

Todos diferentes, todos iguais, mas os deficientes são os outros, os que não mentem!

Abraço

A. João Soares disse...

Caro Relvas,
Veja o que escrevi em resposta ao seu comentário no «Fanfarronice...».
As coisas são muito claras e simples.
Quanto a seis Salazares, não passa de desabafos do povo, aliás muito significativos. Mas ele se agora voltasse, no vigor da vida, talvez não se adaptasse ao povo que temos e às circunstâncias internacionais actuais. Ele não conseguiu compreender que o mundo se modificou com o fim da II Guerra Mundial. E agora as alterações são muito mais profundas.
Os actuais político precisam de voltar à escola para aprender civismo, boas maneiras, a lógica da matemática que ensina que somar não é a mesma coisa que subtrair, patriotismo, história de Portugal, honestidade, coerência, lealdade, seriedade, etc
Um abraço