quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novo Aeroporto de Lisboa, onde?

É agora enfatizado que o Pinhal Novo é nova proposta para a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL). Esta notícia que cita um estudo do Engenheiro Pompeu dos Santos não deveria passar despercebida aos opinadores da Comunicação Social, porque encerra realidades que não podem ser ignoradas – a força dos lobis que não desistem perante uma eventual derrota e procuram escolher terreno mais favorável para nova batalha.

Já vai longe a data em que as duas alternativas eram a Ota e o Rio Frio. Como os terrenos da Ota eram mais baratos por não interessarem nem à agricultura nem ao urbanismo, várias pessoas se podem ter tentado a investir aqui em força para colherem boas «mais valias» no momento da expropriação, para a construção do NAL e as pressões para ali se orientaram. Soa que tais pessoas estiveram ligadas a idêntico investimento no distrito de Beja tendo em mira as construções da A-2, de um projectado centro de rastreio de satélites em Almodôvar e de um resort chinês com amplos campos de golfe e um centro logístico para abastecer toda a Europa a partir do porto de Sines.

Tendo, assim, sido desprezada a hipótese de o NAL ir para Rio Frio, ficou apenas a Ota para gáudio daqueles que ali investiram e o caso estava considerado encerrado, com o ministro Lino a dizer, com a sua pronúncia francesa, que no «deserto» da margem sul «jamais» seria construído. Com o «jamais» mostrou-se desactualizado quanto à geopolítica, pois, hoje é mais curial usar termos em inglês do que no obsoleto francês. Mas, como é iberista...

Porém, alguém não preso pelo pescoço ao Poder, nem ao grupo influente dos investidores prediais, alertou para os graves inconvenientes da Ota e para as variadas vantagens da margem Sul. E surgiu a hipótese de Alcochete onde o Estado possui terreno suficiente para instalar o NAL com todas as suas dependências. Os investidores não podiam encarar com bons olhos tal solução, por não haver hipótese de ali virem a beneficiar de mais valias, mas, na sua esperteza, viram que a lógica iria inclinar-se para a margem esquerda do Tejo, dadas as vantagens variadas daí resultantes para o País. Ora, naquela margem, no tal «deserto», dado que o Rio Frio já tinha sido excluído do campeonato, e Alcochete não lhes interessar, havia que deitar as garras à hipótese, já em tempos referida de fugida, do Pinhal Novo.

Agora vinda a público a notícia baseada em estudo elaborado por técnico credenciado, há todo o interesse em investigar o que consta ou venha a constar na Conservatória do Registo Predial da área quanto às transacções de terrenos efectuadas desde o início deste ano. Desta forma, à semelhança de igual pesquisa na região da Ota, ficará a saber-se quem tem originado tantos atrasos na decisão sobre a localização do NAL e causado tão vultosas despesas em sucessivos «estudos» e «comissões de estudo». É certo que os custos desses estudos não foram perdidos porque entraram no bolso de «estudiosos» amigos e da confiança dos detentores do Poder! Mas o erário público, o dinheiro dos nossos impostos, esse foi gravemente lesado, bem como os custos da demora da entrada em funcionamento do NAL e as sucessivas adaptações entretanto necessárias na Portela para poder manter a operacionalidade por mais tempo.

Esperemos para ver. Mas a lógica não trará grandes surpresas ao que aqui fica esboçado, à laia de profecia.

11 comentários:

Tiago Soares Carneiro disse...

Amigo Soares,

se não fosse a opinião pública isto já estava decidido há muito: OTA (dos interesses instalados).

Assim...

pode ser que atirem uma poeirita para os olhos que quem fala noutrs hipóteses e fique tudo na OTA.

Espero que não
Mas...

Anónimo disse...

Caro João Soares

Todos estes estudos, que nós pagamos, só servem para nos deitar poeira nos olhos, como diz Tiago Carneiro. As negociatas já estão mais que combinadas...

A. João Soares disse...

Amigos Tiago Carneiro e Deprofundis,
A poeira, a fumaça, é uma realidade. Existe em todas as decisões que envolvem interesses financeiros de pessoas influentes, como parece ser o caso. Assim, a hipótese de Pinhal Novo não deve ser considerada inocente. Há, sem dúvida, interesses em jogo que, mesmo que não levem o NAL para essa área, encarecem a decisão e aumentam os custos já elevados de uma errada preparação da decisão.
Se a localização do NAL tivesse sido preparada com um estudo inicial sério, contemplando com rigor e imparcialidade todos os factores com incidência nos resultados futuros, já teríamos agora o aeroporto a funcionar, tendo-se poupado muito com pseudo-estudos parcelares orientados para conclusões previamente estabelecidas. Tudo isto evidencia que devem estar em jogo interesses importantes de pessoas influentes.
As tricas e os argumentos, por vezes falaciosos, dificultam uma boa solução e deixam espaço a suspeitas difíceis de ultrapassar.
Neste momento, com verdades e mentiras «devidamente» cozinhadas, não podemos ter qualquer certeza de qual irá ser o desfecho, embora cada um vá formando o seu prognóstico. E, entretanto, continua o fluxo de saídas dos dinheiros públicos que são caros aos contribuintes.
Abraços

Anónimo disse...

"NÃO FOI PARA ISTO QUE FIZEMOS O 25NOV"




Jaime Neves coronel na reserva está desiludido com o País, afirma que não foi para isto que fizeram o 25 de Novembro e confessa que nesse dia, há 32 anos, queria ir mais longe nas operações militares que acabaram com o PREC. E revela que nunca mais falou com Otelo Saraiva de Carvalho
Correio da Manhã – Trinta e dois anos depois do 25 de Novembro, está desiludido com o que se passou até agora? Valeu a pena fazê-lo?
Jaime Neves – Confesso que estou desiludido. O País está mal. Estamos mal. Mas não estou arrependido, isso não. Não foi para isto que fizemos o 25 de Novembro. Mas voltava a fazer o 25 de Novembro. De resto, eu também fiz o 25 de Abril convicto. Eu vim de África em Dezembro de 1973. Sabia vagamente o que se passava e quando o Otelo me contactou eu disse-lhe logo que não valia a pena falar muito porque eu ia.
- Não hesitou?
- Sabe que eu tinha treze anos de África e dois de Índia. E estive em África antes de começar a guerra. E vi muita coisa que me desagradou. Em 1962 tive que vir a Lisboa na altura em que chegaram os prisioneiros da Índia. E era amigo de um deles que era mais velho do que eu três anos e a mão pediu-me para o ir buscar. E não é que quando eu cheguei ao cais não me deixaram entrar. Havia colunas de militares que me impediram o acesso.
- Foram muito maltratados pelo regime de então?
- Muito. Fui depois buscá-lo ao antigo Caçadores 5, às onze da noite, e levei-o eu. Tinham-lhes dado fardas novas para a viagem. Mas mal chegaram a Lisboa foram entregá-las. E deram-lhes aquelas fardas antigas cinzentas, com uma corda à cintura, um frio imenso. Uma camisa, umas calças e umas alpergatas sem meias.
- Isso afectou-o muito?
- Foram chamados de cobardes e outras coisas mais. E começou a germinar em mim um grande descontentamento sobre o que se passava cá e em África. Com muitos erros. Para mim o pior de todos foi não termos fomentado a emigração para lá. Era mais complicado uma pessoa ir para lá do que para a América ou outro sítio qualquer.
- Mas agora está desiludido porquê?
- A primeira grande desilusão começou logo a seguir ao 25 de Abril e até ao 25 de Novembro. Eu fiquei aqui em Lisboa com 500 homens, com duas companhias de caçadores, porque não havia mais e eu corria a tudo. Até levei os presos do Aljube para o Linhó quando pegaram fogo àquilo tudo. Oito de cada vez, porque eram muito perigosos. Em três dias despachámos tudo.
- Fazia de pronto-socorro?
- Era. E uns tempos depois pediram-me para os tirar de lá porque era uma cadeia de menores e andaram lá a perverter os miúdos todos. E estive na TAP quinze dias quando houve a greve do pessoal da manutenção. E eu bem perguntava se não havia Força Aérea. E a resposta era sempre a mesma: é preciso disciplina. E lá estive a dormir uma série de dias no chão.
- Foi um período complicado? De 1974 até 1975?
- Repare que o Regimento de Comandos foi criado em Julho de 1974. Deixaram que eu chamasse 300 convocados, pessoal que esteve comigo em África. Não imagina o que foi. Todos a falar de nós, muitos contra nós, políticos e não políticos. E eu andava ali a apagar incêndios. Mas sabe que os grandes responsáveis de tudo foram os militares esquerdistas, os comunas, como nós lhes chamávamos.
- Tentaram saneá-lo do Regimento de Comandos pelo menos uma vez.
- Foram dezassete. Eram bons. Dezasseis furriéis e um alferes. Numa noite tomaram conta dos soldados, fecharam o armamento todo e o Otelo, que chegou nessa noite de Cuba, foi ao Regimento. Falou um minuto e meio com dois deles e veio dizer que o “Jaiminho tinha perdido a confiança dos seus homens”.
- Essa frase ficou na história do PREC.
- Pois ficou. Sabe que os furriéis disseram-me depois que foram chamados ao Cunhal e que ele lhes garantiu todo o apoio caso o golpe falhasse.
- Três dias depois voltou.
- O Otelo viu que eles não queriam dar-lhe o Regimento. Era para o Partido Comunista. E chamou-me. Decidiu voltar a trás. E voltei. Choraram e tudo. Foi tudo preso. Mas o Otelo fez coisas inacreditáveis comigo. Apesar de saber que eu tinha a unidade mais forte do COPCON.
- Afinal quem é provocou o 25 de Novembro. O Partido Comunista? Ou o Grupo dos Nove?
- Não é a preto e branco. Houve movimentos de ambos os lados. A verdade está aí pelo meio. Não foi fácil. Foram tempos difíceis.
- Fala com Otelo ou não?
- Nunca mais falei com ele. Desde o 25 de Novembro. Nunca mais o vi. E até evito estar em sítios com ele.
- E que opinião tem de Costa Gomes?
- Bem, sabe que às vezes não gosto de falar disso. Mas o general Costa Gomes, por exemplo, foi condecorado em 1973 em Angola pela PIDE. Águia de ouro.
- Foi uma desilusão para si? Todo o papel que teve no chamado PREC?
- Tudo. Não é por acaso que tinha como alcunha entre nós “o rolha”.
- Essa ficou muito popular.- O “rolha”. - Mas no 25 de Novembro ficou ao lado dele, respeitou a cadeia de comando que acabava no general Costa Gomes, chefe de Estado e das Forças Armadas?
- Fiquei. Ele é que estava lá. Lembro-me que no dia 24 de Novembro foi lá uma delegação de oficiais, entre os quais ia eu, e se não me seguravam eu matava-o. Atirei-me a ele, agarrei-lhe o pescoço, até o matava. Porque ele não queria assumir nada.
- A responsabilidade pelas operações militares?
- Não queria. Só dizia que os outros eram coitadinhos e por aí adiante.
- Costa Gomes estava hesitante?
- Cheio de medo. Cheio de medo. Era mesmo o “rolha”. Lembro-me daquele caso do capitão cubano, o Peralta, que estava preso no Hospital da Estrela. E um dia os grupos de extrema-esquerda fizeram lá uma manifestação para o soltarem. E o Costa Gomes chamou-me e disse-me, em nome da Junta de Salvação Nacional, para ir lá e afastar aquela gente dali. Deitaram-se no chão para não nos deixarem passar. Mas sabe que eu exigi ao Costa Gomes que me escrevesse a ordem. Que eu podia usar os meios necessários para a missão.
- Por escrito?
- Sim. E ele, ao fim de quinze minutos, lá escreveu que eu podia usar os meios necessários, todos, mas só se fossem mesmo precisos. Veja lá um general dar uma ordem destas a um militar.
- E não lhe disse nada por estar a exigir a ordem por escrito?
- Perguntou-se se eu não confiava na palavra dele. E eu disse-lhe que não.
- Voltando ao 25 de Novembro. Acha que tinha condições para ir mais longe e não ter ficado, digamos assim, com o trabalho a meio?
- Não vou esconder que eu ia mais longe. E disse-lhe em Belém quando o Costa Gomes apareceu na televisão a acabar com tudo. Disse-lhe que não estava satisfeito. Eu ia mais longe. Não ficava por ali. Mas havia o comando, com o Eanes, o Firmino Miguel, o Tomé Pinto.
- Pires Veloso já afirmou que esse comando era uma ficção. O que contou foi o senhor em Lisboa, com os comandos, e ele no Porto, à frente da Região Militar do Norte. Concorda?
- Não é por acaso que há muita gente que não percebe porque é que o Eanes era o comandante das operações na Amadora. Nós tínhamos muitas reuniões com militares e até com civis, estávamos descontentes com o que se passava. O Eanes tinha sido saneado da RTP e foi mandado para casa. Só não foi preso por acaso. Nas reuniões o Eanes estava sempre disponível. Para escrever coisas, para fazer contactos. Sabia tudo. Foi por isso.
- E porque é que Pires Veloso diz isso?
- O Pires Veloso tem um ódio visceral ao Eanes. E quando ele escreveu o livro eu disse-lhe que, não morrendo de amores pelo Eanes, ele não podia confundir as coisas com o ódio que tem pelo Eanes.
- Também teve problemas com o Eanes?
- Deixou-me de falar.
- Porquê?
- Não vale a pena falar disso agora. Mas deixou-me de falar desde 1979.
- Antes das eleições presidenciais de 1980?
- Sim. Um dia perguntou-me se eu votava nele se ele fosse candidato contra o Soares Carneiro. Repare que nessa altura o melhor conselheiro do Eanes era o Soares Carneiro. Tinha experiência política, tinha sido secretário-geral de Angola.
- E o que é que respondeu a Eanes?
- Disse-lhe que depois de todas as conversas que tínhamos tido era evidente que votava no Soares Carneiro. E deixou de falar comigo.
- Em 1981, quando passou à reserva, já não falava com Eanes, Presidente da República. E com o general Garcia dos Santos, chefe das Forças Armadas? Também teve problemas com ele?
- Em gíria militar...bem é melhor não dizer. Tem coisas boas, mas tem coisas muito más.
- Zangou-se com ele porquê?
- Zanguei-me com ele por várias razões. Mas sabe que depois da reeleição o Eanes não perdoou a ninguém que o não tinha apoiado. E a primeira coisa que fez foi, por exemplo, foi demitir o general Pedro Cardoso.
- Mal foi eleito?
- Foi o primeiro acto dele como chefe de Estado-Maior das Forças Armadas. Pedro Cardoso era um grande especialista em informações. E foi apoiante de Soares Carneiro, como eu.
- Os apoiantes de Soares Carneiro foram todos sacrificados?
- Não digo todas. Foram algumas.
- E porque foi para a reserva em 1981?
- Eu fui nomeado para o curso de oficiais generais. E disse ao Pedro Cardoso para me poupar. Ia para a reserva. Para o curso não ia. Porque a primeira vez que deixasse de lidar com tropas eu morria. O Pedro Cardoso saiu, entrou o Garcia dos Santos, eu fui de férias e esperei que me chamasse. Um dia soube que tinham nomeado já alguém para o Regimento de Comandos, o coronel Oliveira. O Garcia dos Santos mandou-me chamar e eu, que já sabia de tudo, pedi-lhe uma folha de 25 de linhas escrevi o meu pedido de passagem á reserva.
- E nunca mais falou com ele?
- Há dois anos, num encontro, o Eanes veio-me cumprimentar. Estendeu-me a mão, mas eu não estendi a minha. E depois veio o Garcia dos Santos dizer-me que tínhamos de fazer as pazes.
- Recusou?
- Disse-lhe que nunca tinha namorado com ele.
- Acabaram com os comandos em 1993 e anos depois, em 2002, voltaram a criá-los. Porquê?
- Olhe, ainda agora, em Beja, está decorrer a formação de uma companhia de comandos. Agora estão em Mafra. Já dizem que voltam para a Carregueira. Deixei o regimento em 1981, com boas instalações militares na Amadora. Fizeram para lá gabinetes, gastaram ali milhares de contos para instalar bidés para as senhoras. Eu acho que têm direito. Como os homens. Agora transformar um quartel genuíno em gabinetes, sinceramente. O futuro dos comandos não está definido. Mas são muito importantes. Veja o que fazem no Afeganistão, por exemplo. São uma tropa cada vez mais essencial nos tempos que correm e fundamentais para os objectivo estratégicos de Portugal.
- Quando foi do 11 de Março o general Spínola tentou que o senhor aderisse?
- Tentou falar comigo ao meio-dia, já depois de ter havido a confusão toda. Eu dizia que quando fosse preciso só precisava de quatro horas para estar pronto. Não era fácil ter um Regimento de Comandos na Cintura Industrial, vigiado constantemente, com manifestações quase todos os dias. Só tivemos uma de apoio, feita pelo PS da Amadora, liderado por Andrade Neves, o primeiro presidente da Câmara da Amadora. Nem o PSD fez nada. Quando fui saneado telefonaram-me a dizer que era do PSD da Amadora. Eu perguntei quem era, nunca tinham falado comigo. Desligaram.
- E o Spínola? Como é que falou consigo?
- Eram onze e quinze da manhã de 11 de Março quando entrei no Regimento. Havia uma grande agitação no País. Está lá o Almeida Bruno e diz-me que o Spínola queria fazer uma intentona. Tens uma missão que já devia ter sido cumprida. Eu também não concordo, mas vê lá. Chamei os oficiais superiores, majores, capitães e pedi ao Bruno para repetir o que me tinha dito. Estava nessa altura a acontecer o ataque ao Ralis. Ouvimos uns tiroteios. E como eu tinha uma grande consideração pelo coronel Morgado, que era o comandante da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, agarrei no telefone e perguntei-lhe o que se passava.
- Uma grande confusão, não?
- Disse-me que tinha ido lá o Monge mas que a Cavalaria não saía. Pouco depois do meio-dia tocou-me o telefone e era o António Ramos a dizer-me que o “velho” queria falar comigo. E a conversa foi esta: “Ó Neves, então como é que vai a tua missão?”. E eu respondi-lhe: “Mas qual missão?”. E lá me falou no Bruno e no Monge e que queria meter-se no helicóptero e chegar a Lisboa à frente da Cavalaria. E eu perguntei-lhe: “Qual Cavalaria? A Cavalaria não saiu”. Diz-me o Spínola: “Não me digas que fui enganado”. E a minha resposta foi rápida: “Passa a vida a ser enganado”. Foi de helicóptero mas para Espanha.
PERFIL
Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de S. Dinis, concelho de Vila Real, em 24 de Março de 1936. Fez a escola primária na aldeia de S. Martinho de Anta e o liceu em Vila Real. Em 1953 veio para a Escola do Exército. Casado, com três filhos, começou a sua carreira militar em Mafra, em 1957. Nesse ano partiu para Moçambique de onde, como alferes, foi para a Índia. Em 1962, já como tenente, fez a primeira comissão de serviço em Angola, como capitão de uma companhia de Caçadores Especiais. Graduado em coronel em 1975, esteve à frente do Regimento de Comandos da Amadora até 1981.
António Ribeiro Ferreira In Correio da Manhã

Anónimo disse...

Caro A. João Soares,

trago-lhe comentários ao texto que aqui coloquei um pouco abusivamente, mas que penso ter a ver com a situação política actual...

11 Comentários - Mostrar postagem original
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Anônimo disse...
Caro Relvas,
Atrevia-me apenas acrescentar muito seriamente á frase do nosso Coronel Jaime Neves: "Não foi para isto que fizemos o 25 de Novembro", o seguinte: Nem o 25 de Abril.
MAMAAAAA SUMEEEE!!!
Rui Gomes
Ex-Tenente Miliciano COMANDO

25 de Novembro de 2007 19:44


Henrique Felix disse...
Ainda gostava de ver um debate,frente a frente,acho que nosso coronel Jaime Neves reponha a verdade,já agora gostava de saber qual foi a historia que se falava de porem os returnados na praça de touros no campo pequeno.
Um grande abraço caro camarada Relvas.

26 de Novembro de 2007 22:54


Mário Relvas disse...
Olá Rui e Félix,

sejam bem aparecidos.

Na verdade ainda há muito, mas muito por contar...

Os homens medem-se pela coerência e pela verticalidade ao longo da vida. Os que servem sem benesses, os que não aceitam compadrios e favores, são encostados...mas um dia, tudo vem ao de cima!!

Verão!

Abraço

26 de Novembro de 2007 23:07


al cardoso disse...
Gostei muito desta entrevista!
Sabemos que o Coronel Jaime Neves e um Homem com "H" grande!!!

Havia de haver muitissimos mais portugueses como ele!

Um abraco amigo do d'Algodres.

27 de Novembro de 2007 09:04


paulogarcia disse...
Grande Entrevista.
Grande Momento
Grande Homem.....
É um previlégio ter pertencido aos Comandos....
Comando para Sempre
_________________
Paulo Garcia Alf.Mil.Cmd 92º Curso Comandos, Companhia 122 - Direcção Instrução

27 de Novembro de 2007 09:19


Mário Relvas disse...
Camaradas,

esta entrevista é histórica. O nosso Comandante Jaime Neves não se manifesta na praça pública. É uma entrevista histórica. Mas o nosso Chefe foi moderado...

Será que o nosso Presidente da República terá CORAGEM de lhe entregar a ORDEM DA LIBERDADE no próximo Dia de Portugal (10JUNH08)?

Quem tem medo de Jaime Neves e dos Comandos? Porque ao longo dos anos SOMOS "ignorados"?

Porque os jornalecos entregues ao sabor dos favores e do poder político não fizeram uma única referência ao 25 de Novembro? Excepção para esta entrevista no CM.

Jaime Neves não fala aqui dos dias de detenção que o "ex-presidente da JAE", enquanto CEMGFA -Garcia dos Santos, lhe deu para cumprir no QG em Lisboa, depois do Comandante ter dito umas verdades...Há muitas coisas que ficaram nas entrelinhas, só sabe quem sabe!!

NÓS SABEMOS!!

POR PORTUGAL E PELOS COMANDOS!

MAMA SUME

27 de Novembro de 2007 09:26

Anónimo disse...

Mário Relvas disse...
Comentários no Correio da Manhã
» Comentários

Segunda-feira, 26 Novembro


- José Ricardo
Estive na Amadora e em Santa Margarida em 1979/80. Fui comando. Desde aí comecei a admirar este grande homem. Gostei de o rever nesta entrevista

- edu
Muitos elogios, mas pouca obra deixada para a comunidade civil.

- Adelino Madeira
Grande Comandante e grande Homem,Se todos os militares fossem como ele este pais seria outro.Conheci jaime Neves em Montepuez e Sinto-me Honrrado por isso.Um abraço a esse Grande Homem.Bem Haja

- Um abraço, COMANDANTE!
Já em 74, em Mafra, eu e os meus colegas tinhamos a maior admiração por este grande comandante JAIME NEVES, não obstante a meia centena de km que nos separavam da Amadora.Longe de nós pensar, na altura, que este país seria "assaltado", 30 anos depois, por um incompetente que, servindo-se constantemente da mentira, está a levar este país a um estado de pobreza geral,...

- HP
Os cerca de seis meses que estive sob o seu comando e os os contactos havidos apos o 25A e o 25N deram para perceber que nada nem ninguém o levaria a atraiçoar um amigo ou um principio de honra. Um forte abraço e longa vida com saude

- António Teixeira
Conheci a pessoa, embora nunca tenha convivido com ela. Sempre ouvi boas referências e apreciei o seu porte. Hoje não temos Homens para fazer um 25 qualquer que reponha a educação e respeito pelo próximo. O interesse pessoal é o lema de quem nos governa. Quem não tiver esse lema, é afastado, ignorado e, nunca se sabe até que ponto, atirado para a valeta. Um abraço de um seu desconhecido.Arcozelo

- Vitor Ferreira
Militar NR 13890872 de ABR72 a NOV74,passeipor VENDAS NOVAS onde conheci o entao MAJOR OLIVEIRA. Ficamos marcados para toda a vida pela cpacidade de liderança dessse homem que colocou a EPA com o apodo de COMANDOS DO SUL ( porque seria??)Graças aos seus ensinamentos levei e trouxe todos osmeus homemsn, saos e salvos, de Moçambique.ONDE ESTARA ELE? VIVO? Se alguemsouber o contacto.......

- Coronel piloto aviador Mário Silva
Sou camarada e conterraneo do Jaime e daqui lhe mando um grande abraço e parabens pelo desaçombro da entrevista, aliás conhcedo-o nem outra coisa seria de esperar. Infelizmente tambem eu conheci o "Rolha" bastante bem. Um abraço para ti Jaime. Mário Silva

- joão santos silva
Tive a honra e o privilégio de ser comandado por este ilustre Português,de seu nome Jaime Neves.Ao país deu tudo,sem pedir nada em troca,aos seus comandados incutiu os principios e valores que fiseram melhores.Por tudo o que nos deu-Um Grande BEM-HAJA.

- Armando Almeida
Tinha eu 10 anos em 1972 e tinha um irmão em Angola.Todos, ou quase todos os dias acordava com o choro de minha mãe, pelo risco da vida dele.Quando ele veio, contáva-nos muitas histórias.Falou em muitos nomes, mas gravei um na memória:Jaime Neves.Dizia que era um bravo.Onde estão hoje os homens do meu país????!!!

- guerra
Um Homem a quem o pais ainda não fez o devido agradecimento.

- manel alentejano
Nao fui comando tenho pena.Estive 6 anos em Mocambique d 1994 a 2001,desde o Rovuma ao Maputo ainda s fala deste Sr.Pretos e brancos q foram comandados pelo Jaime Neves com dizem. Em Montepoez,Nova Freixo,Mueda,Vila cabral,Marrupa,assisti muitas vezes eles a falarem neste comandate como um grande HOMEM.Obrigado por ter honrado os Portugueses e PORTUGAL.Londres

- M. Gonçalves
Grande homem, grande militar, grande português. Este herói é o verdadeiro responsável pela liberdade que temos. Em vez de festejar o 25 de Abril, que substituiu um regime autoritário por uma ditadura, os democratas deveríamos festejar o 25 de Novembro!Braga

- cuscodebraga
Tinham que vir com o Soares "fixe"!!Ele teve coisas boas, mas outras muito más!Como cmdt supremo das Forças Armadas deixou fechar o RCMDS da Amadora. Sei que alguns militares o pressionaram, mas devia tê-los chamado à razão!Não o fez, passou a responsabilidade total para o CEMGFA - Gen Soares Carneiro...

- josé costa
Caro COMANDANTE estive consigo na Amadora nos COMANDOS e sei bem o seu valor, foi com enorme prazer que o tive como meu comandante continua frontal e dono da sua palavra. vou guardar a sua entrevista. Um abraço Mama Sume

- cuscodebraga
Caro Cmdt Cor Cmd Jaime Neves,Portugal vai mal e bem mal!Como sempre, neste canteiro, os Homens de Fé, rigorosos, mas que não procuram benesses, são postos de lado.Muito ficou por dizer nesta entrevista, mas estamos cá.

- Oliveira
Eu era uma miuda no 11 de Nov e lembro-me de algumas imagens no telejornal e das palavras calmas e convincentes q/ele utilizou p/desmobilizar os outros colegas.Precisavamos retroceder aqueles tempos mas com a experiencia actual.

- Armando Silva
Se a liberdade hoje existente neste país é obra deste GRANDE militar. Se não fossem os COMANDOS, isto teria sido uma nova Cuba. Cunhal e os seus cúmplices tudo fizeram, para isso. Não podemos esquecer que no sector civil, o DR Mário Soares foi o grande defensor da democracia.

- Victor Coimbra
Grande HOMEM,e GRANDE MILITAR.A história vai dar-lhe o devido valor!Os vindouros hão-de reconhecer o importante papel que Jaime Neves teve ,no pós 25ABR.Foi mais importante o 25 de Novembro do que o 25 de Abril...Não percebo porque não se comemora esta data...

- ninbuem
Vou guardar esta entrevista como documento para mostrar aos meus netos, para não se deixarem enganar pelas mentiras que se contam por aí. Nasci e cresci em Moçambique, vivi e 25 de Abril,sou de direita mas dói-me o caminho que Portugal está a levar, porque qualquer dia só há alguns muito ricos e o povo na pobreza.

27 de Novembro de 2007 09:30

Anónimo disse...

Mário Relvas disse...
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» Comentários

Domingo, 25 Novembro


- JB
Está desiludido e não é o único, muitos milhares de militares que alinharam, inclusive, no 25 Abril, também o estão, a começar por mim que alinhei de alma e coração...

- DH
Deixo aki a minha homenagem a um grande militar, homem decidido e condutor de homens. O Comandante, que se manteve sempre lúcido e coerente nos seus ideais de Pátria e Democracia durante o periodo conturbado do PREC, à frente dos seus Comandos, onde muitos outros foram meros instrumentos ignóbeis. A ele e aos Comandos q derramaram o seu sangue nesse dia 25, Obrigado.

- fernando camacho
Para que todos os portugueses ficassem a saber como e porquê se deu o 25 de Abril, deviam todos os oficiais ainda vivos que nele tomaram parte, vir a estas páginas do CM seguir o exemplo deste sr. major Jaime Neves. (Macau)

- fralavor
O Povo português tem sido mal governado, pelos governos que vieram depois do 25/11/75. Se o Jaime Neves tivesse conseguido instalar,Fascismo de Salazar novamente,eramos o povo mais dsegraçado da Europa.Fome, Prisão e Censura.Devemos a nossa liberdade aos oficiais que lhe viraram a cara.

- emanuel melo
homens como este há muitos poucos. Para quando o lugar que merece na história de Portugal. obrigado JAIME NEVES

- Zé Furtado
Tive o previlégio de servir com o Sr.Coronel em Moçambique. Nunca conheci um Oficial do Quadro que protegesse tanto os seus homens.Homem sério,duro,justo,correcto e afável.De um seu antigo Alferes Miliciano.Obrigado.A sorte protege os audazes.

- João Santos
O Espirito Guerreiro, Combatente, Conquistador, Corajoso, Destemido e Bravo, que os Portugueses tinham e eram conhecidos por todo o mundo, acabou neste Senhor. Até então, os Portugueses tinham no sangue enormes virtudes, que se perderam após o 25 de Abril. Agora, impera o cobardismo, comodismo e a falsidade politica. BEM HAJA CORONEL JAIME NEVES.

- Laguna
Obrigado Comandante. "Quem faz do perigo o seu pão, do sofrimento seu irmão e da morte sua companheira". MAMA SUME

- ai
Realmente para termos esta coisa a que chamam país não deviam era terem todos mexido uma palha.

- Tony
So quero adiantar que fui militar,mas nao comando e nunca conheci o Sr.Jaime Neves.Uma vez tentei telefonar-lhe,mas falei com o seu 2o. o Sr.Major Lobato Faria.A missao foi cumprida com a minha informacao.Muitos e muitos anos de vida e com saude,o verdadeiro portugues nao o esquecera.Ainda tenho esperanca que o Chefe de Estado e das Forcas Armadas se lembre de si e o condecore.

- Tony
Estou radiante por ter lido esta entrevista com um dos poucos militares que se pode orgulhar de o ter sido. Por varias vezes,aqui,o tenho referenciado,mas o que mais gostava era que o PR o condecorasse e se possivel, promove-lo a General.Sou alentejano e sei o que ele tentou fazer, por causa das G3's roubadas e levadas para la.Homens como este fazem muita falta e nunca e demais lembra-los ao Pais.

27 de Novembro de 2007 09:32

Anónimo disse...

25NOV07 disse...
Aos Comandos de antes do 25Nov75,

com especial honra e orgulho COMANDO.



Pela 1ª vez na minha vida não irei estar presente na cerimónia do 25Nov75 em 25Nov07.

Estou doente de cansaço de ouvir aquele relatório de operações referente a 25Nov75.

Não estando presente e não podendo ver alguns de vocês, pela 1ª vez na minha vida vou expor para o exterior um pouquinho do que me vai na alma.

Viva a Associação de Comandos de antes do 14Nov75 (data da escritura que oficializou a Assoc. Comandos, assinada por mim e pelo Camarada Pinto Bastos).

Viva os convocados Comandos que arriscaram a vida e a das famílias, no dia 25Nov75.

Acompanho nesta saudação, os oficiais e sargentos de outras tropas que se apresentaram no Reg. de Comandos no dia 25Nov75.

Viva o Regimento de Cavalaria de Estremoz que, ao contrário de outro regimento tão glorificado pelos heróis oficiais de 25Nov75, chegou a tempo e horas ao Regimento de Comandos, e não atrasado 48 horas.

Viva o, na altura Ten. Art. Barreira, que nos acompanhou no 25Nov75.

Viva o Corn. Cmd. Jaime Neves, que com a coragem que só ele tem, foi connosco no 25Nov75.

Vivam os poucos (um deles agora expulso de Sócio da Associação de Comandos num processo elaborado por um sócio extraordinário) que sempre estiveram connosco antes do 25Nov75.

Vivam vocês todos Comandos Convocados, sem os quais, encarnando o espírito Comando e saindo do Regimento, só tinham na alma Comando a vitória ou a morte.

Eu sei, não são militares políticos, e muito menos militares dos Quadros Permanentes (quando tirei o curso de Comandos não havia nenhuma diferença)

A história verdadeira operacional e os tempos anteriores do 25Nov75 irão comigo para debaixo da terra, sem nunca, nunca vos esquecer.

Não será estranho à Nação e ao Povo Português não termos um único “louvorzinho” sobre o 25Nov75?

MAMA SUME

José Ferreirinha Gonçalves

Cap “CMD”

27 de Novembro de 2007 09:41

Anónimo disse...

25NOV07 disse...
A memória dos homens…

25 de Novembro de 1975

Imagem ActivaNaquele dia frio de Novembro, seriam umas 9.30 h da manhã, encontrava-me ao cimo da escadaria de acesso à entrada do Hospital Militar Principal acompanhado pelo Dr. Crespo, na altura responsável pelo Serviço de Oftalmologia e mais tarde director do Hospital e dos Serviços de Saúde do Exército. O Dr. Crespo desabafou: “Isto é de doidos, está tudo maluco!”.

Estávamos ambos acabrunhados e perplexos com o que se estava a passar em Lisboa com os últimos acontecimentos e sobretudo, com a constatação da gravidade da situação que se vivia e da qual os corpos dos dois camaradas que jaziam na casa mortuária do hospital eram o mais gritante testemunho.

Estava em plena marcha aquilo que ficaria para a História como “Os acontecimentos militares de 25 de Novembro de 1975”.

Já lá vão 32 anos e como é comum dizer-se, a memória dos homens é curta. Lamentavelmente muito pouco se fala já desse período dramático da História recente de Portugal e até nos atrevemos a dizer que, para muitas consciências não há grande interesse em avivar a memória e explicar aos mais novos como é difícil conquistar a liberdade e depois garantir a democracia.

O 25 de Abril de 1974 trouxe aos portugueses a tão almejada liberdade cívica, abriu janelas e rasgou horizontes permitindo vislumbrar para as novas gerações um futuro mais risonho e mais rico no mais lato sentido da palavra, assente nos sagrados princípios do direito à igualdade, à fraternidade e à liberdade de expressão.

Mas, os nobres ideais e propósitos que seguramente presidiram à corajosa iniciativa desses Capitães de Abril, foram rapidamente ultrapassados e esquecidos, dando lugar ao oportunismo político, à demagogia e ao populismo que se abateu sobre uma sociedade politicamente analfabeta, deslumbrada com os ventos da liberdade e a queda de um regime de 48 anos, facilmente manipulada e instrumentalizada.

E assim, dia após dia, mês após mês, numa avalanche contínua de disparates e de arbitrariedades políticas, sempre em nome da democracia mas sem o mínimo respeito pelos valores da família e da nação, alguns líderes, seguidores da ditadura dos partidos, conseguiram pôr os portugueses contra os portugueses, destruir os valores e a coesão social, chegando àquele quase estado de anarquia que foi o Verão Quente de 1975.

A corda esticou, esteve quase a rebentar mas, uma vez mais, foi um punhado de militares, obviamente apoiados por algumas forças civis, que assumiu o dever e a responsabilidade histórica de repor a legalidade e permitir que os portugueses pudessem finalmente viver em paz, respeitando-se mutuamente e às diferenças, garantindo com firmeza a liberdade, o respeito e o funcionamento das instituições democráticas e o sublime direito à cidadania.

Foi do Quartel da Amadora, do Regimento de Comandos, que as acções operacionais partiram, com o firme propósito de salvaguardar os amplos direitos cívicos adquiridos e de repor a ordem e a estabilidade democráticas, então ameaçadas por aqueles que, aproveitando as grilhetas quebradas em Abril de 74 se preparavam para da forma mais violenta e brutal, acorrentar de novo o nosso povo.

Nos anos que se seguiram, junto do Monumento ao Esforço Comando, participei em muitas cerimónias evocativas dessa data e eu próprio coordenei e apresentei muitas delas, sempre com um sentimento e uma emoção muitos especiais, sobretudo no momento em que soava o Hino aos Mortos em homenagem ao Ten “CMD” Coimbra e ao Fur “CMD” Pires, caídos naquela manhã, pela liberdade, pela democracia e por todos nós.

A memória dos homens é curta.

Ao longo destas últimas três dezenas de anos, foram muito poucas, diria mesmo raras, as vezes em que alguém de entre os nossos distintos políticos do vasto leque partidário ou figuras gradas do panorama militar, económico e social, estiveram presentes prestando homenagem e recordando aqueles que, com o seu sacrifício, lhes permitiram que hoje ocupem os lugares de destaque que detêm na sociedade actual.

Sabemos que naquele Novembro de 75 muito boa gente houve, que, até à última hora, esteve indecisa sobre qual a carruagem do comboio que deveria apanhar. Esses, são os que mais facilmente sofrem de amnésia e que a todo custo procuram tirar a pedra do sapato.

Mas nós não esquecemos.

Aqui deixo o meu preito de homenagem e o meu abraço fraterno àqueles camaradas comandos que constituíram as duas Companhias de Convocados e que foram indubitavelmente os principais protagonistas desses acontecimentos e da reviravolta que felizmente se operou.

Ao Regimento de Comandos, aos seus militares e a todos os camaradas que a eles se juntaram, Portugal e os portugueses ficam a dever o estado de direito e a democracia em que vivemos, sendo da mais elementar justiça registar os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 como um marco relevante e do maior significado para a história recente do nosso país e da nossa sociedade.

A. Neves

TCor “CMD”

27 de Novembro de 2007 09:42

A. João Soares disse...

Com todos estes comentários, até parece que a localização do NAL está directamente relacionada com essa data!!!
Estou convicto de que os factores da decisão Ota, sim ou não, que permanecem ocultos estão mais relacionados com Macau. Será?
Abraços

Anónimo disse...

A localização do NAL, do canal, ou do ancestral...tal canal... pouco importa, se o problema é realmente este:PORTUGAL afastou-se da verdade, da democracia real.

As verdades doem, mas são verdades.Quem as quiser contestar faça-o, mas também com seriedade.

O aeroporto de Lisboa é só uma agulha neste palheiro, neste recheio de políticos, de militares, que se atrapalham e enxameiam de dúvidas o país!!

Vai ficar calado, juntando-se aos que não querem que se fale do 25NOV75?

Porquê?

Um abraço