O bastonário da Ordem dos Economistas, Murteira Nabo, defende que, após controlado o défice, é preciso dar prioridade ao crescimento da economia.
Eu diria que, em permanência, independente do défice, não deve ser perdido de vista o objectivo do crescimento e tão acentuado quanto for possível, para não aumentarmos a distância que já nos separa da média europeia. E para haver crescimento sustentado, tem de haver saúde, segurança pública e social e trabalho e, principalmente, um ensino eficaz adequado às necessidades do País.
Quanto a esta necessidade do ensino, em que devem ser dadas prioridades aos bons resultados da formação de pessoas produtivas, eficientes para a sobrevivência do Estado Português, é chocante a forma como hoje é noticiada uma medida humanitária muito louvável, mas que não deve ser encarada desta forma. Diz a notícia que «as escolas que não dêem PRIORIDADE na matrícula às crianças com necessidades educativas especiais de carácter permanente serão alvo de um processo…».
Esta forma de expressão distorce a realidade e os objectivos. Uma escola deve ter por PRIORIDADE a formação de pessoas com que Portugal poderá contar para a sua sustentação como Estado independente e com crescimento do PIB (Prazer Interno Bruto), isto é, para o aumento do bem-estar e da felicidade das populações. Esta prioridade reconhecendo e premiando o mérito dos melhores estudantes, dos que evidenciam maiores capacidades, deve ser inconfundível. Não deve ser colocada ao mesmo nível nem em paralelo com as acções humanitárias em relação às crianças diferentes carecendo de educação especial. Este é outro assunto, merecedor da melhor atenção e do apoio mais eficiente que for possível, por forma a assegurar-lhes a melhor qualidade de vida. Mas não pode ser PRIORITÁRIA em relação à formação dos mais aptos. Usando esta prioridade nas actividades da escola, seria como colocar no pódio de uma maratona os três últimos a chegar à meta, ou mesmo os três que desistiram a maior distância da meta.
E a propósito do PIB, Helena Sacadura Cabral, num jornal gratuito, diz que aprendeu de um professor que «a economia é a arte de adequar o sonho à realidade», mas, posteriormente, descobriu que há uma outra incógnita: a política. A economia deve funcionar para as pessoas, para o PIB, prazer interno bruto. Deve haver a preocupação de analisar o nível de felicidade dos cidadãos, como um dos aspectos cruciais sobre o qual os governantes deveriam passar a debruçar-se. Não com a finalidade de obter mais votos, mas para terem a consciência de que a economia e a política só têm importância real se as decisões contribuírem para a felicidade e a melhor qualidade de vida daqueles a quem se destinam. E as pessoas do povo consideram necessário para a sua felicidade, ter saúde, segurança e trabalho, temas que esperam a boa actuação, dos ministérios da Saúde, da Justiça, da Administração Interna, da Educação e do Trabalho e Segurança Social.
Estes três temas, surgidos em separado, estão muito relacionados e merecem profunda meditação, por parte dos governantes para aumentarem este PIB e, por parte dos cidadãos, para avaliarem em permanência o desempenho dos seus eleitos e olharem-nos com espírito crítico muito realista.
A Decisão do TEDH (399)
Há 38 minutos
2 comentários:
João
Esta questão coloca-se por dois motivos. Na escola inclusiva todos são iguais. E bem! Contudo, devia haver um sistema de ensino diferenciado que não prejudicasse os bons e que auxiliasse os que necessitam de atenções especiais.
O segundo motivo é a política. Também os governantes haviam de estudar para governar e pagar pelos seus actos.
Abraço
Amaral,
Obrigado pelo seu esclarecimento. Afinal mostra que tinha razão quando não gostei da palavra prioridade, pois se são todos iguais, há igualdade!
Mas como muito bem diz, não se devem prejudicar os melhores que são uma esperança válida para o Portugal de amanhã, aqueles que se licenciarão na devida oportunidade e não na educação de adultos com a boa vontade de professores com quem se trocam favores.
Um abraço
João
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