Quando se escreve ou, por qualquer outra forma, se emite uma opinião, é impossível agradar a todos e qualquer preocupação nesse sentido seria castrante e distorceria o discurso. E, quando se chama a atenção das pessoas para um caso de cariz mais ou menos político que mereça reflexão, aparece alguém, por exemplo o «cenoura» ou «laranja» autor dum comentário a um post que não consegue ver o mundo senão através da óptica partidária, com uns antolhos adequados, mas que não se inibe de arrogância facciosa.
Depois, ou caluniam que é rosa-vermelho, ou fascista de extrema-direita, ou «xuxalista», ou comuna. Parece um fotógrafo de há 100 anos que apenas sabia trabalhar com fotografias a preto e branco. Mas, mesmo esses, eram mais hábeis e artistas pois aceitavam o cinzento mais ou menos escuro, em múltiplas tonalidades de luminosidade.
Pobre mundo esse, formatado em sistema binário, em que há muita gente a pensar em termos de sim ou não, de nós ou os diferentes, de preto ou branco, de cenoura ou os outros. Dessa forma, é impossível analisar a multiplicidade de tonalidades da humanidade ou até de uma sociedade de tão pequenas dimensões como a portuguesa. Um comentador que não sei se será cenoura ou laranja, acusou-me de não ser prático, mas ele ultrapassou a minha teoricidade, só que eu procuro não ser partidário e manter uma imparcialidade e isenção que permita ver o mundo a cores e não a preto e branco, em sistema de sim ou não, coisa que ele não consegue.
E essa estreiteza de raciocínios está na origem de todo o mal gerado pelas más decisões políticas. Por exemplo as decisões oníricas do ministro da Saúde e os seus frequentes recuos, em função das manifestações de populações e autarquias que não foram ouvidas com oportunidade.
Outro caso de obsessão legislativa arrogante vem sendo observado, ao longo de décadas, nas alterações do Código da estrada. Os acidentes continuam; a tragédia não pára. E, embora as leis existentes, se fossem cumpridas, evitariam essa sangria, os governantes decidem alterá-la agravando as multas e dificultando a vida às pessoas. Mas as novas leis também não são cumpridas e os resultados são a continuação da sinistralidade rodoviária.
Oxalá que os nossos anjos da guarda não nos abandonem completamente!
Boas-Festas
Há 2 horas
2 comentários:
Todas as ideias expressas que se baseiem em raciocínios lógicos explicitados devem merecer o mesmo rigor de análise por parte do leitor. Só no final dessa leitura atenta este poderá saber se aproveita para si próprio algumas das reflexões lidas, ou não. O respeito por concepções diferentes parece-me um evidente sinal de maturidade e de cidadania.
Um abraço.
Jorge G
Esse respeito é essencial para materializarmos o conceito de liberdade. Não significa isso que concordemos com as ideias de todos, isso seria impossível. Mas será um bom exercício mental procurar analisar o que leva muita gente a agir de forma diferente da nossa. Por exemplo o terrorismo que, depois de dar a volta, passa a ser nacionalismo, patriotismo, independentismo, etc.
Um abraço
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