José Sócrates aproveitou o Fórum Novas Fronteiras para listar os ‘grandes êxitos’ do seu governo e atirar setas a comentadores e ao líder do PSD referindo-se à quebra de acordos parlamentares por parte deste. Disse que essa quebra revela o "descrédito" de Luís Filipe Menezes e que a sua atitude "se distingue pelo tremendismo, pela desorientação, pelo ziguezague e pelo descrédito". E foi mais longe, afirmando "quem não sabe honrar os compromissos que livremente assumiu, os acordos que livremente celebrou e que demonstra uma tal falta de sentido das responsabilidades que não hesita em faltar à palavra dada".
Mas eles conhecem-se e, pelos vistos, nenhum deixa de merecer estes mimos, pois Menezes não demorou a dizer os numerosos casos em que Sócrates, primeiro-ministro, faltou à palavra dada, aos compromissos livremente assumidos perante o povo português. Deve ter enumerado mais de uma dezena de casos.
Eles são todos uns bons malandros, mas são sabedores dos podres dos outros e não os ocultam do povo, quer durante os debates na AR, quer durante as campanhas eleitorais, quer nos comícios ou em outros locais em que tenham gente a ouvir. Não podem, por isso, espantar-se que os populares os apupem e lhes chamem os nomes que eles toleraram aos seus pares!
Porém, nos mimos de ontem, há uma diferença muito importante: Menezes não está sujeito a juramento de lealdade no cumprimento das funções que lhe foram confiadas, mas Sócrates está comprometido a um desempenho leal, assim o jurou e devia e deve cumprir a palavra dada, o que não tem acontecido, conforme foi dito publicamente pelo seu oposicionista, e como tem sido do conhecimento dos portugueses.
Isto é muito grave Sr. Primeiro-ministro. Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras aos telhados dos outros.
Rapidinhas de História - Livros
Há 34 minutos
4 comentários:
João
Concordo e subscrevo a sua opinião. Contudo, a propaganda é tão grande que as pessoas quase que toleram estas falhas de palavra. Antigamente a palavra dada valia mais que uma assinatura.
Hoje, e na política que é a coisa mais porca, parece não haver honra. Notícias surgem que falam de licenciatura, de projectos e sei lá que mais e com a arrogância própria ameaça-se e procura-se branquear. No início do século XX publicava-se a caricatura do rei com cara de porco. Veio a ditadura e o silêncio foi-nos imposto.
Agora não se pode dizer nem fazer nada (veja-se o caso dos professores identificados no POrto no sábado...).
Contudo, aproveitando o palanque televisivo toca a auto-elogiar-se.
No tempo do engenheiro Guterres, ele próprio dizia "elogio em boca própria é vitupério".
Não ficava nada mal a este governo mostrar abertura, humildade e cumprimento das promessas.
Boa semana
Abraço
Amaral,
«Elogio em boca própria é vitupério», mas os actuais governantes desconhecem essa ética, esse pudor.
Baptista Bastos, há dias, chamava a tais discursos e entrevistas «palavras desnecessárias», por serem redundantes, repetitivas, ecos, que nada trazem de novo. É uma autêntica acção psicológica tendente à lavagem de cérebros, pouco dotados e resistentes.
Quanto ao futuro deste rectângulo, recordo o que um dia um entendido disse a uma pessoa de família que estava a sofrer de «zona» e lhe dava muitas dores, tendo já feito diversos tratamentos. Reze.
Temos de rezar e pedir um milagre!!!
Um abraço
O general Garcia Leandro publicou no Expresso, no sábado passado, uma espécie de protopronunciamento militar deveras interessante.
Em substância, o general diz que o país está minado pela corrupção e pelo mau governo dos políticos e que só não avança para encabeçar um movimento de indignação, conforme muito solicitado, porque vivemos hoje na União Europeia - […]
Caro Lomelino,
Já aqui foi referida a posição de Garcia Leandro, tendo publicado sob o título «Porquê tanta aversão aos militares?» http://joaobarbeita.blogspot.com/2008/02/porqu-tanto-averso-aos-militares.html
com um texto de Brandão Ferreira a reclamar de um outro que Miguel Sousa Tavares publicou no Público.
Garcia Leandro tem uma vasta experiência de cargos de alta responsabilidade em Portugal e no estrangeiro ao serviço das Nações Unidas e da NATO. Possui saber que mete receios aos políticos e seus lacaios. Ninguém gosta de ter ao lado como termo de comparação, alguém que lhe seja muito superior. Por isso, há que demolir todos os padrões que forem desfavoráveis.
Um facto curioso é que não consta que algum general tenha aparecido em sua defesa. A isso obriga o dever de gratidão pelos tachos e a ambição de continuar a receber favores. Foi um erro para Portugal terem politizado os altos cargos militares, tal como terem criado o hábito de qualquer alto cargo ser ocupado por um amigalhaço da cor, em vez de o ser por um a pessoa competente escolhida por concurso público bem elaborado.
Um abraço
A. João Soares
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