Ontem na Madeira, a comissão regional do PS-Madeira aprovou, por unanimidade, um voto de protesto contra os elogios de Jaime Gama a Alberto João Jardim. Toda a oposição madeirense, do CDS-PP ao PCP, contesta tais declarações do presidente da Assembleia da República, na abertura do Congresso Nacional da Anafre, considerando-as inoportunas.
Isto poderia parecer um fait-divers, mas merece ser analisado como um sintoma, mesmo uma evidência, da forma de fazer política partidária em Portugal. Seria desejável que os partidos assumissem ser sua função procurar as melhores soluções, em conformidade com as suas ideologias, para os problemas mais graves do País. Mas, como se vê, na falta de capacidade para superarem os rivais na apresentação de propostas construtivas para criar melhor nível de vida para os portugueses, principalmente para os mais desprotegidos, procuram vencê-los à canelada, depreciando-os, denegrindo-os, à força de golpes baixos, em que todos os truques são válidos.
Jaime Gama, a segunda figura da estrutura do Estado, que por isso é merecedor de todo o respeito, foi honesto ao apreciar qualidades positivas de João Jardim. Ninguém discordará que, em qualquer sector, as pessoas têm qualidades e defeitos, não sendo de espantar que Jardim as tenha. Mas se Gama assim pensa, o mesmo não se passa com os politiqueiros profissionais, de baixo nível, que se esmeram na politiquice de denegrir o adversário, porque não conseguem fazer melhor. E seria mais meritório obter relevância à custa de melhores iniciativas do que as dos rivais.
Esta é uma oportunidade para meditarmos naquilo que os políticos consideram ser a sua estratégia de conquista e manutenção do poder, agredindo-se e ignorando os problemas essenciais do País. E, curiosamente, estas rivalidades não existem apenas entre partidos, mas também entre militantes dos partidos sem se importarem nos prejuízos que isso possa causar em termos de resultados eleitorais. Pensam nos interesses próprios e pouco mais.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Como se faz política por cá!
Posted by A. João Soares at 22:20
Labels: Gama e Jardim, politiquice, rivalidades partidárias
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6 comentários:
Caro João Soares
Não deixa de ser curioso que o homem que, como deputado, chamou Bokassa ao Lider madeirense, venha agora, com pouca naturalidade no discurso, tecer exagerados elogios ao espírito democrático de Jardim.
Não sei onde ele foi encontrar tal virtude, porque só há democracia quando haja hipóteses de escolha e de alternância. Ora, aqui na Madeira, o poder foi tomado de assalto pelo PPD e deixou de haver espaço político para mais ninguém. Aqui na Madeira quem não for do PPD, pagando os impostos por inteiro, não tem direitos. O mais pequeno pedido de construção, de formar uma empresa, de concorrer a um lugar na máquina estatal é liminarmente bloqueada pelo omnipresente partido do Governo. As pessoas têm medo de falar por causa dos imensos bufos qu por aqui abundam.
Aqui não há, nem nunca houve, democracia. O que há é uma feroz ditadura do partido mais votado.
Neste caso há qualquer coisa que não bate certo. Ou Jardim já comprou alguém dentro da máquina do PS (do Continente) ou Jaime Gama está a tentar desacreditá-l dentro do PPD fazendo crer que há compromissos. Porque não será de estranhar que Jardim sonhe com novos voos após a sua anunciada saída Governo Regional. E a sua eventual actuação como líder parlamentar do PPD na AR poderá criar graves embaraços ao cidadão Pinto de Sousa...
Por coincidência, o DN-Madeira de hoje faz referência a essas eventuais ambições de AJJ.
Ou será que Jaime Gama já está a colocar vaselina no homem?
Caro Vouga,
Tudo isso que me conta é muito interessante e vem confirmar aquilo que o post quer pôr a nu, a politiquice dos políticos, de uma forma ou de outra, que esquecem os verdadeiros interesses da população em geral, e olham apenas para os interesses deles e dos seus partidos.
Se não podem eliminar um adversário conquistam-no para o seu grupo!!!
Abraço
A. João Soares
João
Há que assinalar que Jaime Gama (tenha ou não chamado nomes a AJJ) agora é o Presidente da Assembleia da República. Assim, e enquanto instituição reconhceu o que não podia deixar de reconhecer: AJJ tem obra feita.
A oposição, claro, fez logo ruído pois não é capaz de ver nos outros capacidades de governação.
Mal vai o país, onde não se é capaz de (tirando a máscara partidária) dar o mérito a quem o tem
Abraço
Caro Amaral,
Efectivamente, pondo de lado as politiquices partidárias e procurando ver as coisas com imparcialidade, verifica-se que o homem da Madeira, por pior que se diga, tem obra feita, assumiu em plenitude que a sua função é criar condições de desenvolvimento para bem do povo que depende de si.
No Governo Central, pelo contrário, vemos o abandono das pessoas, na Saúde, no Ensino, na Segurança Interna, na Segurança Social, para ser poupado dinheiro a fim de que depois «nada falte» aos detentores do poder.
E, como as eleições são secretas, cada um pode votar em quem entende, temos de concluir que o AJJ tem estado no poder por vontade do povo. Se respeitamos a Democracia, não podemos deixar de ter respeito pela vontade do povo, manifestada através do voto secreto. Se os outros partidos não recebem, tantos votos é porque não conseguiram criar no povo confiança naquilo de que são capazes, é a prova de que a maneira de fazer política descrita no texto, não é a melhor e não produz os resultados que os incompetentes desejam. Não se ganham muitos votos a dizer mal dos outros partidos sem demonstrar capacidade para fazer melhor.
Abraço
A. João Soares
Olá, João Soares
Como está?
Saudades das suas crónicas.
Vejo que ainda não colocou o Bioterra na sua lista de blogues. Mea culpa, talvez.
Continuação de bom trabalho.
Voltarei.
Abraços
João Soares,
O bio terra consta dos meus favoritos. Há muito tempo que não sobrecarrego os Links, mas dentro de dias, farei a actualização e o Bioterra ficará visível para os visitantes.
Abraço
A. João Soares
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