quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Papa exorta à diplomacia em vez de bombas

Sua Santidade o Papa Bento XVI, durante a sua visita aos EUA apelou ontem a esta grande potência para "apoiarem os persistentes esforços da diplomacia internacional na resolução dos conflitos".

Para concretizar a sua recusa ao conflito musculado e o apoio à resolução pacífica das divergências, Bento XVI efectua um gesto de ecumenismo, de respeito pelas outras religiões, na continuação do seu antecessor e, em Nova Iorque, será o primeiro Papa a entrar numa sinagoga (em Park East, em Nova Iorque).

Quanto ao uso da diplomacia em vez do conflito bélico, não apresentou uma ideia nova mas, com a sua sabedoria e a experiência obtida pela permanente observação deste mundo de loucos, não quis perder a oportunidade de o afirmar no momento e local mais aconselhados para ser mais ouvido pelo mundo e, principalmente, pelos responsáveis pela potência militar e económica que maior uso tem feito das soluções bélicas para conflitos que poderiam e deveriam ser equacionados e resolvidos à mesa de conversações diplomáticas.

Recordo que, neste espaço de reflexão, este tema já aqui foi abordado, de uma forma ou de outra, sempre por estímulo de casos reais trazidos pela Comunicação Social. Para facilidade de consulta pelos interessados, fica aqui uma lista. «linkada» por ordem cronológica, de alguns posts.

20-06-2007. A Paz como valor supremo
21-06-2007. Paz pela negociação
15-07-2007. Guerra a pior forma de resolver conflitos
27-07-2007. A Paz pelas conversações
12-12-2007. ONU desrespeitada
28-12-2007. O mundo estará doente?
05-01-2008. Paz. Ocidente. Continentes. Futuro
09-01-2008. Vulnerabilidades da ONU
04-02-2008. Crises em África
17-02-2008. Negociar, coligar em vez de utilizar as armas
07-03-2008. Terroristas, dissidentes ou apenas oposição?

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo,
O Papa também é pastor, mas não é ali para a zona de Mangualde...
Não adianta...mas foi um bom esforço do Papa.Nos EUA a igreja católica atravessa momentos difíceis pelos factos que são públicos.Será que é só naquele país?
Quanto a Bush sairá e irá gozar os rendimentos no seu rancho borrando-se para todos os meros mortais.
Enquanto isso, aqui no canteiro da Europa,Alberto João fala verdade e diz que é tudo um bando de loucos.Loucos somos nós quando votamos...
E aí temos uma mistura explosiva: o Papa, O Bush e os loucos do canteiro espânico.
Cumpts
Zeca de Portucalem

ANTONIO DELGADO disse...

Em termos de diplomacia o Vaticano parece que dá cartas: a verdade seja dita. No entanto e a meu ver nada de novo é anunciado. O primado do espectaculo sobrepõem-se à teologia. Que fala ou anuncia sobre as grandes realidades sociais? Pobreza, ambiente, direitos humanos, minorias incluindo as sexuais, sobre a mulher, o casamento dos sacerdotes ou o direito das mulheres ao sacerdócio etc.

Um abraço
António Delgado

A. João Soares disse...

Caro António Delgado,
Embora nos dias de hoje a tendência seja a separação entre Igreja e Estado, ela não deixará de ter grande peso nas relações internacionais, na diplomacia, até porque o clero mais mediático, o enquadramento das religiões, é constituído por pessoas com sólida formação cultural e vasta experiência, seleccionado por processos de «avaliação do desempenho» diferentes dos utilizados entre outras instituições. Um bispo não chega à sua posição sem ter demonstrado uma capacidade notável, o que lhe dá supremacia cultural e espiritual sobre os políticos com carreiras artesanais e de compadrio tribal. Daí que o papel da religião na diplomacia e nas relações internacionais, possa ser cada vez maior, embora discreto, como manda a sapiência dos seus agentes.

Em países atrasados, a religião bem pode suprir carências de formação cívica, tomando posição sistemática com aspecto didáctico, sobre as «grandes realidades sociais». Mas tem havido uma degenerescência na prioridade dada ao espectáculo das grandes peregrinações, do turismo religioso, que suscita a competição, em prejuízo da teologia e do bom entendimento dos princípios e dos ensinamentos fundamentais.

Recordo que Simone Veil, numa entrevista, depois de ter afirmado que é laica, sem religião, respondeu à pergunta sobre o texto mais significativo que leu, ser o «pai-nosso» porque, em poucas palavras, contém tudo o que define na essência a religião, quer na relação do crente com Deus quer dos crente entre si. Mas esta fórmula do catecismo é quase sempre papagueada em grupo, com ritmo, mas sem interiorização do sentido das palavras e sem a sua tradução nos comportamentos.

E é nessa influência sobre os comportamentos que as religiões podem e devem ter um papel importante, mas ele apenas tem sido saliente na acção missionária em regiões desprovidas de poderes públicos eficazes. Mas no ensino, a igreja pode ocupar um lugar de suma importância, desde que não descambe para o radicalismo, para o tipo de madrassa que incite ao ódio aos OUTROS, mas, pelo contrário, que ensine a compreender as realidades da vida em sociedade, em respeito e amor pelos diferentes.

Muito se pode dizer sobre os aspectos positivos e negativos das realidades religiosas e da sua potencialidade a bem da felicidade da humanidade. Assim o queiram os comentadores que se disponham a aqui colaborar.

Um abraço
A. João Soares