Transcrição de texto recebido por e-mail do autor
Para existir Portugal
Por Joaquim Evónio
O tempo é um bem escasso, ao nível das energias não renováveis. Parece também ser matéria e reger-se pelos princípios da linearidade e da impenetrabilidade.
Preocupado com o futuro, não aprecio tanto as incursões no domínio do passado, precisamente numa altura em que, contra o divisionismo e maniqueísmo, deveríamos estar solidários e prontos para não perder, por omissão ou confusão, o país que sempre fomos e pertence a todos os portugueses.
Gostaria de recordar quanto me senti enriquecido, no passado não muito longínquo, com as lições magníficas do saudoso Comandante Virgílio de Carvalho e do Professor Borges de Macedo.
Com o primeiro, acreditei que Portugal, depois do Império, é um país arquipelágico e que a sua sobrevivência depende da união entre os seus três arquipélagos, com a vasta zona económica exclusiva que daí emana: Madeira, Açores e Continente.
Com o segundo, que o Continente também é um arquipélago e que a sua unidade sempre dependeu duma forte vontade política, nascida com Afonso Henriques, acentuada com o Príncipe Perfeito e que se vem mantendo (?) até os nossos dias.
Se não existir essa vontade, assistiremos a uma fragmentação geopolítica mais do que natural, devido à natureza diversa das pessoas e do ambiente geográfico que lhes serve de casa. O Norte é Galiza, o Centro Meseta, Castela, e o Sul um prolongamento natural da Andaluzia.
Faltava entretanto nestas teses referir um quarto arquipélago, em nada menos importante que os outros três: A Diáspora.
Para não ser extenso, julgo com veemência que a separação, ou desvinculação, de qualquer destas quatro partes será motivo para a falência do todo.
Daí que sublinhe e defenda com toda a clareza a união das quatro e considere verdadeiramente contra Portugal todas as atitudes, venham donde vierem, que provoquem divisão, quer intra, quer extrapelágica..
Acredito que assim seja e também creio que o “referendo virtual”, moral e patriótico, nunca teve como resultado que Portugal deveria deixar de existir, mas, claro, sem o “português suave” de antanho ou as incríveis derivações e descuidos das últimas dezenas de anos de governo avulso.
Quem quiser que deixe de existir, pode (des)governar de qualquer maneira.
A quem propugnar a sobrevivência da Pátria, compete assumir claramente Objectivos permanentes, Planeamento estratégico e Coerência.
Depois que venham os tecnocratas. Mas todos “sem obediências”.
Não adianta nada discutir os pormenores da nossa queda no abismo.
Ainda estamos a tempo de evitá-la com bom senso e restaurando um salário mínimo de dignidade.
Ainda poderemos ser um grande espaço de diálogo e solidariedade.
joaquim evónio
(www.joaquimevonio.com)
NOTA: Este lúcido apontamento de estratégia para o futuro de Portugal faz recordar a conhecida frase "não temos nem aliados eternos nem inimigos perpétuos, o que temos é interesses eternos e perpétuos", do antigo primeiro-ministro inglês Benjamim Disraeli, conde de Beaconsfield (1804-81), plena de realismo pragmático e que servciu de dogma para a política externa britânica.
Tal como na selva, quem manda nas relações internacionais é o mais forte, e as leis tratados e convenções apenas servem para tornar legais os abusos que os mais fortes fazem do Poder e, por isso, só são citados e seguidos na medida em que eles os julgam convenientes aos seus desígnios.
A frase de Disraeli, citada no post, deve ser meditada em cada caso das relações internacionais que são interesseiras e agem entre o amor e o medo, não havendo uma autoridade internacional efectiva.
Leituras
Há 4 horas
9 comentários:
Pequeníssimo resumo a escala mais global:
Isto é apenas a próxima guerra que está aí à porta. Ainda não deram por isso?… Quando começarem a morrer pessoas de fome e os assaltos a incrementarem-se por todo o lado –mais ainda- em Portugal…
A guerra já existe no mundo global. Agora virá a luta pelo petróleo e cereais em larga escala. Pela água potável. Será progressiva. O Médio - Oriente estala por todo o lado. A Rússia armou-se e capacitou-se de novo. Os EUA desgastaram-se fruto de uma guerra escusada, pois bastava decapitar o regime de Saddam… Golpe secreto, ou com recurso aéreo e bombardeamento. O Afeganistão deu cabo da URSS e está a dar cabo de quem lá está agora: O Ocidente. Tal como era esperado.
A China está preparada para invadir os seu vizinhos… A Europa está decadente e sem força. Perde tempo demais a entreter-se com as cimeiras e outras anedotas que custam caro e fazem perder o controlo do poder. Os exércitos estão espalhados pelo mundo e os muçulmanos estão em força no velho continente. A Índia e o Paquistão estão de candeias às avessas. O Irão está ansioso por mostrar que não teme os EUA. A Venezuela quer tomar conta da América do Sul e provoca ansiosamente os EUA. Os africanos querem vir para a Europa e estão dispostos a morrer pelo caminho, para não morrerem na terra deles. A UE é um bluff…
Em PT as nossas informações ficam pelo caminho com forças de segurança e militares desorientadas. O desemprego provocará o êxodo, mas regressarão com fome, pelo mesmo motivo noutros países…
Enfim, ciclicamente existem guerras e da forma que está o mundo, prevê-se a guerra que vitimará mais de três centenas de milhões de pessoas. E assim se “regenera o mundo”!
Cumprimentos caro professor
Uma interessante análise da actual situação global. No entanto sugere um futuro demasiado assente na experiência dos últimos anos, o que não parece uma visão muito iluminada. A realidade poderá ser muito diferente.
Há sinais de que o mundo está numa fase semelhante ao que aconteceu na Europa com a queda do Império Romano. Os bárbaros eram temidos por aqueles que estavam instalados nas mordomias do Poder. Chamavam-lhes bárbaros, mas eles fizeram o ocidente, o mundo da época, dar uma grande volta para melhor, na cultura, na ciência, nas técnicas, nas artes, etc.
Agora, o Ocidente, dá sinais de degradação, à semelhança dos romanos, e pode acontecer que passe, em breve a ser dominado pelos «bárbaros» dos nossos tempos. Eles já cá estão como imigrantes, como fabricantes da maior parte dos produtos de consumo e de equipamento que utilizamos. Creio e espero que não será através de uma guerra de canhões, mas de «SABER FAZER» Não imagino a China a fazer guerras estúpidas do tipo americano, pois a sua inteligência já a colocou a dominar o mundo.
Se a China decidisse parar a sua indústria e as suas exportações durante um mês, todo o mundo morreria de susto e os políticos das chamadas grandes potências iriam de rastos pedir misericórdia.
A guerra económica está em curso avançado, com a China, a Índia à frente a dar cartas, depois de terem ultrapassado o Japão que fez a asneira de se ocidentalizar , por não ter resistido à influência dos americanos.
Cumprimentos
A. João Soares
Notável a sua observação, mas não esqueça a Formosa. Um pico aguçado nos chineses há muito. A constante picardia das Coreias e os vizinhos atentos:Rússia e China, que olham um para o outro a ver quem mete a pata fora da poça.
O Império Romano foi-se com demasiado "PÃO E CIRCO". Talvez a diferença agora seja mais circo e menos pão.
E repare que nunca a inteligência esteve ao lado de quem deu o primeiro passo nas guerras, mas, provavelmente esteve do lado de quem as combateu.Nas recessões económicas surgem as guerras e depois a criação de nova riqueza.
Agora existem várias recessões, quer económicas, quer de ideais. A juntar a isto temos, e teremos mais fominha e o meu amigo não falou dos emigrantes que invadem a Europa.Certo que falou nos islamitas, apenas. Mas, nada é de descartar!!
cumprimentos
Voltando à China: o seu inimigo será a sua crescente economia e a necessidade de implementar a democracia e o Direito Laboral. A revolta virá de dentro, pois, a televisão -apesar de controlada- leva-lhes a realidade externa. Descobrirão, a seu tempo, a revolta e exigirão condições equivalentes aos seus vizinhos Japoneses e entrarão no sistema -que me perdoe o Dr Dias da Cunha-.E caso isso aconteça terão que aumentar os preços das coisas, se bem que será feito gradualmente. Quando isso acontecer surgirá uma nva China, noutro ponto do mundo.
Cumprimentos
Cara Silêncio Culpado,
O meu comentário anterior respondia ao aspecto levantado por um comentador que levou o termo estratégia para âmbito global de eventuais conflitos internacionais. Ele levantava a hipóteses de estar próxima uma guerra global do estilo parecido com o da 2ªGM.
Não me identifiquei com essa hipóteses, porque os tempos são outros. No quadro que desenhei de guerra «pacífica», económica e social, citei os principais protagonistas em conflitos internacionais, pelo que não referio países com pouco potencial estratégico (neste entra a superfície do território, a demografia o potencial económico e o potencial bélico).
Quanto à comparação com a queda do Império Romano, os imigrantes têm um papel importante, mas há que destacar os imigrantes que têm um apoio de retaguarda poderoso, o que não acontece com os oriundos de África, que poderão, no entanto, beneficiar da organização e dos apoios de chineses, indianos, magrebinos, turcos e árabes.
A condução deste processo, dependerá da aceitação da derrota por parte dos ocidentais, começando por uma convivência pacífica. Nos EUA a possível eleição de Obama mostra que estão preparados para aceitar um Presidente de cor, o que é um grande passo na vida do País.
É um tema muito interessante para ser analisado com a maior isenção e sem preconceitos.
Mas os visitantes deste blog parecem pouco à vontade para analisar a questão e emitir opinião. É pena.
Cumprimentos
A. João Soares
Caro professor,
ambos os textos são de um Mama Sume sem Silêncio Culpado e estão integralmente relacionados.É realmente pena que não se desenvolvam mais comentários a fim de seguirmos o raciocínio, numa discussão saudável.
De qualquer modo pergunto:Portugal não está em guerra? Apesar de o PR não ter declarado guerra a nenhum país externo, quantos militares/GNR/PSP tivemos e temos em zonas de conflito? Quantos países estão envoltos em guerras, embora digam que actuam a coberto do mandato da ONU, da x ou y?...
A sorte dos EUA é que com as eleições poderão fazer aquilo que se fez em Espanha: fugir do Iraque.Mas o governo espanhol foi mentiroso, pois continua com militares no Afeganistão e ainda recentemente teve uma data de mortos em COMBATE de guerrilha!
Obama/Clinton fugirão de uma patacuada sem saída, tipo Vietname - O Iraque- mas e o Afeganistão?Não há futuro para o actual Afeganistão. A corrupção e o ópium mancham os interesses.A OPEP manipula há boa maneira de Chávez -já anunciou que o barril do petróleo chegará aos 200 dólares- todo o mundo. Virá a revolta e quem td quer td perde. Se os ocidentais não estivessem a mamar no petróleo através de empresas suas nacionais e pessoais já a guerra se tinha virado.Quer sobre a capa de atentados e até de guerra declarada. Sentem a nação mais poderosa titubeante, sem força, em crise económica e de crença nos objectivos do seu actual presidente.Por isso avança o preço do petro caindo o dólar.
E se a Europa desse sinais de algum caminho nesta pseudo UE?!...que fala a 25 opiniões...
cumprimentos
O autor do texto transcrito no post, Joaquim Evónio, foca as medidas a tomar coerentemente no País tendo em vista o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas, não se voltando para a envolvente externa.
Porém, as considerações aqui desenvolvidas por um comentador «anónimo» orientaram as considerações para essa envolvente, o que não deixa de ter interesse porque nenhum País pode isolar-se daquilo que se desenvolve na comunidade internacional. O mundo está em transformação e, como tudo agora se muda com muita rapidez, não é previsível o panorama dos próximos cinco ou dez anos.
Já em 2002, Emmanuel Todd escreveu o livro «Após o Império - ensaio sobre a decomposição do sistema americano», em que traça o quadro bastante realista de uma grande nação da qual o domínio foi incontestável, mas cujo declínio relativo parece irreversível.
Tudo o que começa há-de acabar. E a frase de Benjamin Disraeli mantém-se actual. A EU não terá uma vida longa, pois não é aceitável por muito tempo que países com grande dinamismo se sujeitem a esta permanente indecisão e ausência de um rumo, de uma estratégia interna e global. Está a actuar, caso a caso, sem coerência e sem ter os olhos num objectivo distante no tempo. Age de condescendência e condescendência sem ter definido os seus interesses.
A crise do petróleo terá de ser ultrapassada sem petróleo, mas isso trará a queda daqueles que dele fizeram o motor da sua riqueza e a queda pode ser ruidosa! Há países no Golfo Pérsico dirigidos por homens inteligentes, que pensam com lógica, e que, antevendo o fim da época do «oil», estão a implantar a economia do futuro, tendo já escolhido e posto em prática o turismo e a informática. Olhe-se para o Dubai e para o Bahrein.
E nós por cá, qual é a nossa economia do futuro? Que estratégia de sobrevivência na sociedade do futuro? Qual é o ramo em que iremos produzir para o mundo o suficiente para compensarmos as nossas crescentes necessidades de importação? O que é que sabemos produzir e vender ao mundo em condições de qualidade e preço que o mundo esteja interessado em comprar? De que é que a população mundial precisará que nós sejamos capazes de lhe fornecer em condições competitivas? Perante as respostas que forem dadas a estas perguntas, pergunto, QUAL O FUTURO DE PORTUGAL?
E não digo mais, mas muito se pode dizer acerca das responsabilidades dos nossos políticos de hoje e de amanhã.
Cumprimentos
A. João Soares
Caro professor,
um país do Golgo Pérsico, segundo as últimas notícias, encomendou a uma marca automóvel carros eléctricos.Significa que eles sabem antecipar-se e estão preparados para o futuro que passa pelas energias alternativas.Um país produtor de petróleo encomendar carros híbridos?!...
Quanto à UE não vejo futuro nos moldes actuais, em que cada país puxa para seu lado. Só veria a Europa no caminho de uma federação tipo EUA. A forma actual não me encaixa na cabecinha.Os meios termos são apenas meias tintas e mais vale colorido ou então o preto e branco. Cinzento é moda e não gosto.
Quanto a Portugal apenas digo que a realidade é bem pior que os "inocentes" políticos e jornalistas reflectem. A fominha irá fazer das suas.A fome existe, o desemprego aumenta -há que contar com os que emigram- e até os imigrantes fogem.Mas qd a fome apertar a criminalidade aumentará ainda mais e como dis um insigne homem de Novembro de 75 -eles comer-se-ão uns aos outros.
Portugal, regulando-se pela UE e esquecendo a escala e verdade nacional esqueceu e abandonou a agricultura.O sector primário, secundário e terciário foi trocado pela política do dinheiro/subsídio para não fazer nada. Outros países aproveitaram o dinheiro da UE para melhorarem o que estava mal e incrementarem novas políticas sociais e económicas.Em Portugal não houve reformas de valor acrescentado.Nem uma. Ou houve?
Agora resta-nos fazer ou refazer a agricultura e pescas.Acredita que resultará? E daqui a quanto tempo? Destruir é fácil, construir dá muito trabalho...
cumprimentos
cumprimentos
É o terceiro anónimo (Comentador com múltiplos nomes) que se interessa pelo tema!
A situação do País é péssima. Tendo estado ao mesmo nível de desenvolvimento da Irlanda e da Grécia, hoje está muito longe daquela e visivelmente abaixo desta, já na cauda da Europa sem companhia.
Só com uma boa estratégia de desenvolvimento e uma acção governativa bem coordenada, com disciplina e autoridade justa, se poderá avançar. Há sinais pontuais de bom senso, mas falta uma acção de conjunto bem orientada e convergente, sem decisões erradas, sem necessidade de recuos, para objectivos bem estabelecidos. Cavaco Silva procura chamar a atenção para uma gestão de excelência, para a escolha dos sectores que podem fazer avançar Portugal, como a educação, a ciência, as novas tecnologias, a inovação, o turismo.
A agricultura nunca será uma via de desenvolvimento para a exportação em larga escala, mas apenas uma participação válida para garantir a sobrevivência da alimentação interna. Mais importante seria o sector das pescas, se não tivesse sido destruida a frota pesqueira.
Outro sinal positivo, foi ontem dado pelo ministro das Finanças ao dizer que não dava subsídio aos taxistas. Realmente, estes devem fazer incidir os seus custos nos preços a pagar pelo cliente. O utilizador deve pagar os serviços de que usufrui e não é lógico que estes vão sobrecarregar os contribuintes que não os utilizam. Raciocínio semelhante deve ser aplicado às Scuts e às portagens em geral.
Cumprimentos
A. João Soares
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