sexta-feira, 20 de junho de 2008

Futuro esquecido

Por merecer mais visibilidade do que um comentário trago para aqui o ponto de vista que Manuela deixou acerca do post Sobredotados sem compreensão e apoio do Governo, que junto uma nota que corresponde à resposta que no mesmo local lhe dei. O título que dou ao actual post parece errado porque esquecido só o passado! Mas, com ele, quero exprimir que os responsáveis por prever e planear o futuro estão esquecidos de que é essa a principal tarefa a que as suas funções os obrigam, aquelas funções que juraram desempenhar com lealdade a quem os elegeu.

As contradições dos nossos governantes percebem-se em atitudes que não são medidas e pensadas em termos futuros, a não ser o destino que antevêem para o seu próprio ego. (...) o local de debate prós e contras, o centro das decisões mais importantes do país, não passa de um metafórico pombal de interesses individuais, económicos e partidários, povoado de pombos-correio disfarçados, em campanhas coloridas, de defensores daquelas mesmas conveniências para um povo, iludido, que juraram defender.

Neste caso concreto, não interessam “centros de desenvolvimento” de cérebros ou de competências que, à partida, se poderiam distanciar de decisões “poucochinhas”, porque não é aí que importa apostar. Os “craques” devem ser rápidos, perceptíveis e proporcionar um lucro instantâneo para, eternamente, ficarem nas memórias dos cultores de um zapping social efémero. Tal como as escolas formadoras a longo prazo estão fora de moda,(embora camufladas por uma capa de igualdade e de oportunidades democráticas), porque delas não se retira esse proveito efémero ultra moderno, também as potencialidades humanas ficarão irremediavelmente comprometidas porque não se compadecem com a celeridade do tempo actual, do hoje que já é amanhã e, em simultâneo, “é” ontem.

Apregoa-se a colheita célere a partir de uma raiz podre que, naturalmente, só poderá dar origem a frutos inócuos e insípidos mas com aparente essência. Mesmo sem perceber muito de agricultura, sei que o solo onde se planta tem de ser adequado às diferentes espécies, regado, adubado e lavrado. Não admira, pois, que outros a quem foi dada a conhecer, por experiência, a importância do aproveitamento de recursos “naturais”, deles se aproveitem e deles venham a usufruir de forma calculada, porque pensada. (...)


NOTA: Sempre atenta e muito perpspicaz nas suas opiniões. Realmente o futuro está em perigo e Portugal, as suas gentes, continuam a navegar junto da costa à vista das escarpas, sem uma rota bem estabelecida que conduza a um porto previamente escolhido. Somos viajantes que saimos de casa sem rumo, nem destino, nem bússola, nem GPS, com hesitações em cada cruzamento e que ora vamos para Norte ora para Sul e acabamos perdidos a perguntar o caminho para lado nenhum. Temos de passa a andar todos «chipados» para que alguém que nos encontre saiba que somos portugueses e continuamos perdidos sem nos preocuparmos com o «para onde».

Cara Amiga, desta forma, o que serão amanhã os nossos netos? A única saída é emigrarem cedo, obterem lá fora conhecimentos para a vida e por lá ficarem o resto da vida.

Eu bem gostava de ter razões para ser optimista, esforço-mo por isso, mas em vão. Os sinais positivos esvaem-se com a mais leve brisa.

2 comentários:

Å®t Øf £övë disse...

João,
Concordo inteiramente com a opinião da Manuela, e com a reflexão que fazes. Mas o pior é que este Tratado de Lisboa, que todos querem aprovar à força contra a vontade do povo, vai acentuar e de que maneira, a nossa perda de indentidade, e de nacionalidade.
Abraço.

A. João Soares disse...

Sem dúvida que tens razão. Mas logo de início era suposto que deixávamos de ser portugueses para passarmos a ser europeus! Mas o que é ainda pior é que seremos europeus do refugo, piores do que os mais desfavorecidos que entraram depois.
Os detentores do poder inscrevem-se facilmente na tendência de criar um Estado único mundial. A ONU ñão o conseguiu nem consegue por ser demasiado burocrática e democrática para o efeito. Mas a ditadura que aí vem não terá obstáculos que a detenham.
Perante isto, que temos que aceitar como uma realidade, devemos não nos calar a fim de as normas não sejam totalmente desumanas. Devemos lutar, enquanto pudermos, para que a vida dos nossos netos não se resuma a robôs humanos ao serviço de uns poucos ditadores.
Tal como o barco no rio, devemos dar atenção às correntes e procurar não ser arrastados para situações demasiado perigosas. Para isso é preciso esclarecer as pessoas e incitá-las a pensarem pela sua própria cabeça e desconfiarem dos vendedores da banha da cobra.
Um abraço
A. João Soares