segunda-feira, 21 de julho de 2008

Boas intenções mal divulgadas

Há medidas positivas que infelizmente, antes de serem devidamente estudadas e planeadas são divulgadas de forma tosca, o que compromete a sua boa aceitação por aqueles que com elas devem colaborar. Aplica-se o ditado «de boas intenções está o inferno cheio».

Refiro-me à notícia intitulada «Famílias vão ter de guardar óleo alimentar usado para reciclar». É chocante o conceito de «vão ter de guardar», porque não se imaginam formas de obrigar as famílias a isso, a não ser que sejam praticadas violações da privacidade e dos domicílios, ou uma análise permanente dos esgotos à saída de cada apartamento.

Mais fácil seria o controlo da separação dos resíduos sólidos a colocar nos ecoponto – vidrão, papelão e plasticão – e isso não está a ser conseguido, vendo-se muita gente a meter no contentor do lixo doméstico indiferenciado, grandes caixas de cartão, garrafas e garrafões de água, entre outras coisas. Ou então deixam ao lado do ecoponto lixos diversos ou em sacos de supermercado ou soltos.

Os óleos de fritar usados, se forem despejados directamente na rede de esgotos, constituem grave problema da contaminação das águas. Há que acabar com esses maus procedimentos porque as águas contaminadas não poderão ser totalmente recompostas nas etares e as águas residuais irão poluir as linhas de água, os campos com elas regados e a alimentação humana que as venha a utilizar.

Por outro lado, a reciclagem permite aplicá-los na produção de biodiesel, solução que, com a escalada do preço dos combustíveis, permite a utilização em carros em substituição dos derivados do petróleo. Este aproveitamento constitui a aplicação da teoria dos três erres – REDUZIR os desperdícios ou lixos, REUTILIZAR e RECICLAR.

A água deve merecer, às autoridades e à população em geral, o máximo cuidado por estar a tornar-se um recurso cada vez mais escasso e imprescindível para os seres vivos. O conteúdo do post «A água vai acabar» merece profunda ponderação, porque embora seja uma imagem., talvez exagerada, não deve andar muito longe da realidade das próximas décadas.

O problema deve ser levado muito a sério. Há pessoas que justificam não se importarem com a separação dos lixos e utilização do ecoponto dizendo que este sistema está a ser utilizado pelas Câmaras para enriquecimento de alguns seus funcionários que acumulam com cargos directivos das empresas de saneamento, com ordenados milionários. Alguém está a beneficiar demasiado com o sacrifício dos cidadãos que separam os lixos.

Para evitar tais críticas, é preciso olhar para os custos administrativos de tais empresas, e agora com os óleos de fritar, é preciso fazer um esforço de esclarecimento das populações a fim de captar a boa vontade de todos. Esse convencimento e essa colaboração da população não será conseguido com títulos como o desta notícia «vão ter de guardar». Ninguém tem capacidade de obrigar a guardar. É imperioso que se convençam as pessoas a guardar e é para isso que a comunicação social deve ser bem utilizada com fins didácticos, para chegar aos menos evoluídos e menos conscientes da gravidade do problema.

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