Os recentes acontecimentos na Quinta da Fonte, no concelho de Loures veio levantar uma questão demasiado séria para ser deixada a soluções de travesseiro, sem a devida ponderação. A inspiração da noite bem dormida nem sempre produz as melhores soluções. Casos muito complexos devem ser estudados por equipas multidisciplinares e, neste caso, não podem deixar de ser ouvidos os responsáveis das Forças de Segurança e os seus técnicos especializados. Nestes casos dos tiroteios, as Forças Especiais das polícias estranharam não serem chamadas a intervir, pois estão treinadas para casos de grande violência entre as quais se inclui o uso de armas de fogo.
Estranhamente, esta notícia diz que o MAI anunciou um Contrato Local de Segurança, para cinco bairros, um deles o da Quinta da Fonte, para o que prevê negociações com entidades da sociedade civil, privadas e com os líderes das comunidades cigana e africana. O objectivo é "responsabilizá-los também pelo bairro". É realmente estranho que o MAI retire às Forças de Segurança esta importante missão do Estado de manter a ordem pública e a privatize. Será que está convencido de que esta será a melhor solução?
As forças policiais, nem sempre são respeitadas, sendo muitas vezes agredidas, apedrejadas, alvejadas com tiros, chegando a perder vidas. Perante estes casos, que o ministro não ignora, interrogo-me sobre o que poderá acontecer, a estes agentes civis, sem a preparação dos agentes policiais, e que ideia têm os assessores do MAI sobre as prováveis consequências desta decisão, não só para esses seguranças mas também para as populações dos bairros.
Talvez fosse melhor o MAI colocar uma velinha na igreja mais próxima. Poderia não ter melhor efeito, mas ficaria mais barato!
A Decisão do TEDH (397)
Há 27 minutos
6 comentários:
Tais medidas - que, por mero acaso ouvi na rádio - são formas de conciliação com total apagamento do Estado e da República. São sinais de fraqueza em vez de força. Eles são dados na perspectiva do apaziguamento e não no da reposição da ordem pública. São fruto de um tempo de cedências pouco educativas e pouco pedagógicas.
Assim vai Portugal e assim actua o nosso Governo que só sabe impor a ordem e a disciplina junto de quem já tem o dever de obedecer... O Governo de fracos!
Caro Fraga,
É como diz, um governo de fracos. Isto faz recordar os posts que aqui coloquei há poucos dias:
Em 8/7, «A política do chocolate»
Em 9/7, «Bragança não admite perder helicóptero»
!3/7, «Confiança no poder é indispensável»
Estamos perante «política do chocolate» e «Medidinhas» que criam precedentes e não resolvem nada em definitivo. Falta estratégia, directrizes bem definidas e coerentes, em que se apoiem todas as decisões. mas com essa falta passam-se avanços e recuos, gastos inúteis de recursos, de que o tempo é o principal, e sofrimento para as populações mais indefesas.
Só um milagre nos pode salvar!!!
Um abraço
A. João Soares
Caro João Soares
É necessário que se perceba que não basta "encaixotar" os desfavorecidos, ou as minorias problemáticas, em bairros ditos sociais. Ao invés, é necessário criar-lhe verdadeiras condições para se libertarem do círculo vicioso da pobreza e exclusão.
Mas a lógica terrível do fenómeno eleiçoeiro obriga os políticos a trabalhar para a fotografia. O que interessa é aparecer na TV, com os sorrisos da praxe, a entregar as chaves dos apartamentos.
O que se está a passar é apenas a consequência da política de fachada deste (des)Governo e dos antecessores. É fácil de ver que os graves problemas sociais, autênticos barris de pólvora, não se resolvem com cosmética.
Caro Vouga,
A sua frase «O que interessa é aparecer na TV, com os sorrisos da praxe» traduz a principal estratégia destes governantes que temos tido nos últimos tempos. Quanto às decisões, são demasiado apressadas, sem estudo prévio, sem medir as consequências, depois fazem remendos impensados, como ficou escrito, «política do chocolate» ou «medidinhas» para uma pretendida solução pontual, mas que só cria complicações nos dias seguintes. É uma navegação à vista, junto a costa, própria de aprendizes de marinheiro. E o naufrágio está a acontecer, ou vem acontecendo há vários anos.
Um braço
A. João Soares
Não há efectivos suficientes.
E entre os que existem, muitos estão em serviço de secretaria, ou de guarda a residências especiais.
A descoordenação entre as várias forças de segurança está mais do que comprovada.
E em cima disso tudo, tem havido, ao longo dos anos, uma sistemática desautorização da polícia.
"Reprimir" é um palavrão muito feio.
Nenhum governante gosta de o mencionar.
Preferem-se as "soluções de compromisso".
E, neste caso da Quinta da Fonte, ninguém sabe onde o compromisso vai chegar.
Relativamente a contratos com seguranças privados, serão estes da conta das autarquias, como parece ser dado a entender?
Esperemos então pela pancada de nova subida nos impostos municipais.
Abraço
Ana,
Aponta factores de pouca eficácia das polícias. Mas há outros, como a estrutura pouco lógica, como a duplicação de forças especiais, a falta de equipamento e armamento (ver o caso do esquecimento da aquisição e coldres para as novas pistolas, no post seguinte!), a atitude desprestigiante dos tribunais em relação às detenções, por exemplo.
Nada funciona bem neste País, porque não existe o saber suficiente para estudar bem os problemas antes de decidir. A preparação da decisão e, depois, o controle e ajustamento adequados da actividade resultante, são aspectos de grande importância, mas que ultrapassam a ignorância e dos políticos, como vemos dia-a-dia.
Pensam que a inspiração divina que os leva a improvisos desajustados é solução.
Um abraço
João
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