terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pobreza ‘playstation’

Todo o ser humano tem direito à vida, o que significa que o Estado deve apoiar adequadamente os mais carentes - idosos, crianças, deficientes – sem capacidade de se bastarem. Mas isso não quer dizer que os que trabalham tenham que suportar com o fruto do seu suor aqueles que por vontade ou incompetência queiram viver bem, sem nada fazer de útil. A denominada pobreza ‘playstation’ não deve ser objectivo da caridade pública, rodeando-se das últimas novidades tecnológicas à custa daqueles que delas têm de privar-se para poderem pagar os impostos de que os tais «pobres» irão beneficiar escandalosamente.

O artigo de opinião de João Miguel Tavares refere, como aliás a Comunicação Social já noticiou, que quando se falava nos conflitos na Quinta da Fonte, soube-se que a maior parte das famílias ali alojadas tinha rendas de casa abaixo dos cinco euros por mês e que, mesmo assim, não as pagava. E além de isso, essas pessoas, incapazes de cumprir com as suas responsabilidades mais básicas, queixavam-se de terem sido assaltadas por gente que lhes levara... o DVD, o plasma e a Playstation das crianças. Para mais, uma percentagem absurda dessas pessoas recebe o rendimento de reinserção social, colocando-se à sombra de um Estado que tudo dá e nada recebe em troca. Como resumiu Miguel Sousa Tavares, essas pessoas "não podem ser cidadãos para os direitos e marginais para os deveres".

Deve concluir-se que a concessão de subsídios deve basear-se em dados concretos e confirmados localmente a fim de reduzir a margem de erro e, posteriormente, com periodicidade, por exemplo anual, deve ser feita nova investigação, com visita domiciliar, ao local de trabalho e aos bens móveis e imóveis, a fim de concluir se as condições se mantêm ou foram alteradas. Os portugueses médios não são ricos e esperam que o Estado não os obrigue a suportar gordos parasitas.

Os dinheiros públicos devem ser geridos com muito rigor. Segundo o dicionário , «Peculato» significa: desvio ou má administração de dinheiros ou rendimentos públicos por pessoa encarregada de os guardar ou administrar.

2 comentários:

Magno disse...

Um testemunho:
Aconteceu na estação de correios de Alvalade em Lisboa, na Rua Acácio Paiva em Janeiro de 2007.
Um grupo de individuos, encontrando os carteiros em amena cavaqueira, em frete ao referido posto dos correios.
Abordaram os mesmos com um ar agressivo, e lhes perguntaram o porquê de os cheques do rendimento mínimo e abonos de familia ainda não tinha chegado a casa???
Não sou racista, xenófobo, longe de isso, só acho que as pessoas devem usufruir deste tipo de rendimento em necessidades reais de dificuldade, não de desrespeito para com a sociedade!
Abraço,
Magno.

A. João Soares disse...

Caro Magno,
A nossa sociedade demasiado permissiva criou a convicção de que toda a gente tem direitos, ninguém fala de deveres, quando sabemos que deve haver um equilíbrio entre direitos e deveres. E deve haver responsabilidade pelos comportamentos, pelas atitudes.
As autoridades, a começar pelos membros do Governo, receiam hostilizar determinadas camadas da população porque temem a violência dirigida contra eles próprios. E assim se criam conflitos como os ocorridos na Quina da Fonte, em que ninguém é chamado à Justiça.
Abraço
João