quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Combustíveis. Gostava de ser esclarecido

O jornalista Silva Pires, Director do Jornal gratuito Global Notícias escreveu hoje um artigo com o título «Alguma coisa está errada aqui...» em que, com simplicidade e muita clareza, mostra o seu espanto perante as variadas explicações acerca da relação entre os preços do petróleo e dos combustíveis. Nele me apoio para esboçar as seguintes reflexões. Os «entendidos», pretendendo ocultar as razões do fenómeno, certamente inconfessáveis, misturam argumentos como o valor do dólar, o preço dos refinados, os impostos, isto-e-aquilo, falam muito e não esclarecem nada.

Isto cansa e desilude e não devemos daí concluir que eles não têm saber e inteligência para nos esclarecer, pois eles sabem os interesses que estão a defender e, baseados nos seus currículos e pergaminhos, procuram, com ares de convicção e com a linearidade do discurso, levar-nos a pensar que as coisas podem não ser tão simples como parecem.

Porém, ontem, o professor do Instituto Superior Técnico, António Costa e Silva, especialista em combustíveis e energia, veio falar naquela linguagem que todos percebemos. Segundo ele, o petróleo já baixou 35 por cento desde que atingiu o seu máximo de 147 dólares, mas em Portugal apenas se registaram baixas de 6 (seis) por cento na gasolina e (10) por cento no gasóleo.

Perante esta evidência, todos estamos de acordo com aquilo que António Costa e Silva disse aos microfones da TSF «alguma coisa está errada aqui».

Sobre este assunto, o ministro da Economia e Inovação afirmou na SIC que a política domina a economia e não o contrário, mas em Sines disse que considera que, se não houver uma baixa no preço dos combustíveis nos próximos tempos (não referiu se horas ou meses!), esta será uma situação «anormal», tendo em conta a descida que o petróleo já fez. «Mais tarde ou mais cedo esta descida do petróleo terá um efeito positivo, no preço final dos combustíveis» dada a «relação bastante próxima» entre um facto e outro. Mais preciso nesta previsão tão profética seria certamente o vidente Mamadu Chabi … «mais tarde ou mais cedo»!!!

O Sr. ministro está a precisar de umas lições do professor António Costa e Silva, a fim de poder ser mais democraticamente esclarecedor, isto é, com um mínimo de respeito pelos cidadãos eleitores.

Acrescento mais informação entretanto obtida: Apesar do preço do barril de petróleo continuar a descer nos mercados internacionais, a BP decidiu ontem subir um cêntimo na gasolina. Segundo a DECO, os consumidores «não conseguem compreender» a ausência de descidas nos combustíveis já que em meses anteriores os operadores justificaram as «sucessivas» subidas imediatas à alta do petróleo. «As empresas estão a deixar cair a máscara junto dos consumidores». A fixação dos preços dos combustíveis «não é transparente».

E isto apesar de o ministro dizer que a política controla a economia! Ela nem sequer defende os cidadãos contribuintes contra os abusos das grandes empresas.

2 comentários:

Amaral disse...

João
As políticas sociais destes governantes só pensam em encher os bolsos dos amigos.
O petróleo sobe quem paga é o zé povinho; o petróleo desce, mas quem ganha são as petrolíferas.
Assim não pode ser.
Bom fim-de-semana
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Os «cérebros» da GALP alegam que os preços dos combustíveis dependem ao só do preço do crude, mas também dos preços internacionais dos produtos destilados e da cotação do dólar, na semama anterior.
Há pouco vi e ouvi na SIC Notícias comparações com datas anteriores do corrente ano em que esses valores eram iguais aos de há uma semana e nessas datas os preços da gasolina e do gasóleo eram inferiores quase 10%.
Estão a roubar-nos e querem meter-nos os dedos nos olhos.
E o governo nada faz. Por falta de legislação? Então porque a não fazem?
Um abraço
João