terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ex-combatentes Vs toxicodependentes

Os ex-combatentes, fora do serviço activo, e seus familiares manifestaram-se em defesa da recuperação de direitos que lhes estão sendo negados. No número dos ex-combatentes encontra-se a quase totalidade dos homens válidos com mais de 50 anos que, na vigência do SMO (Serviço Militar Obrigatório), foram obrigados pelo Governo a irem defender os interesses do Estado, a «ditosa Pátria minha amada», arriscando a vida e a sua sobrevivência e das famílias. Nas excepções contam-se os desertores, muitos deles hoje figuras vistosas da política.

Muitos dos combatentes morreram e o Estado esqueceu-se de fazer regressar os seus cadáveres. Muitos mais ficaram deficientes, vivendo agora dependentes de medicamentos e com uma actividade vital muito condicionada e sem os apoios que moralmente lhes são devidos, mas que lhes têm sido retirados pela política monetarista actual. Merece ser lida e meditada a notícia do DN «150 mil veteranos tomam medicamentos para 'stress' », mas, no mínimo o título, já é bem estimulante ao raciocínio, isento. Vai longe o tempo em que tinha muita validade o lema «honrai a Pátria que a Pátria vos contempla». Também se refere a noticia do JN, sobre o mesmo tema «Guerra Colonial ainda afecta 150 mil homens».

Porém, ao contrário, os jovens que, por vontade própria ou pela falta dela, se deixaram vencer pelo vício da droga, obtêm do poder, que usa o dinheiro de todos nós, os maiores benefícios desde as ‘salas de chuto’, aos apoios de tratamento e virtual recuperação, etc.

Porquê esta discrepância? A toxicodependência resultou de algum sacrifício generoso e patriótico em benefício do Estado?

Como pode Portugal continuar a contar com a disponibilidade total e incondicional dos actuais jovens que vão para missões arriscadas no estrangeiro? Até quando eles continuarão disponíveis para ir colocar em risco a vida de hoje e o seu futuro e dos seus familiares, se depois são abandonados aos bichos?

Ninguém se apercebe da gravidade do problema porque aos militares é proibido manifestarem-se. E essa proibição é uma das causas, como foi bem salientado pelo General Loureiro dos Santos quando referiu que a ela se deve o facto de hoje os militares estarem com metade do salário de juízes, professores e diplomatas que há cerca de 15 anos ganhavam o mesmo. Porquê uns aumentaram tanto e os outros nada?

E o que define a imoralidade dos actuais políticos é que justificam os sacrifícios dos militares com a existência da «condição militar», mas os sacrifícios desta eram uma das facetas de um modus vivendi’ em que no outro prato da balança estava uma série coerente de compensações que minoravam os aspectos dos riscos que os milatres são obrigados a correr.

Gente honesta e honrada cumpre os contratos, os acordos, mesmo que não estejam escritos num mesmo e único documento. Se retiraram as legítimas compensações, se reduziram para metade os salários em relação a juízes, diplomatas e professores, qual é a moralidade de argumentar com a condição militar?

Seria bom que os governantes colocassem os vencimentos dos militares na proporção em que estavam há 10 ou 15 anos e que tratassem os ex-combatentes, principalmente os deficientes, com os apoios correspondentes aos dados aos drogados seus familiares, amigos ou conhecidos. E, no entanto, estes não merecem tanto porque o seu mal não resulta de terem jurado tudo arriscar para honrar a Pátria, para defender o mais válido património nacional, a nossa soberania.

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