Ouve-se falar com frequência na necessidade de reformar, remodelar, reorganizar sistemas, serviços e empresas, com vista a eliminar apêndices parasitas que prejudicam a operacionalidade assente na simplicidade, flexibilidade, rapidez de funcionamento e baixo custo.
Agora chega a notícia de que os líderes da UE estão determinados na reforma fundamental do sistema financeiro mundial a fim de impedir novas crises globais. A pontaria está a ser preparada para mais e melhor regulação, supervisão e transparência, nos mercados financeiros internacionais.
Este assunto sugere várias reflexões que esquematicamente se abordam a seguir, sem preocupação de exaustão.
As reorganizações não são feitas eficazmente pelos próprios funcionários ou dirigentes. Qualquer empresa, qualquer organização, precisa de ser analisada, ter avaliados os seus circuitos burocráticos, as suas tarefas, olhar para os seus produtos em termos de qualidade e preços, a forma como são atendidos os clientes ou utentes, etc.
Porém, dizem os entendidos que nenhuma instituição tem possibilidades reais e suficientes para se reformar, porque existem nela forças conservadoras, tradicionais, preconceituosas que temem a mudança e se opõem a qualquer alteração, por mais pequena que seja. E como, com o tempo, as pessoas foram acumulando actos inúteis, circuitos empasteladores da comunicação, burocracia prejudicial aos verdadeiros objectivos da instituição, há que esperar tal reacção, pois, em resultado da reorganização, tudo será simplificado, tornado mais produtivo e o pessoal reduzido.
Daí, conclui-se que uma reforma eficaz só é conseguida com a colaboração de uma empresa estranha, especializada na análise de circuitos e de tarefas, por forma a eliminar tudo o que for supérfluo e parasitário e a aprimorar o funcionamento da organização resultante com tarefas bem definidas, dependências claras, e linhas eficientes de colaboração, cooperação e tomada de decisão.
Lápis L-Azuli
Há 55 minutos
2 comentários:
«Daí, conclui-se que uma reforma eficaz só é conseguida com a colaboração de uma empresa estranha»
Caro João Soares
Ou seja, teremos que chamar alguém de fora para nos governar...
Será nisso que estava a pensar o cidadão pinto de sousa (a falta de maiúsculas não é distracção) quando disse "Espanha, Espanha, Espanha"?
Caro Vouga,
Não iria a esse extremo, mas a isenção é difícil entre «amigos». Espero que as respostas que coloquei noutro blog a este post a dois comentários de militares esclareçam melhor o que ficou dito no texto:
Quando a reorganização é feita com a prata da casa, mantém-se a quantidade de parasitas entregues a acções desnecessárias. Mas não é melhor quando o assunto é entregue a gabinetes de advogados amigos do Governo - são referidos três ou quatro - contratados para defenderem uma solução inspirada que o Governo lhes apresenta, 'a priori'.
Repara como a GNR tem hoje uma dúzia de generais quando há 20 anos tinha apenas dois para a mesma missão! Claro que aumentou a burocracia, a confusão de circuitos, de tarefas e de decisões, com menor percentagem de pessoal operacional. Casos que eram resolvidos pelo cabo comandante de posto, hoje têm de ir aos escalões superiores. Casos que eram decididos nos distritos pelos comandantes de batalhão hoje terão de subir ao Comando Geral, onde estagiam nas secretárias dos seus assessores até que...
Reduz-se a operacionalidade e a eficiência do cumprimento da missão e aumenta-se a burocracia com as consequentes tentações das «atenções» para abreviar ou ultrapassar, a que costumam chamar corrupção.
Uma organização, para ser eficiente, deve ser simples e económica, tanto na quantidade de pessoal, como nos circuitos e na definição das tarefas.
Pensa na insensatez de o Exército transferir o Comando do Pessoal para o Porto e o da Instrução para Évora, complicando os contactos, o funcionamento, só com a intenção de manter os palácios na sua posse!!!
E porque lhes chamam comandos quando, em tempos do Ultramar, com muitos milhares em serviço, eram apenas Direcções de Serviços? Só para arranjar lugar para mais generais!!!
Este comentário serve para os militares pensarem bem naquilo que têm em casa antes de olharem para os outros. Já vai longe o tempo em que a organização militar era um exemplo a seguir.
Não sei se cá há empresas competentes para tais serviços. Como em tempos aqui referi, aprendi estas «teorias» com o Engenheiro Pierre Sadoc, francês, então director do CEGOS de Paris, num «Curso Superior de Management» organizado pelo INII, Instituto Nacional de Investigação Industrial, em 1971-1972. Relatou um caso concreto passado numa empresa em que tinha um sobrinho que ele lá colocara, pela amizade de um Administrador, a Aquitaine. A reorganização foi feita por uma empresa americana, que actuou com muito rigor e sem sofrer pressões. O resultado foi o despedimento de cerca de metade do pessoal e do substancial aumento de salário dos que ficaram.
Santos da casa ou com reverência para os interessados, como deve ter sido o caso que refere,
Um abraço
João
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