quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sinais da área militar - 7

Recebido por e-mail enviado pelo autor, José Ferreira Barroca Monteiro, este texto constitui um alerta para a necessidade de serem aplicados os sãos princípios da Organização, ciência arte de organizar.

«Quanto à economia, estou como Fernando Pessoa: «Jesus Cristo não era formado em economia, nem tinha biblioteca»

“POLITICA PARA A DEFESA”

«É prioritário o reforço da segurança. Então, se calhar, é necessário reforçar as despesas de segurança, mas em detrimento das verbas para as forças armadas clássicas» - Eduardo Catroga, no DN (5Out08).

Afirmação resultante de um crescendo de preocupações com a segurança interna, esta como outras, a pretender socorrer-se daquilo que o Estado gasta com as FA (habitual). Quanto à GNR, viu-se reformulada em 2007 com a extinção de três cargos de general, logo recriados noutras funções!

Temos hoje no país quatro dezenas e meia de milhares de agentes nas forças de segurança (PSP e GNR) para quatro dezenas de milhares na Defesa/FA. O OE/MDN estipula para a Defesa o valor de 2.114,7milhões. Porquê e para quê?

Na reforma da Defesa/FA do Canadá, levada a cabo há anos, concentraram num único edifício o ministério, o chefe do Estado-Maior da Defesa e os comandos dos três ramos; encerraram as academias militares ficando apenas uma; concentraram todos os helicópteros na Força Aérea, deslocando-os por períodos determinados para o Exército; concentraram as unidades de instrução e de recrutamento. O CEMD é o único general de quatro estrelas (em Portugal são quatro). Portanto, é possível ter nas FA um produto operacional idêntico ao actual, com metade a dois terços dos efectivos existentes. Se das economias obtidas, metade reverter para os salários dos quadros, estes ficarão naturalmente em melhores circunstâncias que as do presente.

Simplesmente, quer a lei orgânica do Exército de 2006, ao eliminar seis cargos de generais (regiões militares extintas) recriando outras tantas funções na estrutura, quer o que aí vem com o futuro comando operacional conjunto, nada irão adiantar à modernização e economia militar da Defesa. Tão pouco a rotação do regimento de infantaria nº 1 para Tavira, terá outro efeito que não um aumento de encargos (que já está a ter), sem contrapartida operacional relevante.

A política, na Defesa, continua a marcar passo.

Barroca Monteiro, Lisboa, 6Out08 (DN)»

NOTA: Tem aqui sido defendido que a Organização deve procurar as soluções mais simples e económicas, com o mínimo pessoal, o indispensável, para tarefas bem definidas e necessárias ao objectivo da Instituição. Uma simples pessoa a mais gera burocracia inútil que emperra a operacionalidade. É visível a complicação gerada na GNR onde há poucos anos havia apenas DOIS oficiais generais e agora há mais de uma DÚZIA, cada um com o seu staff e instalações. O resultado é mais burocracia dispensável e inútil e uma menor percentagem de operacionais, os que directamente trabalham para o objectivo da Instituição.

Este é um mal geral, pois em todos os organismos do Estado encontramos a mesma obesidade doentia, com a inutilidade da burocracia que gera corrupção evidente ou, na maior parte dos casos, discreta, encapotada, a condizer com os tradicionais brandos costumes nacionais.

Seria óptimo que os altos cargos governamentais, a começar pelo PM, aproveitassem a actual crise financeira e económica para fazer uma cura de emagrecimento, aplicando os sãos princípios de Organização e criassem um novo sistema administrativo mais funcional, ligeiro, eficiente, produtivo e barato. Tal tarefa não pode ser confiada aos dirigentes das Instituições, demasiado viciados nas inutilidades vigentes, que se limitariam a pequenas alterações de fachada, mas a empresas internacionais especializadas no assunto, evitando os quatro habituais gabinetes de advogados ex-políticos que têm absorvido «um terço do dinheiro gasto pelo(s) Governo(s)», como diz o jornal SOL.

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