Estamos habituados a pensar a politica sob um aspecto dicotómico, com duas visões diferentes e até opostas das relações entre o Estado e os cidadãos.
Numa dessas visões há o Estado paternal que pretende zelar em pormenor (saúde, habitação, emprego, alimentação, ensino, ócio, etc.) pelos interesses dos cidadãos, como se estes não passassem da menoridade, fossem crianças indefesas que precisam da mão do pai e da asa da mãe para poderem sobreviver. Esta visão edénica, mas castradora da livre iniciativa, opinião e gostos, da sociedade e do Estado, quando foi posta em prática teve de criar uma pesada estrutura de planeamento e controlo que se foi tornando cada vez mais volumosa e pesada, arrogante e autoritária de que resultou uma «nomenklatura» no topo que abusava na utilização de benefícios e regalias desmesuradas.
Na visão oposta, o Estado sobrestima as capacidades dos cidadãos, defendendo a sua liberdade de decisão, a livre iniciativa e concorrência, o salve-se quem puder. Segundo essa óptica, os pobres e desprotegidos encontram-se nessa situação porque não trabalharam mais, não produziram, não mereceram. Nada tem de humano e desconhece a compreensão e a caridade.
A natureza e a vida não funcionam a preto e branco, como estas visões sugerem, e não pode ser cingida à opção entre dois extremos que, se tecnicamente, pudessem ter explicação, na prática não fazem face à pluralidade das situações, as áreas cinzentas, a que as populações estão sujeitas.
Se o Estado paternal fracassou, o Estado da livre economia está agora à porta da agonia, com uma crise global que, para ser resolvida, está a levar os Estados da livre concorrência a usar os fundos dos contribuintes para suprir erros de desonestidade e crimes de poderosos que obtiveram fortuna à custa da população em geral (criando-lhe necessidades através de campanhas de marketing e hábitos de consumo e de recurso a crédito fácil que a explorava) e vão agora beneficiar do pouco que ainda resta aos mais desfavorecidos com as dificuldades que os asfixiam.
Nenhum dos extremos é moral e humano e os pensadores mais lúcidos estão agora a reflectir sobre a forma de estruturar um sistema eficaz de governar os povos. Não é por acaso que nos aparecem notícias como as que passo a referir, deixando links para os mais interessados poderem aprofundar a sua reflexão.
1. O "novo ciclo" da esquerda está em marcha
O Fórum sobre «Democracia e Serviços Públicos», organizado por Manuel Alegre terá a presença de pessoas dos vários quadrantes realizar-se-á na Aula Magna da Universidade de Lisboa e começa às 11 da manhã do dia 14, com um debate sobre economia.
2. Seguro estuda avanço contra Sócrates
Começaram as movimentações para o próximo congresso dos socialistas (Janeiro ou Fevereiro de 2009), e António José Seguro está a ponderar uma iniciativa própria para o próximo congresso do PS, com uma moção alternativa à de José Sócrates ou mesmo uma candidatura a secretário-geral.
3. PS: Seguro defende que responsáveis pela regulação devem ser eleitos pelos deputados
António José Seguro participou quarta-feira à noite, juntamente com o social-democrata Pedro Passos Coelho, num debate sobre as funções do Estado no século XXI, que encheu o auditório da Escola Superior de Gestão de Santarém. Seguro defendeu a eleição dos responsáveis pela regulação das actividades económicas e financeiras, nomeadamente na concorrência, através de voto secreto de todos os deputados, acabando com as nomeações por compadrio como a recente de Manuel Sebastião
4. Portas contra "República do Bloco Central"
Também no CDS estarão a surgir ideias de renovação constantes no Documento de Orientação Política. Neste documento, o "combate político" dos dois principais partidos (PS e PSD) é classificado como uma "crispação inútil e meramente adjectiva".
Cai a Carmo e a Trindade
Há 2 horas
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