Depois de ter aqui publicado o post Lições do dito «Terceiro Mundo» recebi comentários a falar do pior que existe nos países menos desenvolvidos, mas isso não apagou o valor moral dos casos que referi e, depois de, há pouco, ter visto um diálogo na AR sobre a intenção de encobrir algo sobre as nacionalizações que já começaram, quando tanto se fala de transparência democrática, decidi publicar mais este exemplo vindo da Presidente da Câmara da cidade da Praia em Cabo Verde. Que bela lição para o Governo e os autarcas de cá que se escondem à sombra de «estudos» e «pareceres» de amigos para confirmarem algo que precisam de ter muito tapado.
MpD fomenta transparência na gestão municipal
Isaura Gomes pede auditoria externa à sua própria gestão e encarrega adversário de a coordenar.
Pode ser o fim da politiquice de má língua em que certos partidos são useiros e vezeiros. Achincalhada na campanha eleitoral, Zau mandou agora fazer uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que, de uma vez por todas, cessem as atoardas, não esteve com eias medidas – zás!, nomeou um vereador do PAICV para coordenar todo o processo. Zau, zás!
Mindelo, 5 Novembro – O MpD está a pôr em prática, nas autarquias sob sua gestão, uma nova forma de fazer política: começou em plena campanha eleitoral na cidade da Praia, onde Ulisses Correia e Silva prometeu (e cumpriu) lançar uma auditoria à anterior Câmara e auditorias regulares à sua própria gestão. Depois, em Assomada, Francisco Tavares fez o mesmo. E agora, em Mindelo, surpreende com a sua frontalidade.
Acusada duramente e em termos menos próprios por Onésimo Silveira, candidato do PAICV, e por Vanda Évora, candidata tambarina à presidência da Assembleia Municipal, com Gualberto do Rosário a entrar no mesmo coro, Isaura Gomes desafiou-os. Com Zau vitoriosa nas urnas, os adversários meteram a viola no saco, mas a presidente da Câmara de S. Vicente não se esqueceu: quer tudo a limpo. Isaura Gomes pediu uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que não restem quaisquer dúvidas, Zau foi mais longe: encarregou um vereador do partido adversário, Albertino Graça, de coordenar todo o processo.
Os autarcas ventoinha assumem assim a luta pela transparência, que se gostaria de ver generalizada a todos os municípios e à própria governação. Este precedente, criado pelo MpD, pode criar embaraços às suas oposições, expostas a verem eventuais atoardas suas varridas por inquirições e “entaladas” se, nos municípios onde têm maioria, o processo das auditorias não for seguido.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Mais uma lição do dito «Terceiro Mundo»
Posted by A. João Soares at 16:13
Labels: Mindelo, transparência democrática
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4 comentários:
Ui, ui!!! Eu gostava de ver fazerem o mesmo por cá!...
Será que há por aqui alguém que não tenha o rabo preso e tenha tomates para o fazer??? hmmm...
Caro mar_ram,
Nem mais! Era mesmo isto que eu pretendia dizer ao chamar a isto uma lição. Seria uma revolução moral se por cá alguém lançasse esta moda!!!
Seria bom que os blogs transcrevessem este post
Um abraço
João
Caro João Soares,
a atitude dessa senhora é uma bastonada séria no cinzentismo político que conhecemos neste nosso canto "europeu"!
Convido-o a passar pelo "aromas" e a ler e comentar a última postagem: "Recanto do pensamento", que termina com uma reflexão do Padre Pinto de Magalhães, in «Não Há Soluções, Há Caminhos;
O grande engano da mediocridade»!
Compreenderá que hoje é mais um dia da vida de todos nós. Por isso tentemos viver com dignidade, fazendo por isso!
Um abraço
MR
Seria uma revolução moral se por cá alguém lançasse esta moda imitando a autarca cabo-verdiana Isaura Gomes!!!
Este caso é realmente raro. Dentro do nosso habitual processo de fazer politiquice, é mesmo impossível. Mas para quem veste a pele do simples contribuinte e se despe de vaidades e de sinais exteriores de riqueza, seguir convictamente esta lição que nos chega de Cabo Verde seria uma bênção dos deuses.
Se eu fosse vaidoso, diria que o mundo está a ler e a seguir os meus textos!!!!
Mas, infelizmente, por cá, as coisas não mudam com a necessária rapidez, os políticos continuam minados pelo cancro do egoísmo ambicioso, desprezando aqueles que por eles devem ser protegidos. E estes, os cidadãos, continuam em coma induzida sem qualquer reacção, com medo de fantasmas.
Mas o pior remédio é aquele que chega tarde demais. Aconteceu o mesmo com o 25 de Abril, que veio tarde e depois veio a bagunça do PREC. A Rússia aprendeu bem a má experiência da URSS e está a dar lições ao Ocidente, pela mão de Putin e de Medvedev conhecedores da experiência por que passaram, este disse: "a ingerência da burocracia em todas as esferas da sociedade impede o desenvolvimento da democracia, multiplica a corrupção e o niilismo jurídico".
Com as esperanças que muita gente alimenta a propósito das mudanças que Obama promete introduzir nos EUA, cantemos hossanas pela restauração da boa democracia e do início do bem-estar dos povos.
A humanidade há-de recuperar a sanidade mental que tem vindo a perder. Oxalá não se atrase muito.
A. João Soares
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