quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Lisboa cheira a... lixo

Um mal entendido entre os autarcas de Lisboa e os trabalhadores da Câmara responsáveis pelos serviços de limpeza da cidade está a transformar a cidade numa lixeira lesiva dos direitos dos moradores que estão habituados à recolha organizada de lixo desde a 1496, ano em que D. João III contratou homens para o fazerem.

Os moradores pagam as suas contribuições para isso e votaram na actual vereação para que esta defenda os seus legítimos direitos e actue de forma responsável para o bom funcionamento dos serviços municipais. Se houve desentendimento, os autarcas devem ser pessoas capazes de dialogar frontalmente por forma a ser obtida a melhor solução para os legítimos interesses dos contribuintes.

Os interessados poderão obter mais esclarecimentos no artigo do JN que se transcreve

Greve deixa Lisboa a cheirar mal
Ricardo Paz Barroso

Cerca de 4500 toneladas de resíduos esperam na rua ao fim de cinco dias sem recolha

Quatro dias de greve à recolha do lixo foi o suficiente para transformar Lisboa, que produz em média 930 toneladas de detritos por dia, numa cidade malcheirosa, com restos de comida e outras imundices em ruas comerciais e turísticas.

João Martins, 60 anos, dono da mercearia Morgadinha da Graça, sente bem na pele os efeitos dos quatro dias de greve dos cerca de dois mil trabalhadores da higiene urbana da Câmara de Lisboa.

O que perturba este merceeiro não é "apenas" o lixo acumulado nas ruas, impedindo passeios e emanando cheiros nauseabundos. É que João Martins, trabalhando sobretudo com hortaliças, frutas e carne, tem de guardar todo o lixo que a Morgadinha da Graça tem vindo a produzir nas duas carrinhas que possui. "Se o deitasse na rua, o cheiro piorava e a rataria logo infestaria o local".

É difícil constatar se todos os comerciantes tiveram o mesmo espírito de abnegação. Mas, numa ronda rápida pela cidade, facilmente se percebe que nem todos podem, ou estão dispostos, a usar a viatura própria para guardar o lixo enquanto dura a greve dos trabalhadores camarários, que hoje termina. Só amanhã é que deverá ser retomada a normalidade na recolha de resíduos.

Segundo os sindicatos (dos Trabalhadores do Município de Lisboa e também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local), a adesão à greve tem sido superior aos 90%.

Aos quatro dias de greve, soma-se o facto de não haver recolha de lixo ao domingo. Segundo os cálculos do JN, usando os dados disponíveis no site da Câmara de Lisboa (de 2006), o concelho de Lisboa - e os cerca de dois milhões de pessoas que frequentam diariamente a cidade - produz 930 toneladas de lixo por dia, ou seja mais de 340 mil por ano. Os primeiros registos de recolha organizada de lixo em Lisboa remontam a 1496, ano em que D. João III contratou homens para o fazerem.

Os trabalhadores da Câmara partiram esta semana para a greve por causa de uma eventual privatização dos serviços de limpeza na cidade. O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, garantiu que tal não vai acontecer e que a autarquia apenas pediu um estudo sobre a possibilidade de adjudicar a limpeza e varredura de ruas a uma entidade externa e só em duas zonas da cidade.

Os funcionários da higiene urbana ripostam pedindo a contratação de 200 cantoneiros e a compra de mais meios e equipamentos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aparentemente querem concessionar o Lixo a privados nos Olivais. NÃO CHEGA JÁ A MISÉRIA EM QUE TRANSFORMARAM OS JARDINS? RECORDAM-SE DOS ANTIGOS OLIVAIS NORTE E SUL? AGORA É SÓ MATO QUE SE LIMITAM A ROÇAR DE VEZ EM QUANDO. AS "CASAS DE JARDINAGEM" E OS JARDINEIROS DESAPRECERAM TODOS. E AS PISCINAS?!!!! TRISTEZA!

A. João Soares disse...

A Câmara , os autarcas, não se sentem responsabilizados pelo seu desempenho. Fala-se na avaliação dos professores, mas é preciso falar na avaliação dos políticos, governantes, deputados e autarcas.
Só querem poleiro com regalias e tempo de antena nas televisões. Querem impor a sua vontade por todos os meios aos que deles dependem. Os cidadãos que se lixem com o lixo à porta sem ser recolhido, por que não sabem dialogar com os trabalhadores.
Um abraço
João