Extraído do blog Sempre Jovens, onde foi publicado por Mariazita
Poema de Eugénio de Sá
Brasil 04/Jan/2008
Não há altares que valham, que se bastem
Nem d’Alah as bandeiras esverdeadas
Que o sangue é negro e corre p’las estradas
Não há mais cor que as orações resgatem.
Que céus são esses que a fumaça esconde?
Que estrondos colossais, que vil fragor,
Ofendem tanto a terra do Senhor
Que procura o amor, sem saber onde!
Ódios à solta atrás dos canhões
Meninos-homens, raivas sem idade
Chãos semeados só de humilhações.
Pasma-se o mundo de incredulidade
Esgrimem-se vozes, gritam-se razões
Mas estes chãos são de infertilidade!
NOTA: Este poema é um grito de alerta para a bestialidade da humanidade que pretende resolver os mínimos desentendimentos à pancada em vez de dialogar com argumentos racionais.
Que futuro está o homem a preparar para a sua espécie?
Que continue
Há 2 horas
8 comentários:
Bonito poema. Quando se fala de guerra só me lembro das Crianças e fico arrepiada com o seu sofrimento.
Clotilde
Cara Clotilde,
Realmente, o sofrimento das crianças ainda inocentes e sem culpas, é muito impressionante. Mas, com a guerra, toda a gente sofre, directa ou indirectamente, e os que mais protegidos estão dos seus malefícios, são os bafejados pelo Poder, os causadores dessas guerras, que as decidiram, sem primeiro terem tentado encontrar soluções pacíficas para as suas ambições de mais poder.
Beijos
João
O que mais me arrelia é saber que esta guerra que faz sofrer tanta gente está ao mesmo tempo a alimentar alguns!
O que mais me arrelia é nada poder fazer para intervir e por cobro a tanta "bestialidade".
Cara Luisa,
Todas as guerras enriquecem uma série de empresas que abastecem o esforço de guerra. As muitas variedades de armamentos e equipamentos são o produto acabado de uma série complexa de empresas industriais. Daí termos de desconfiar dos lóbis de tal indústria a empurrar os políticos para a guerra. Talvez sejam eles os principais culpados de não se enveredar pela solução pacífica de muitos conflitos de interesses.
Beijos
João
forte...
o mal é sempre o inocente que paga.
Caro Daniel,
É como diz. Quem ordena a guerra não se importa com as vítimas prováveis, ou mesmo certas, mas incógnitas. Não se trata de um pugilato entre os presidentes dos países em conflito.
A classe a que eles pertencem não tem sensibilidade humana de gente de bem. Se a tivessem, procurariam dialogar, senão directamente mas através de intermediários qualificados. Na nossa vida prática, de cidadãos, se tivermos um desentendimento com um vizinho e não conseguirmos negociar com ele, contratamos um advogado e este, com a outra parte ou o advogado desta, tenta chegar a um acordo, ou se não o consegue vai para tribunal.
Na vida internacional este esquema está a ser pouco utilizado. A ONU não é merecedora de crédito para isto. Foi este ano dado o prémio Nobel a um diplomata Finlandês por ter participado com êxito em muitos casos, que internos de Estados quer entre Estados vizinhos.
Será uma actividade a desenvolver.
O difícil é encontrar mediadores isentos e credíveis, respeitados por ambas as partes em conflito.
Um abraço
João
Estes conflitos territoriais que vão passando de geração em geração e alimentando ódios recíprocos e profundos, são sempre difíceis de compreender para quem está de fora.
Não duvido de que o negócio da guerra possa ser o mais lucrativo de todos.
A verdade é que nenhum dos dois contendores desiste de tentar eliminar o outro definitivamente.
Isto é terrível e muito difícil de tornear.
Oxalá pudesse encontrar-se uma saída diplomática.
Mas de cada vez que o tentam, surgem os radicais (de um ou de outro lado) a estragar algum progresso conseguido.
Se pensarmos que nas nossas aldeias continua a matar-se o vizinho por causa duns marcos de delimitação de terrenos...
Lindíssimo este poema que escolheu.
Abraço
Cara Ana,
Tem razão. A agressividade está demasiado arreigada nas pessoas. Mas não podemos perder as esperanças de que a civilização irá melhorar os procedimentos das pessoas e dos estados.
Mas o bom resultado não depende apenas dos contendores directos, mas principalmente dos poderes que estão por trás. Há interesses ocultos para isto continuar. O maior mal está aí.
Abraço
João
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