quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Combate ao crime violento

Combate à criminalidade violenta será prioritário em 2009
Lusa/SOL

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, salientou hoje que «o combate à criminalidade violenta e grave continuará a ser a prioridade da estratégia de segurança para 2009»

De acordo com o ministro, «oportunamente será apresentado o relatório de segurança interna, com todos os números pertinentes em relação à criminalidade, de forma séria e ordenada, bem como a estratégia e medidas para 2009».

Rui Pereira falava aos jornalistas à margem da inauguração da carreira de tiro de Águeda, onde sustentou não ter «sentimento de preocupação ou fazer previsões» sobre a criminalidade para 2009.

«Quero sim tomar medidas», disse.

O ministro escusou-se a comentar os receios manifestados publicamente, segunda-feira, pelo Procurador-Geral da República.

Pinto Monteiro afirmou, numa entrevista à Rádio Renascença, recear «um aumento da violência para o próximo ano, em consequência do desemprego».

«Portugal é um Estado de Direito que assenta no princípio da separação e interdependência de poderes, pelo que não peçam ao Ministério da Administração Interna que faça comentários aos tribunais, ao Ministério Público ou ao Procurador Geral da República porque não o fará!», afirmou o ministro.

Rui Pereira adiantou, no entanto, que foi identificada a criminalidade violenta e grave como primeira prioridade de combate em 2008, que se manterá em 2009, estando o governo empenhado em dotar as forças de segurança de condições para lhe dar resposta.
«Está em curso o concurso para a admissão de mais dois mil homens, mil na GNR e os outros mil na PSP», anunciou.

O ministro salientou ainda que houve um reforço em meios, nomeadamente a distribuição de cerca de 20 mil gloks e 10 mil armas a cada força de segurança, atribuídos, este ano, cerca de mil automóveis e construídas e remodeladas várias instalações.

Também houve, segundo Rui Pereira, o reforço de meios que permitem treinar incidentes táctico-policiais e tiro.

«Por isso a necessidade destas carreiras de tiro», frisou.

NOTA: Afirma que o combate a este tipo de crimes também teve a primeira prioridade em 2008, e o resultado foi o que se viu. A sua eficácia dependerá apenas do MAI ou também do MJ? Será que o povo ainda está receptivo a tais promessas de políticos? Agora esta promessa até promete ser «séria e ordenada»; a que se deverá o milagre? Se estes adjectivos já eram aplicáveis, porque se torna necessário usá-los agora? Depois das outras palavras não se compreende a razão de não ter «sentimento de preocupação ou fazer previsões» sobre a criminalidade para 2009. Porquê então a prioridade?
Convém tomar nota das razões apontadas para não fazer «comentários aos tribunais, ao Ministério Público ou ao PGR», quando se ouvem tantas críticas de governantes ao Tribunal de Contas ao PR, etc. Contradições?
Quando fala da «admissão de mais dois mil homens, mil na GNR e os outros mil na PSP», não diz quantos agentes saem por atingirem a idade da reforma, ou por incapacidade física, para se saber qual o saldo positivo.

5 comentários:

Ana disse...

O tão badalado concurso para admissão de 2.000 novos agentes já anda a ser anunciado desde antes do Verão, sabendo-se que nunca antes de 2010 poderá começar a saír a primeira fornada.
E, exctamente como o João sublinha, os que vão saír por motivo de aposentação vão ser quase tantos como os que vão entrar.

Tudo não passa, portanto, de conversa fiada.
Eu, que não sou admiradora de Mário Soares, reconheço-lhe toda a razão na chamada de atenção que fez num destes dias.

Este ministro continua a parecer-me um erro de casting...

Abraço e desejos de bom ano.

A. João Soares disse...

Querida Ana,
Este ministro não parece realmente grande espingarda (para usar um termo correspondente à alusão dele às novas e discutidas pistolas!). Mas, infelizmente para Portugal, há muitos outros erros de casting na escolha dos actuais ministros: Justiça, Saúde (o substituído e a actual), Obras Públicas (engoliu o jamais), Educação (engoliu a TELEBS e, em vez de estimular os professores quis destruir-lhes o ânimo), Defesa (a bronca com os ex-combatentes deficientes e com os militares em geral), Economia (com repetidas atitudes discutíveis), Finanças (com o lançador de fumaça permanentemente activo), etc.
Com estes servidores da Nação - assim deviam considerar-se - os portugueses não podem ter grande esperança de ser mais felizes em 2009.
Beijos
João

Anónimo disse...

A criminalidade precisa de um combate implacável

Os partidos de esquerda desculpam sistematicamente a criminalidade com o a pobreza e o desemprego. Parece terem receio de uma atitude mais enérgica na luta contra o crime. Será que ficaram traumatizados desde os tempos do fascismo? Esta postura está a desorientar o seu próprio eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Assim, os partidos de esquerda têm muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime. Barack Obama que prometeu ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece que isso seja incompatível.

Há 50 anos a pobreza em Portugal não era menor que a de hoje e a criminalidade violenta era praticamente inexistente. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. As estatísticas nem reflectem a nossa realidade porque muitas vítimas já nem se queixam porque sabem que os criminosos são rapidamente postos em liberdade, mesmo quando são capturados e depois ficam sujeitos a represálias. Mela mesma razão, vítimas e testemunhas escondem a face quando são entrevistadas pela televisão.

Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável. Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade.

A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor ) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.

Esta política errada está a atrair ao nosso país a criminalidade europeia (e não só), que se apercebe dos nossos cada vez mais "brandos costumes", daí a não ser estranho que quase metade dos condenados sejam estrangeiros.

Dificultar a obtenção de uma licença de porte de arma não tem qualquer efeito sobre os criminosos violentos. Quem acredita que eles tiram uma licença de porte de arma e a compram num armeiro legal? Não! Compram-na nos mercados do submundo do crime e muitas delas são até superiores às das polícias. O tempo em que os delinquentes faziam sobretudo uso de armas furtadas já lá vai, por isso dificultar a obtenção de uma arma legal serve para o criminoso se sentir mais seguro e impede a autodefesa da vítima, que pode sentir arrombarem-lhe a porta e nada poder fazer porque não tem com que se defenda. Há um ditado americano que diz: "mais vale ter uma arma e nunca precisar dela do precisar de uma e não a ter".

Enquanto isto acontece os nossos políticos vão desviando a atenção dos portugueses da realidade criminal do país: ora falando da "Violência Doméstica"; ora do número de detidos por "Excesso de Álcool relativamente ao permitido por lei"; ora da "Violência contra as crianças"; ora do problema da "Pedofilia"...


Zé da Burra o Alentejano

A. João Soares disse...

Caro Zé da Burra,
Isto não é um simples comentário, mas sim um texto de análise profunda de um problema que aflige os portugueses. É uma boa norma da arte de educar que a disciplina é ensinada com bons modos pela convicção. Mas, quando tal método não é eficiente, dada a dificuldade dos mariolas aprenderem, então tem de entrar a repressão. Se a cenoura não funciona, tem de ser usado o chicote. Vou pensar colocar este texto num post porque merece mais visibilidade do que a proporcionada como comentário.
Um abraço
João Soares

Anónimo disse...

Um abraço!

Zé da burra o Alentejano