Fala-se novamente muito de regionalização. Não custa a crer que os problemas regionais, principalmente do interior, poderiam ser melhor resolvidos pelo poder local.
Sê-lo-iam se os autarcas conseguissem respeitar prioridades inspiradas no interesse das populações em geral, sem favoritismos para os mais influentes da região incluindo os ligados ao poder local. Não parece haver uma entidade que controle as actividades das autarquias e que os autarcas sejam sancionadas pelos seus actos.
Gosto de aqui referir bons exemplos de autarcas conscientes do seu papel de bem gerir os interesses da região sob a sua jurisdição, pensando mais nas pessoas com mais fragilidades do que no material de ostentação ou de propaganda.
Mas também não posso deixar passar sem uma citação notícias escandalosas como a agora noticiada «Câmara pagou viagem e 38 autarcas visitaram Paris». Não conheço nem sei quem é o presidente da Câmara de Penafiel. Uma comitiva de 38 presidentes de juntas de freguesia aterrou em Paris para apresentar votos de Ano Novo ao autarca de Sainte-Geneviève-des-Bois, cidade dos arredores geminada com Penafiel. Segundo o DN, o vereador da câmara assume que os voos custaram 14 886 euros e diz que este valor "não pesa no orçamento".
Mas, certamente, esta importância resultante das contribuições dos munícipes seria mais útil noutras aplicações em benefício da melhoria das condições de vida da população.
E pergunto: Quem controla os desmandos e exageros dos autarcas? Quem será condenado a repor as importâncias esbanjadas em interesses menos dignos?
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Para que serve o dinheiro público
Posted by A. João Soares at 10:56
Labels: abusos, autarquias, dinheiro público, regionalização
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6 comentários:
Concordo.
Até aceitava a regionalização se existisse um controlo efectivo sobre toda a roubalheira que anda por ai-
Caro Daniel Santos,
Sem dúvida que era de aceitar, se nos comportássemos como país de gente civilizada e honesta, porque cada cidadão tinha perto os responsáveis por resolver os problemas. Mas o caciquismo e a irresponsabilidade impediriam as virtudes e dariam rédea solta aos defeitos que são muitos.
Um abraço
A. João Soares
Caro João Soares
Só quem pertença a um "povo superior" é que acredita na bondade das regionalizações. Os exemplos da Madeira e dos Açores são paradigmáticos. É um esbanjar de dinheiro. Para "governar" umas escassas centenas de milhar de habitantes, deram tachos chorudos (em governos regionais, parlamentos e afins) a um número escandaloso de parasitas que nada mais fazem do que sugar os nossos impostos.
É bom não esquecer que Portugal tem menos habitantes do que muitas cidades por esse mundo fora. Já nos basta aturar um Governo e uma AR demasiado volumosas para as necessidades. Se, em todos os sectores se procedem a despedimentos para rentabilizar as empresas produtivas, vai sendo altura de despedir metade dos deputados e governantes para ver se isto começa a funcuinar.
É tempo de citar o grande Voltaire: "écrasons l'infame".
Caro Vouga,
Até parece o monopolista do bom senso!
Se fôssemos um povo de gente civilizada e honesta, talvez se aceitasse!
A corrida aos tachos e o favorecimento dos amigalhaços é a regra. Urge seguir o conselho de Voltaire. Mas os decisores actuais não querem matar a galinha dos ovos de ouro. Só o decidirão se virem a ponta da «naifa» perto do coração. Estamos a caminhar para isso. Já houve um aviso com o assalto à casa do ministro Mariano Gago. Parece que não estamos a seguir o erro de pontaria dos Gregos que prejudicaram os inocentes já sufocados pelo mau Governo.
Um abraço
A. João Soares
Não existe nenhuma das razões das que levaram outros países á regionalização, nem ela é panaceia para curar a corrupção nem o comportamento dos políticos. Bem pelo contrário, só poderia servir para criar mais tachos e tachinhos e tudo o que vai com eles. Se se quer fazer justiça para as regiões – que bem falta faz – pode implantar-se um senado em que cada região teria um ou dois senadores, muito mais barato e de longe mais eficiente. Eles zelariam pela distribuição dos bens pelo país, que nalgumas regiões se tornaram um autêntico assalto ao tesouro (como na do Porto, que tudo engole), enquanto outras não têm fundos para passarem da cepa torta (como no Alentejo, em que as faltas se multiplicam de ano para ano).
Caro Mentiroso,
Concordo inteiramente com os seus argumentos,
Regionalização aliada ao compadrio, seriam a sentença de morte desta País. A maior parte dos portugueses seria constituída por funcionários a viver do dinheiro dos impostos. Quem ficaria de fora para lhes pagar? Só os que não lambessem as botas aos Poderosos. Sem civismo, sem honestidade, com muita corrupção, Portugal, com a regionalização não poderia sobreviver mais do que uns pares de anos. Os novos ricos da política fugiriam para o estrangeiro logo que aparecesse uma denúncia e só ficariam os pedintes sem dinheiro para a viagem para atravessar a fronteira.
Um abraço
A. João Soares
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