Costuma dizer-se que «no bom pano cai a nódoa», mas no caso referido neste artigo do Correio da Manhã, será necessário demonstrar que se trata de bom pano!
Sinto muito
Rui Rangel, Juiz desembargador
Sinto muito, mas a entrevista dada ao ‘Expresso’ por Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, não pode deixar ninguém indiferente, muito menos os senhores jornalistas. Mas, mais uma vez, a única voz que se ouviu foi a do silêncio. Não sei se foi por terem medo deste ‘patrão’, se foi por subserviência ou falta de consciência profissional e social.
A transparência e a qualidade da Democracia exigem mais destes actores que exercem uma profissão que, sendo nobre, não pode ficar condicionada na sua actividade nem ‘algemada’ no seu espírito crítico. O que se passou foi grave aos olhos do Estatuto dos Jornalista e das legis arte desta profissão, não tanto pela substância da entrevista, que não trouxe nada de novo, mas pela circunstância do entrevistado se ter dado ao luxo de vetar a presença de um jornalista do ‘Expresso’. O direito de informar e de ser informado, em suma a liberdade de expressão, mereciam mais respeito de Azeredo Lopes, quer enquanto cidadão, quer, sobretudo, enquanto presidente da Entidade que regula este sector.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que foi politicamente santificada e que pretende ser um poço de pureza ética, não pode dar este mau exemplo. Nesta fotografia, a preto e branco, todos ficaram mal vistos. Ficou mal visto Azeredo Lopes, que, embora tendo direito à palavra, era a última pessoa a ter o direito de escolher os jornalistas que iam fazer a entrevista (só faltou escolher as perguntas). Se já havia dúvidas sobre as qualidades e a eficácia do funcionamento regular desta instituição a que preside Azeredo Lopes, ao recusar falar com um jornalista, demonstrou que não acredita na regulação nem no seu papel. O direito à palavra nada tem que ver com a escolha dos jornalistas para uma entrevista.
A isenção e a independência que deveriam ser salvaguardadas pela ERC, ficaram à porta com o jornalista vetado. Ficou, igualmente, mal vista a jornalista do ‘Expresso’, Rosa Lima, que aceitou fazer o frete imposto pela sua direcção e conduzir a entrevista sozinha, sabendo que o seu colega de profissão, tinha sido ‘escorraçado’. Seria bom, antes de mais, ler o seu Código Deontológico, para ver se andou bem e se não foram violados os mandamentos da sua profissão. Também ficou mal visto o ‘Expresso’ que, com uma justificação irresponsável e absurda, aceitou fazer este ‘servicinho’. No fundo, o ‘Expresso’, Azeredo Lopes e Rosa Lima estão bem uns para os outros.
Momento cultural
Há 3 horas
2 comentários:
Se Portugal fosse realmente um estado de direito e não uma simples paródia ridícula disso mesmo, é óbvio que os políticos não encontrariam necessidade de o repetir sem parar. Quanto mais o repetem mais demonstram que não o é.
Com o combate ao crime não é muito diferente. Como ele é imprescindível por fazer parte da justiça num estado de direito, a sua afirmação nesta altura em que a miséria cresce a olhos vistos equivale a afirmar que o governo se vai ocupar de combater a miséria desse modo que toma como o mais adequado.
Caro «Mentiroso»
O nosso Governo, saído de um povo mal preparado, a resolução dos problemas graves parece que seguir o exemplo de um mau jardineiro ou agricultor que, para eliminar as plantas daninhas, infestantes, se limita a aparar-lhes os ramos, em vez de as arrancar, pela raiz.
Os governantes, apesar de serem «apoiados» por incontáveis assessores que os contribuintes pagam a preço de ouro, carecem de capacidade para analisar seriamente os problemas até às causas, para eliminar estas.
Deviam seguir um método semelhante ao preconizado no post Pensar antes de decidir, a fim de irem direitos à solução dos problemas em vez de perderem recursos com jogos florais que nada resolvem e entretanto a situação agrava-se. O que se passa quanto ao crime, acontece também nos acidentes rodoviários.
Um abraço
João
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